O sábado (20) a cidade de Ceará-Mirim homenageará o rei do rock brasileiro, Raul Seixas. O tributo “Maluquez Revisitada” está em sua 27ª edição e é uma das homenagens mais famosas ao cantor baiano que revolucionou o rock and roll brasileiro de inúmeras formas.
Neste fim de semana, comemora-se 27 anos da saída do Raulzito das terras terrenas. Na ocasião do falecimento do ídolo, que causou grande comoção no Brasil todo, uma demonstração disso se deu durante o velório, milhares de fãs presentes e inconsoláveis não queria permitir a partida do corpo. Esse sentimento de não querer deixar a memória do ídolo se apagar foi o que moveu um grupo de amigos da pequena cidade da região metropolitana de Natal a criar o evento.
Liderados por Erivan Lima, fizeram à primeira homenagem, sem grande apoio e com um pequeno publico. Nos anos que seguiram continuaram a realizar a festa, ganhando importância e publico entre os fãs do cantor, reunindo sempre no terceiro sábado de agosto admiradores de varias idades e de diferentes localidades.
O que era uma brincadeira, se tornou algo sério e uma das importantes homenagens ao Raulzito.
O sucesso do evento levou a que a Câmara de Vereadores do município de Ceará-mirim a aprovar no dia 19 de junho de 2012 uma lei que estabelece o terceiro sábado de agosto como “Dia Municipal do Tributo a Raul Seixas”, o que abriu a possibilidade de mais apoio do município a realização do evento.
Todos os anos milhares de fãs de todo o pais “invadem” a cidade, vindos de varias formas, mas principalmente embarcando no trem vindo de Natal, a viagem de trem que já é uma tradição.
Sobre Raulzito
Raul Santos Seixas nasceu no dia 28 de junho de 1945 numa família de classe média baiana. A escola nunca foi o seu forte, ele reprovou por três anos o segundo ano do Ensino Médio, visto que ele preferia ouvir o rock and roll — em seus primórdios — na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de Julho, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serrão. Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela leitura.
Uma das bandas que integrou na década de 60 era o The Panters, que tornara sensação de Salvador e depois se transforma em Os Panteras, tendo em sua formação definitiva além de Raulzito, os integrantes Mariano Lanat, Eládio Gilbraz e Carleba. Ele abandona os estudos, volta a reunir os Panteras e aceita o convite de Jerry Adriani para ir para o Rio de Janeiro.
Em 1968, Raulzito e os Panteras gravam seu primeiro e único disco, Raulzito e os Panteras. Assinando contrato com a gravadora EMI-Odeon, após encontrarem Chico Anysio e Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora, O disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. A partir daí, Raulzito e os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso. Algumas vezes os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando como banda de apoio.
Volta para Salvador e conhece o diretor da CBS discos, onde fez com que retornasse as terras cariocas. Lá, ele começou a produzir algumas bandas de rock. Raulzito nessa época passa a ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas composições como Hits na voz de outros cantores e produzir grandes artistas. Mas, Raulzito não se conformava apenas com isso, ainda mais quando conheceu o amigo e parceiro Sérgio Sampaio.
Ele e Sampaio lançaram, em 1971, o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, com Miriam Batucada e Edy Star, onde Raul Seixas deu inicio a produção de um projeto de ópera-rock. Quando lançado, o disco não obteve sucesso de público e nem de crítica. Foi abandonado à própria sorte até mesmo pela gravadora, cujos executivos tanto no Brasil como na matriz, nos Estados Unidos não gostaram do resultado final.
Em 1972, Raul Seixas decide participar do Festival Internacional da Canção, sendo convencido por Sérgio Sampaio. O cantor compõe duas músicas, “Let Me Sing, Let Me Sing”, defendida pelo próprio Raul e “Eu Sou Eu e Nicuri é o Diabo”, defendida por Lena Rios & Os Lobos. Ambas chegam a final, obtendo sucesso de critica e de público. Rapidamente, Raul foi contratado pela gravadora Philips. No ano seguinte, ele lançou o álbum “Krig-ha, Bandolo!”, onde surgiu diversos sucessos, como “Ouro de Tolo”, “Metamorfose Ambulante”, “Mosca na Sopa” e “Al Capone”. Raul Seixas finalmente alcança grande repercussão nacional, graças a divulgação da imagem do cantor como ícone popular.
Depois vieram a parceria com Paulo Coelho, que surgiram os álbuns Sociedade Alternativa, Gita, Novo Aeon e o Dia em que a Terra Parou.
A década de 80 foi um período de altos e baixos do roqueiro baiano, por conta dos seus vícios.
O último álbum lançado foi “A Panela do Diabo”, que foi o resultado de algumas apresentações que fez nas terras tupiniquins. . Na manhã do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama, por volta das oito horas da manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante.
O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova, tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira. Raul foi velado pelo resto do dia no Palácio das Convenções do Anhembi. No dia seguinte seu corpo foi levado por via aérea até Salvador e sepultado às 17 horas, no Cemitério Jardim da Saudade.
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