Sair das terras tupiniquins para morar fora. Independente se for por tempo indeterminado ou por intercâmbio, atravessar fronteiras e encarar um local que tem uma cultura totalmente diferente é um enorme desafio. Muitos natalenses se arriscaram e estão morando em outros lugares. Alguns na Europa e outros nos Estados Unidos. A seguir tem depoimentos das pessoas falando o desafio de morar em outro lugar:
Mudei, pois sabia que precisava estudar mais e me aprimorar no trabalho. Morando em Washington, eu poderia estudar e trabalhar. Não é fácil, mas garantia que eu teria mais oportunidades futuramente. Morar em Natal ou no Brasil não é ruim. Mas aqui há mais oportunidades de estudo, comprar, fazer…Vai parecer estranho. Mas ao mesmo tempo que as coisas aqui funcionam e é ótimo de morar, existe uma frieza. No Brasil, a gente começa conversar com as pessoas, independente se conhece. Eles não conversam, não abraçam. O que acho pior é a falta de calor humano. O que mais gosto? Não sei. Estou aqui hoje por que quero fazer um curso em uma universidade grande e melhorar minhas chances de um emprego bom. Aprender mais e me aprimorar. Posso estar em Washington hoje, mas voltar para o Brasil no final do mês, do ano.
Mas se é para escolher uma coisa que mais gosto…. A biblioteca. Há duas ou três bibliotecas em menos de 10 quilômetros de onde moro, todas conectadas entre si e se eu precisar de um livro que está no catálogo, mas não na biblioteca que quero, é só solicitar, livros novos, internet e computadores novos disponíveis de domingo a domingo. Isso é o que mais gosto aqui é onde provavelmente é mais fácil de me encontrar.
Amo isso daqui, mas sinto uma falta infeliz da nossa leveza, alegria e em alguns casos simplicidade. Ao mesmo tempo aqui não existe a frescura que há ai. Saio de casa de havaiana, short e camiseta grande, vou ao banco e sou tratada da mesma forma que a americana toda arrumada. Contanto que eu não esteja de roupa de frio no verão ou se short no inverno ninguém vai dizer nada, comentar nada.
Isadora Vasconcelos, mora em Washington há quase três anos (entre idas e vindas ao Brasil)
Sempre tive um desejo muito grande de morar fora e nunca rolava. Até que um dia fiquei bem desesperada achando que tava “ficando velha e vendo a vida passar”. Então, tomei a decisão de ir pra algum lugar. Moro aqui há um ano e meio. Uma das melhores coisas de morar aqui é a segurança. Volto pra casa tarde de boa sabendo que está tudo bem. Gosto muito do fato dos transportes públicos realmente funcionarem. É um pouco caro, mas no final das contas compensa, porque os atrasos são poucos, e os veículos ( trem/ônibus) são grandes e de boa qualidade. Eu adoro muito aqui, mas acho que ficar longe de família e amigos sempre pesa. Às vezes é bem solitário e a falta de comida gostosa (como feijão e arroz) me deixa triste vez ou outra (risos). As vantagens daqui é conhecer gente, costumes e lugares diferentes. Aqui aprendo outra língua, vivo uma outra realidade isso desperta muito a criatividade e ajuda muito no meu crescimento pessoal.
Bruna Evangelista, mora em Duisburgo, Alemanha
Eu me mudei por uma questão de qualidade de vida e portas a serem abertas. No Brasil o epítome dos meus 20 anos seriam estudar na UFRN e passar num concurso. Não existe nada de errado com esse caminho. Mas é muito formulado. As vantagens de morar fora dependem muito da cultura e da qualidade de vida que você leva. Nos Estados Unidos, quanto mais você se enraíza na cultura mais se aprende. Eu trabalho com muitos imigrantes assim como eu. Sendo que a maioria deles já estão nos EUA há 35 anos ou mais e sempre me dão conselho.
Não fique preso numa cadeia cultural onde você só se sente confortável se for com alguém que compartilhe a sua cultural. Conforto é sinônimo de complacência. A ideia de crescer profissionalmente e pessoalmente só acontece fora da sua zona de conforto. Na minha experiência fora do país, quanto mais desconfortável, mais se aprende. Já as desvantagens vem quando se perde o interesse em participar de atividades. Que é um dos grandes problemas gerados pelo alto nível de distrações na vida moderna.
Renan Maranhão, 23 anos, mora desde 2008 em Chicago, Estados Unidos