Muita gente fala de Felipe Camarão, mas poucos esquecem de falar da companheira do índio potiguar, a Clara. Sabia que ela foi uma das percursoras do feminismo no Brasil? Nós já falamos de Dandara dos Palmares e a é a vez agora de falar uma índia revolucionária. Não se sabe quando nasceu e muito menos a data de sua morte. Sabemos que ela vivia na Aldeia de Igapó, que ficara nos arredores de Natal.
De acordo com os historiadores, ela nasceu na metade do século XVII. Assim como muitos indígenas, ela foi forçada a ser catequizada pelos padres jesuítas e mudou seu nome para Clara. Isso também aconteceu com o seu marido, o Filipe.
Ao contrário das mulheres indígenas, ela não gostava dos afazeres domésticos e era o braço direito de Filipe Camarão (muitas publicações escrevem como Felipe). Dominava o arco e a flecha, a lança e o tacape. Montada a cavalo, investia contra as espadas e os arcabuzes do inimigo. Como não podia lutar lado a lado com o marido, proibição imposta pelos costumes tribais, formava um pelotão de índias potiguares sob seu comando.
Historiadores ainda apontam que a índia tinha uma valentia incrível, afrontou todos os perigos, castigou por muitas vezes o inimigo e penetrou nos mais cerrados batalhões. Ao passo que combatia, exortava os soldados a cumprir os seus deveres, prometendo-lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-la.
Juntos, eles lutaram com os portugueses contra a invasão holandesa no Rio Grande do Norte e também em outras regiões do Nordeste, como Alagoas e Pernambuco. Na cidade de Porto Calvo, por exemplo, ela liderou o batalhão de guerreiras nativas para acabar com os holandeses.
Por falar nesta batalha de Porto Calvo, as tropas do príncipe Maurício de Nassau já haviam incendiado Olinda, quando Clara Camarão, à frente de índias potiguares, combateu os holandeses com uma bravura que não conhecia limites. A primeira batalha dos Guararapes, em 1648, decisiva para a vitória das tropas luso-brasileiras contra os holandeses, foi a última em que Clara Camarão participou ao lado do marido.
Nesse episódio, o general flamengo Arciszewski registrou que, em 40 anos de combate em campos da Europa, somente um inimigo, o índio Felipe Camarão, conseguira abater o seu orgulho. O bravo Poti, capitão-mor dos índios do Brasil, morreria de malária, em Pernambuco, meses depois dessa batalha.
Clara Camarão recolheu-se à viuvez e ao anonimato.
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