Andando pela parada de ônibus no shopping Midway, vemos um grupo de pessoas que circulam e vendem suas artes. São colares, pulseiras e brincos feitos a mão. Uns são moldados na prata, outros com aço e alguns com pedra de enfeite. Quem pensa que estão lá por não ter nada para fazer, está enganado. Os jovens matam um leão por dia com a intenção de mostrar que sua arte possui valor.
É o caso de Juliana Coutinho, hippie assumida e fã da arte que trabalha. Paraibana, escolheu há 16 anos morar em Natal, após a mãe ter conseguido um emprego. Com vestido pintado no tie dye, pulseira de arame no braço e uma tremenda simpatia, ela vende o seu trabalho em vários cantos.
“A vantagem de trabalhar na rua é fazer o meu próprio horário e estou sempre ganhando dinheiro na hora, não fico esperando o final do mês. Consigo pagar o aluguel (ela mora em uma casa na zona Norte da cidade) e sustentar os meus filhos”, comentou.
Juliana Coutinho contou que não é estressante, consegue fazer amizade com as pessoas que andam nas vias, praias ou numa feirinha. A hippie também consegue ter clientes e sempre recebe encomendas. “Você pode levar o seu trabalho em qualquer lugar”, enfatizou.
Entretanto, Juliana comentou que existe alguns problemas em trabalhar na rua. “Hoje em dia o artesanato não é valorizado, as pessoas acham que é muito caro. A galera está desvalorizando muito”, lamentou. Sem contar que já teve problemas por vender sua arte na rua. “Uma vez em Ponta Negra, a gente tem costume de vender os seus objetos lá, assim como os outros hippies, um dia chegou o carro da prefeitura e tomou todos os nossos objetos e quebrou tudo que tinha”.
Coutinho deu ênfase que existe uma diferença entre camelô e artista de rua. “Uma lei federal protege os artistas de rua. A Prefeitura disse que a gente pode expor, mas não vender. Mas, se um artista não vender o quadro; ele não vai ter grana, né? Isso é parecido com a gente. A gente trabalha com artesanato, mas somos artistas de rua”, comparou.
“Isto é um artesanato. Ser hippie é ficar feliz, não estar mal-humorado o tempo todo, levar a sua arte para as pessoas conheceram e ensinar o pouco que você sabe. Tem gente que fica aqui comigo e passa horas conversando. Alguns acham que somos desocupados, mas não somos”, contou.
A partir da quinta-feira, Juliana vem ao Midway, onde mostra os seus colares, pulseiras e filtros dos sonhos, que são estrategicamente colocados nas palmeiras próximas do seu ponto de venda.
“Faz mais de 13 anos que trabalho com a arte. Desde pequena sempre tive uma paixão por artesanato e a minha família gosta do artesanato. Então, eu comecei a aprender e fazer. Inicialmente, comecei com colar de miçangas, depois fui para macramê e em seguida foi o arame”, afirmou.
Coutinho comentou que o trabalho mais difícil é o macramê, pois trabalha com vários pontos. É uma técnica que as pessoas tecem os fios sem nenhum utensílio.
Além disso, ela faz trabalho de pulseiras com durepox. Ao ser questionada se alguns de seus filhos tem interesse em fazer a arte hippie, ela prontamente respondeu, de forma orgulhosa: “Minha filha de 12 anos já faz alguns trabalhos em macramê. Veja essas pulseiras daqui, foi ela que fez”.