Quando chove em Natal, muitas pessoas gostam de ficar em casa, todas as festas são canceladas e ninguém quer sair de casa, mesmo para ir ao local que seja todo coberto. Este final de semana foi dessa seguinte forma.
Festas em Natal? Ela são poucas. Mas, quando tem, os natalenses possuem várias opções. Pode ser que uma seja até ruim, mas sempre haverá uma estória ou causo, podendo acontecer contigo ou aquele amigo de um amigo seu. Mas não importa. Uma festa boa ou ruim sempre haverá um espaço na minha memória afetiva. Essa que aconteceu no final de semana podemos dizer que sim.
Era uma sexta-feira a noite quando resolvi ir para uma festa dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O tema era: Aula Extra do Seu Dionísio. Não sei se era uma pessoa de verdade ou para o Deus da sacanagem e do vinho. Mas, eu sei que a festa teve. Inicialmente, a mesma seria no Departamento de Artes, que fica na Av. Senador Salgado Filho. Muita gente, todavia, confirmou bastante a presença e o seu brilho, que resolveram mudar para o pátio do Laboratório de Comunicação, o meu querido Labcom, e terminou no setor 1.
Após comer uma pizza, eu fui para a universidade. Apesar de já ter recebido o famigerado diploma de jornalismo, eu nunca cortei o cordão umbilical da universidade. Tanto que pretendo voltar a estudar lá, no mestrado ou uma segunda graduação. Um amigo meu chegou a estranhar o fato de ter falado isso quando cheguei a cerimônia, que estava alguém discotecando e ao mesmo tempo fazendo umas performances muito loucas. Parecia que tinha mais gente do que na festa da semana passada, pois tinha carro até em cima da rotatória que fornece acesso à reitoria.
Apesar do funk e das batidas eletrônicas, as pessoas estavam querendo fazer três coisas: beber, se pegar ou caçar Pokémon. Me contaram que tinha um Snorlax circulando no CCSA. Tentei capturar, mas eu não consegui. Calma, leitor, eu não cheguei a ficar problemática por conta do joguinho. Era porque a música não fazia o meu gosto.
Volto para a festa, encontro mais pessoas, começo a conversar sobre qualquer besteira, incluindo sobre Dota 2. Começa a chuviscar. Nada de mais. Vamos ficar na sombra. A chuva parou. Vamos voltar ao pátio do Labcom? Beleza, nós voltamos ao Labcom. Estava tocando alguma coisa mais legal, comecei a me hidratar e falar besteira com os amigos. Quando chega uma forte chuva. Fico embaixo do guarda-chuva dos amigos, mas não tinha mais espaço.
Vale lembrar que este mês chove bastante na cidade.
A chuva engrossou e muita gente teve a brilhante ideia de ficar embaixo das árvores. Muito ruim e piorou mais a chuva, fazendo as pessoas a ficarem encharcadas e correrem para o Setor de Aulas I. De repente, todo mundo começou a se reunir no Setor de Aulas I, mais precisamente no corredor. Aí que a festa ficou parecendo uma aula extra de verdade, daquela matéria Corredor I, que pagava enquanto era aluna do Setor II.
As pessoas podiam ficar chateadas pelo fato da festa ter sido “estragada” pelo fenômeno da natureza. Alguns até foram embora, tentaram voltar para casa. Outros resolveram ficar e começaram rir de si mesmos.
“Amiga, minha cara tá borrada?”
“Não, a minha está?”
Outros diálogos eram assim:
“Droga, vou ter que ir para casa todo sujo.”.
“Desisti de usar o óculos.”.
“Meu Deus, fiquei gripado.”.
Mas, um amigo meu ficou falando sobre os problemas de chuva que acontecem aonde nasceu e quando choveu. “Se rolasse um pigo d’água era uma tempestade pior que essa rolando por aqui”.
Eu, por exemplo, voltei para casa com os pés sujos de tanto pisar em possa d’água e minha blusa nova estava toda encharcada. Muitos tiravam onda e falavam a seguinte frase:
“Você está parecendo um cantor de Black Metal com essa maquiagem toda barrada e cabelo escorrendo”.
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Alguns chegaram a rir da situação e resolveram continuar a festa no corredor mesmo chegando usar as lâmpadas como luzes de boates, mesmo sendo olhados tortos pelos seguranças. Outros resolveram ficar bebendo a sua breja aí e continuando aquele velho diálogo. Ainda havia gente que estava tendo a ousadia de xavecar.
Se a luz se apagasse era motivo de “uhuuus” ou mini-vaias. Início de uma boa zoeira.
O palco que foi montado no pátio do Labcom ainda estava lá. E agora? Engana-se que estava vazio e a festa tinha acabado, havia um bocado de pessoas que estavam cantando e dançando forró, apesar de uma menor quantidade.
Para alguns a festa continuou, outros mudaram de lugar. Os natalenses podem não ser muito festeiros, mas eles sabem fazer estória.
O problema é que os natalenses parecem bode ou um gato: morrem medo de água. Eles fogem para as tocas quando chovem, com medo. Preferem ficar encobertados e vendo série do Netflix na chuva do que sair para um show de artista badalado em Natal.
Depois que me fixei no Setor I, muitas das conversas foram:
“Vou embora, porque está chovendo”
“Estou com medo de gripe”
“Estou morrendo”
“Já vai? É de açúcar?”
Nesta festa não foi diferente, tanto que formou um engarrafamento enorme em uma das ladeiras. Fazendo com que uma ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) tivesse dificuldade de se locomover. O problema que a UFRN fecha os portões quando passa da meia-noite. E agora? Tinha que procurar vias alternativas em Natal. Festa em Natal na chuva: bote-se tendas ou criem um plano B.
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