Era um hotel no bairro da Ribeira, zona Leste da cidade. Atualmente fica a sede do Juizado Especial da Comarca de Natal. Começou a operar em setembro de 1939 sob a gestão de Theodorico Bezerra, famoso político do Rio Grande do Norte que faleceu em meados da década de 1990.
De acordo com o blog Tok de História, no final da década de 1930 a capital potiguar contava com cinco hotéis de pequeno porte, que naquela época eram de propriedade de Theodorico Bezerra. Todos ficavam na Ribeira, com o Internacional, Avenida, Palace e o Hotel dos Leões, que fica no cruzamento da Avenida Tavares de Lira com a Rua Doutor Barata.
Naquele período, algumas empresas aéreas começaram a utilizar Natal como escala em viagens entre a Europa e a América do Sul. Portanto, a cidade precisava de um hotel moderno e amplo. A partir de 1935 começou o projeto do Grande Hotel, desenvolvido pelo Governo do Estado. Quatro anos depois, a construção ficou pronta e foi arrendado por Theodorico Bezerra.
O pavimento térreo abrigava um grande hall de entrada, café, bar, duas lojas, administração, barbeiro e salão de visitas; á frente da entrada principal, banheiros, salas de bagagens, cozinha, além de uma área coberta, que servia como intermédio entre os espaços externo e interno do hotel.
O primeiro andar – para o qual se subiria através uma de duas escadas principais, uma das duas de serviço, ou um de dois elevadores –, conteria no volume principal um salão central, com passagem para uma grande varanda, 24 quartos comuns e 10 quartos maiores, quatro banheiros (com múltiplos chuveiros em cada um), refeitório, banheiro e dormitórios.
No anexo estavam dormitórios e banheiros para funcionários. Os pavimentos-tipo (segundo e terceiro andares) conteriam 27 quartos comuns e 10 quartos maiores, e quatro banheiros, além do salão com varanda semicircular, cada um. No volume posterior estaria um mezanino com vista para o salão de jantar. Seriam, ao todo, 108 quartos.
O local ficou conhecido por abrigar os soldados norte-americanos que ficaram em Natal durante a Segunda Guerra Mundial. Eles pagavam a hospedagem em dólares.
Além disso, grandes figuras da sociedade brasileira se hospedaram no Grande Hotel, inclusive os presidentes Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas, e autoridades militares, como Cordeiro de Farias e Mascarenhas de Morais.
O fim do Grande Hotel começou com a construção do Hotel Reis Magos, símbolo de uma nova tendência de hotelaria na cidade, que já falamos por aqui no Brechando.
Apesar de todos os esforços, o hotel não pôde resistir a decadência da Ribeira enquanto centro comercial de Natal. Na década de 1980, enquanto os hotéis da Via Costeira multiplicavam-se, o velho hotel da Ribeira se esvaziava. Em 1987, o único morador do hotel era Theodorico Bezerra. Estava cansado da hotelaria e disposto a entregar o velho Hotel às mãos do governo e de dedicar-se às suas fazendas.
Ao ser entregue ao Estado, o prédio do extinto Grande Hotel tornou-se a sede da EMPROTURN (Empresa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo do Rio Grande do Norte).
Em fevereiro de 1989, com a decisão do Estado de destinar o prédio ao uso do fórum para o Tribunal de Justiça do Estado. As reformas com o fim de abrigar o Tribunal de Justiça incluíram a demolição de algumas paredes e fechamento de outras; o antigo refeitório foi coberto por um forro e a balaustrada do mezanino foi fechada com uma parede; outros ambientes foram separados por divisórias.
Aparelhos de ar condicionado apareceram nas fachadas do antigo Grande Hotel, obscurecidas também pelas grandes árvores que haviam crescido na calçada, à sua frente. As esquadrias foram restauradas, mantendo-se seu aspecto original.
Em Dezembro de 1991, o Grande Hotel foi tombado como patrimônio histórico, a nível estadual. Em 2001, o Fórum de Natal foi transferido para uma sede própria, e no ano seguinte foram instalados no prédio do antigo hotel os Juizados Especiais Cível e da comarca de Natal.