Em um período que Natal está passando por uma briga entre Estado x Presidiários, me sugeriram para falar de uma figura urbana na capital potiguar na década de 80, que possui alguma relação sobre o assunto. Podemos dizer que é um Punisher Nordestino, visto que era um justiceiro que matava por conta própria os bandidos. Ou você pode considerar, que é uma versão oitentista de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Na verdade, alguns acreditam que existiram várias pessoas que se identificara como “Mão Branca”.
Nesse período, a capital potiguar passou por um histórico casos de violência e nessa época surgiu uma figura que matava os bandidos e se identificava como Mão Branca. Como fazia? Ele matava o criminoso e deixava um bilhete assinado como Mão Branca. Geralmente, o recado dizia que outras pessoas que fizeram mesmo ato daquele que foi morto teria o mesmo destino.
Entretanto, a lenda do Mão Branca não aconteceu somente em Natal. No final da década de 60, em São Paulo-SP um grupo chamado de “Esquadrão da Morte” passou a atuar na cidade, e também havia o “Mão Branca” na baixada fluminense (RJ) juntamente com a Paraíba no início dos anos 80.
O extinto jornal, carioca “Última Hora” estampava sempre nas primeiras páginas, várias listas fictícias de futuros “defuntos”, tendo como fonte esse Mão Branca. No Rio, ele criaram uma música em “homenagem ao artista”, interpretada por Gerson King Combo:
Dizem que o “Mão Branca” potiguar, na verdade, era um grupo de policiais militares, inspirados nos acontecimentos da cidade paraibana de Campina Grande. O medo era tanto, que os detentos negavam sair dos presídios, e necessitavam de escolta policial para deixar as prisões temendo a ação destes grupos.
No Rio Grande do Norte, o suposto matador chegou mesmo a enviar aos jornais uma lista com nomes. O jornal “O Mossoroense” chegou a publicar a lista na época, veja a foto a seguir:
Ainda mandava um recado para imprensa com um desenho de uma balança e falando que outras mortes iriam acontecer:
O “Mão Branca” se declarava como defensor de órfãos, viúvas e inocentes. Ele não acreditava que estava fazendo crime, mas justiça. Não houve identificação real de quem seria o mão branca, ou mesmo se era um grupo de pessoas. Além disso, os inquéritos sobre os assassinatos e desparecidos pelo suposto justiceiro não foram concluídos.
O fato é que levou a cabo muitas de suas ameaças, chegando até roubar laudos de exame cadavérico do Instituto Médico Legal, e ameaçando qualquer tentativa de denunciá-los.
O que aconteceu na década de 80 mostra que a falta de ações públicas ajudam para o surgimento de alternativas nada ortodoxas que apontem outras formas para a resolução dos conflitos, caminhos que com freqüência levam a respostas desmedidas ao suposto agravo sofrido.
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