Natal é conhecida por uma grande quantidade de gatos de ruas. Em toda a esquina vemos um gatinho que está abandonado correndo nas principais vias da cidade. Além disso, muitos animais, incluindo os cachorros, são sacrificados, visto que não há tantos abrigos em Natal e os existentes vivem de doações, enfrentando bastante dificuldades. Uma das formas de controlar o desenfreado crescimento dos mesmos é a castração.
A castração animal pode ser realizada para prevenir de doenças, como tumores prostáticos, mamários e uterinos. Entretanto, algumas pessoas não possuem grana para pagar o veterinário. Uma das soluções que a capital potiguar está desenvolvendo é a criação de um Castramóvel.
Na verdade, são dois veículos montados em Recife (PE) que irão oferecer serviço móvel de castração para animais adotados por famílias de baixa renda e posteriormente, para animais em situação de rua. O primeiro veículo já está na capital potiguar.
A ideia veio de um projeto de lei de autoria do vereador Sandro Pimentel (PSOL), conhecido por ser defensor dos animais na capital potiguar e apoiador das organizações em proteção aos animais.
“Através de nossa emenda parlamentar viabilizamos os veículos e com apoio de colegas parlamentares que se sensibilizaram com a causa também viabilizamos os insumos. Nestes dispositivos legislativos, não podemos definir com precisão como serão feitos os procedimentos, visto que é competência exclusiva da gestão executiva realizar esta função. Mas é uma preocupação constante nossa a fiscalização do andamento desta política pública para cidade. Vamos fazer tudo que pudermos para que estes veículos funcionem a contento e sem dúvida, deve ser uma preocupação também de todos os natalenses”, comentou o vereador em entrevista ao Brechando.
A intenção é que os dois carros comecem circular nas ruas neste mês, mas precisa finalizar o convênio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) com a coordenação de Medicina Veterinária da Universidade Potiguar (UnP). “Nossa ideia é que seja realizado por zonas administrativas em que as unidades alternarão dias fixos em locais para suprir as demandas dos bairros. Certamente será feito também um levantamento da emergência das zonas”, explicou.
No dia 1º de agosto, o vereador publicou na página de sua rede social sobre a reunião de representantes do Município com a instituição de ensino e pediu cobranças da Prefeitura.
“As dificuldades [de criar medidas a favor dos animais] partem primeiro da compreensão de algumas pessoas e do próprio poder público sobre a importância dos animais e da construção de políticas públicas para este fim. Há dificuldade em compreender que o amor e o cuidado com a biodiversidade é uma responsabilidade social e uma questão emergencial de saúde pública. Com acesso à informação, o trabalho constante de protetoras/es de animais na cidade, de jornalistas com interesse no tema em Natal e a sensibilidade pelo direito à vida, diversas pessoas e colegas vereadores/as conseguiram entender esta questão. Embora os castramóveis seja uma política necessária, Natal precisa de um Hospital Público Veterinário para receber as diversas demandas da cidade, para tanto já conseguimos inserir na Lei de Diretrizes Orçamentárias do município deste ano, algo superior a 4 milhões de reais com esse objetivo, mas para virar realidade é preciso que o prefeito Carlos Eduardo não vete outra vez, a exemplo do que fez o ano passado”, afirmou Pimentel.
O parlamentar ainda comentou que os vereadores terão a função de fiscalizar as ações da Semurb, que será responsável pela as atividades do Castramóvel. “Nossa ideia é que seja realizado por zonas administrativas em que as unidades alternarão dias fixos em locais para suprir as demandas dos bairros. Certamente será feito também um levantamento da emergência das zonas e algum tipo de atendimento inicial para cuidadores de cães e gatos de baixa renda para posterior atendimento aos animais abandonados que acabam vindo das residências de pessoas sem condições financeiras”.
De acordo com o vereador, a intenção que as duas unidades de castração rodem as quatro zonas urbanas mais rápido possível, mas é necessário pressionar a Prefeitura do Natal, que é a única responsável pela execução dos serviços.
Natal não tem levantamentos específicos destes dados, mas apontamentos da Organização Mundial da Saúde em 2014 estima que no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Supõe-se que a maioria em centros urbanos.
Segundo dados atuais da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), em 2015 foram registrados 1061 cães e 39 casos de humanos com Leishmaniose, popularmente conhecida como “Calazar”.
Até junho deste ano de 2016 já foram notificados 548 cães contaminados e 22 casos de Leshmaniose somente em Natal. A Leishmaniose é uma zoonose que vem se expandindo em áreas urbanas e já tornou-se um problema de saúde pública, uma endemia em franca expansão que quando não tratada pode levar à morte em 90% dos casos.
“O que pontuamos bastante nas reuniões da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Animais (no qual ele é presidente) na CMN é que se não tivermos uma política pública que busque atuar no controle da população de cães e gatos na cidade, teremos mais animais abandonados e problemas urbanos para solucionar. O poder público precisa se responsabilizar também, afinal, a população paga impostos e precisa que eles retornem na forma de políticas eficientes”, finalizou o vereador Sandro Pimentel.
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