Uma coisa que os natalenses mais gostam de fazer é expressar as suas gírias peculiares. Algumas são comuns em outros estados do Nordeste, como “oxe” ou “oxente” (reza a lenda de quando os americanos vieram à Natal na Segunda Guerra e diziam “Oh Shit”, os natalenses entendiam “Oh, Gente”) e “Vixe” (Variação de “Virgem Maria”).
Outras surgiram ao longo do tempo, como arrodeio, homi (versão carinhosa de “Homem”), galado (parecido com o significado da palavra “foda” ou “escroto”, dependendo do contexo. Apesar de que vem de gala, que é a forma chula de dizer esperma), boy (qualquer pessoa ou paquera, tipo cara), bixiga (se referir a “coisa”), resenha (novidade), fuderoso e dentre outras expressões natalenses.
Um diálogo comum de um natalense:
“Boy, ontem eu fui para um resenha na casa de Maria. Aí fiquei conversando com uma boyzinha e a gente começou a se pegar. Então, chegou o Mário, aquele galado, começou a me sacanear. Oxe, comecei a achar estranho o fato dela arrodear e ficar me enrolando. E eu não tinha entendido bixiga nenhuma do que ela estava querendo fazer. Boy, era umas três da manhã e ela tinha ficado com Mário. Quando vi, vixe aquele galado furou meu olho. Aí André, aquele galado, me apresentou uma outra boy, e o encontro foi fuderoso, apesar da gente não ter coisado. Ela gosta das mesmas coisas que eu e combinamos de ir ao Carnatal”.
Isto foi baseado em várias conversas com amigos meus sobre um ocorrido numa das resenhas existentes em Natal. Tanto que quando vou viajar para outra cidade ou entrar em contato com alguém que não é do Nordeste, as gírias natalenses se manifestam e começo a falá-las sem parar.
Quando trabalhei numa assessoria, por exemplo, e tive que ajudar um grupo de jornalistas cariocas a circular por Natal, eu ganhei o apelido de “boyzinha”, por falar muito esta palavra para se referir “aquela menina”.
Tem dias que meu espírito natalense baixa em mim, que a cada 15 palavras, 22 são as gírias natalenses, principalmente a expressão “Boy”. Em um recente diálogo com minha mãe: “Boy, estou com muita cólica, parece que o satanás queria atrapalhar os meus planos neste fim de semana. Essa bixiga”.
Como o Brechando não é besta, conversei com alguns cidadãos para falar qual é a sua gíria favorita “Made In Natal”.
Confira:
“”Homi” é muito prático e legal pra começar frases”, Daniel Barros, publicitário.
“Galado e boy, porque elas descrevem milhões de coisas ao mesmo tempo”, Sérgio Leonardo, estudante.
“Galado. Porque, além de original, é uma palavra híbrida que, dependendo do contexto, serve pra exaltar ou xingar o interlocutor. (risos)”, Gustavo Guedes, jornalista.