Há oito meses, fiz uma matéria sobre o Encontro Nacional da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), no qual várias mulheres se reuniram em palestras e reuniões para discutir as questões da lesbianeidade. Apesar de abordar diversos assuntos, como racismo, misoginia e machismo, todas as participantes falam a mesma frase: ser mulher é difícil na sociedade, mas ser lésbica é ainda mais. Umas das coisas que mais me chamou atenção foi uma dinâmica, no qual cada uma das participantes deveria se apresentar à boneca Maria e contar um pouco de sua história de vida. Apesar das diferentes classes sociais e cores, todavia, elas tinham algo em comum: sofriam com o machismo, sem contar com a misoginia e lesbofobia.
Algumas contaram que sofreram os mais diversos tipos de abuso. Assumirem que são donas do próprio corpo e escolher como quer namorar não é uma tarefa fácil e, de cabeça erguida, elas conseguiram.
Como uma forma de discutir sobre a invisibilidade lésbica, chamamos a antropóloga Jainara Oliveira, que pesquisa sobre a saúde sexual das mulheres bissexuais e homossexuais. No ano passado, ela lançou o livro “Prazer e risco nas práticas homoeróticas entre mulheres”, da Coleção Ciências Sociais da Editora Appris, que foi resultado de seu mestrado no Programa de Pós-Graduação e Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A pesquisa retrata o perfil das mulheres que se relaciona com outras mulheres na região Nordeste. Atualmente, Oliveira faz doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
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Apesar de falar nas mídias sociais, seriados e outros elementos da cultura pop, ser lésbica ainda é invisível ou é cultuado como um objeto de desejo sexual dos homens. Basta pesquisar a palavra “Lésbica” no Google que a primeira página está com diversos links relacionados à pornografia. A cada 24 horas, um LGBT morre. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), grupo atuante no combate ao preconceito, o ano de 2016 foi o mais violento desde 1970 contra pessoas LGBTs. Para as mulheres lésbicas, a invisibilidade ainda é maior, pois além da homofobia, elas ainda enfrentam a sociedade patriarcal. Os dados foram divulgados no início deste ano.
Para retirar o estereótipo e mostrar que a mulher lésbica pode tudo, inclusive fazer festa na Ribeira, o Espaço Cultural ABOCA fará a edição de maio do Movimento n’Aboca sobre o assunto. A festa acontecerá na próxima segunda-feira (15), a partir de 18 horas e trará como tema a Identidade, Visibilidade e Representatividade de ser lésbica.
Essa representatividade será através da música, das artes cênicas, visuais e também no audiovisual “Queremos mostrar que existem mulheres poderosas nos vários segmentos artísticos da cidade. Na discotecagem, por exemplo, teremos a presença de Vitória Real, Pipa Dantas e Amanda Lisboa, as duas primeiras citadas são da série Septo, que trata deste tema”, afirma a produtora executiva da ABOCA Cultura, Bárbara de Melo.
O audiovisual promove a exibição do filme Ília, das diretoras Moniky Rodrigues e Dhara Ferraz. Além de exposição de Karla Farias e Iasmin Alves.
Poesia, entretenimento e música, com Joice Folha, performance da Drag Queen Rivka Bardo e a cantora Ângela Castro cantando os clássicos de Cássia Eller e o duo Red & Blue. Ainda terá um karaokê massa.
A comida ficará por conta de Guga Medeiros, trazendo o conceito de comida consciente para quem for ao Movimento N’ABOCA.
Serviço:
MOVIMENTO n’ABOCA CULTURAL MAIO.
Tema: Edição Lésbica (Identidade, visibilidade, representatividade)
Onde: ABOCA Cultural (Rua Frei Miguelinho, 16, Ribeira)
Data: Segunda-Feira (15/05/2017)
Hora: 18h às 23h
Informações: abocacultural@gmail.com
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