O professor Kassio Michell Gomes de Lima, professor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e há sete dias seu artigo sobre câncer de próstata foi publicado na revista Nature, uma das mais importantes sobre pesquisa científica. O título é “A biospectroscopic analysis of human prostate tissue obtained from different time periods points to a trans-generational alteration in spectral phenotype”.
Em português significa: “Uma análise biospectral do tecido da próstata humano obtido a partir de diferentes períodos de tempo aponta para uma alteração trans geracional no fenótipo espectral”. A revista tem uma seção em seu site que só publica artigos científicos de diversos pesquisadores do mundo.
Ele e pesquisadores da Universidade de Lancaster e dos Central Lancashire Teaching Hospitals, do Reino Unido, fizeram a análise espectroscópica de amostras humanas do tecido da próstata, coletadas de 1983 a 2013, e detectaram a progressão dos marcadores biológicos associados ao desenvolvimento do câncer de próstata. O artigo resultante foi publicado na conceituada revista científica Nature.
O professor tem pós-doutorado no Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) em Barcelona, na Espanha. Em 5 anos como pesquisador publicou 48 artigos em periódicos indexados, 1 livro, 2 capítulos de livros, 3 patentes e apresentou mais de 38 trabalhos em congressos. Além disso, ele orienta dois grupos de pesquisa.
O objetivo era provar um dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual apontou que 1,1 milhão de casos diagnosticados de câncer de próstata em 2012, quase 70% o foram em regiões mais economicamente desenvolvidas. Isto poderia indicar uma associação entre a incidência da doença e o estilo de vida ocidentalizado.
Foram coletados 156 espécimes do tecido de pacientes submetidos à cirurgia de ressecção transuretral (RTU) de próstata para tratar o aumento benigno da glândula. Todos eram caucasianos de origem britânica e tinham de 60 a 69 anos. As amostras estavam livres de câncer.
As principais alterações detectadas pelo estudo foram na região de informação do DNA e do RNA, relacionadas ao metilação (termo usado em ciências químicas para denominar a ligação ou substituição de um grupo metila sobre vários substratos) de genes. A demetilação global do genoma em paralelo à hipermetilação de alguns genes supressores de tumor está associada ao desenvolvimento da doença.
Mudanças de estilo de vida nos últimos 30 anos que podem estar associadas ao câncer de próstata abarcam dieta e atividade física, obesidade, diabetes, hipertensão, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Um aprofundamento da pesquisa na área pode ajudar a identificar hábitos que podem ser ajustados para prevenir a doença.
Os pesquisadores conduziram experimentos com as amostras usando técnicas de espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier e reflectância total atenuada (ATR-FTIR), espectroscopia Raman e imuno-histoquímica. A análise computacional da extensa base de dados resultante foi feita por Kássio Lima.
O artigo completo, em inglês, pode ser visto neste link.