Sim, o presidente Café Filho foi um dos fundadores do time verde e branco de Natal. Após o surgimento do ABC e América, um grupo de rapazes formado por Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Solon Andrade, José Firmino, Café Filho, Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinoco, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino resolveram criar um terceiro clube de futebol na capital potiguar.
O nome seria Alecrim, pois o encontro era na casa de Solon Andrade no bairro de mesmo nome, que ficava próximo da Igreja São Pedro. A ideia inicial, que motivou a fundação do clube esmeraldino, tinha como objetivo principal ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem. Eles foram matéria no jornal A República em 1916, visto que os integrantes do time criaram uma escola noturno para ajudar a erradicar a analfabetismo do bairro.
Além disso, na época, jogadores e torcedores de ABC e América de Natal faziam parte da elite da cidade, enquanto o Alecrim FC era composto basicamente de negros e descendentes de índios, o que os expunham a todo tipo de preconceito, que aliás, era muito comum no início do desenvolvimento do esporte bretão em nosso país.
Café Filho era o goleiro do time e não tem algum registro dele atuando no futebol, mas já tinha ambições políticas. Deixou de atuar nos gramados em 1919. 15 anos depois, no ano de 1933, ele fundou o Partido Social Nacionalista (PSN) do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais tarde, integrou o Partido Social Progressista de Ademar Pereira de Barros. Em 1934 e 1945 foi eleito deputado federal.
Nas eleições de 1950, o governador de São Paulo Ademar de Barros impôs o nome de Café Filho à vice-presidência como condição de apoiar a candidatura de Getúlio Vargas. Getúlio resistiu pois o nome de Café Filho desagradava os militares e a igreja católica, visto que denunciou o Plano Cohen como uma tapeação militar para legitimar a ditadura do Estado Novo. No parlamento fazia campanha contra o cancelamento do registro do Partido Comunista do Brasil (PCB), além de ser defensor do divórcio.
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) acabou formalizando ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o nome de Café Filho como vice apenas na data limite do registro eleitoral. Mesmo companheiro de chapa, Getúlio nunca confiou em Café Filho. Nas eleições de 1950 a escolha do vice era desvinculada do presidente. Mesmo assim, Café Filho foi eleito vice-presidente com uma diferença de 200 mil votos para o segundo colocado, Odilon Duarte Braga da União Democrática Nacional (UDN).
Com o suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954, assumiu a presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955. Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais comandadas pelo economista Eugênio Gudin.
Em novembro de 1955 foi afastado da presidência por motivos de saúde, assumindo em seu lugar o presidente da Câmara, Carlos Luz, este deposto por tentar impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek.
Filho faleceu na década de 70, quando o Alecrim ficou conhecido como “o vingador” do futebol do Rio Grande do Norte, pois os times de outros estados quando vinham a Natal ganhavam de ABC e América de Natal e perdiam para o esquadrão esmeraldino.
Deixe um comentário