Quando penso em São João, rapidamente vem uma lista de 10 coisas:
- Bombinhas
- Comidas de milho
- Forró
- Campina Grande, Mossoró e Caruaru
- Bandeiras de São João na rua
- Festas no interior
- Apresentação nas escolas
- Brincadeiras
- Pau de sebo
- Diversas matérias de Luiz Gonzaga em todas as mídias
A capital do Rio Grande do Norte não é muito ligada nas festas tradicionais, apesar de que alguns lugares têm as suas pequenas festas espalhadas por aí. No entanto, nos últimos anos, a banda Dusouto colocou a semente do São João no bairro da Ribeira, mais precisamente no largo da Rua Chile e criou o “Arraía Outro Par”, inicialmente era uma festa pequena, no qual o grupo cantava as suas músicas em versão forró, como “Black Point”, “Fazendo a Cabeça”, “Cretino” e dentre outras. Em menos de quatro anos, a proposta cresceu tanto e virou uma grande festa no Centro Histórico e já entrou no calendário dos festejos da cidade.
Praticamente criamos um Pingo Mei-Dia versão natalense, só que sem trio elétrico e políticos tentando fazer as suas campanhas eleitorais. Lembrava um pouco o disco “Aviões Elétrico”.
Isto, mais uma vez mostra que a Ribeira não é apenas espaço para aqueles que odeiam festas mainstream, visto que as pessoas que gostam de São João topam ir para o outro lado da cidade e dançar agarradinho o refrão “Aonde está o meu outro par da sandália haviana?”. Você via gente de todos os tipos, desde aquele bombado com atitude de Johnny Bravo até aquele metaleiro que vai de camisa xadrez e por dentro uma camisa do Iron Maiden.
Sim, por causa desta música acima, que o São João se chama “Arraía do Outro Par”, cujo objetivo é ouvir boa música e procurar a sua sandália, que deixou espalhada por aí. Se não quiser, pode ficar a vontade.
Sabe aquele idiota que tirava sarro de você na escola por gostar de Simple Plan e ir na Ribeira para ver o cover? Ou aquele metaleiro que diz que só vai para Ribeira no show do Deadly Fate? Eles estavam lá e bem felizes bebendo aquela Skol Azul.
Como diz o grande Renan Mateus, amigo dos rolés malucos de Natal: “Ninguém é alternativo quando se toca Raça Negra ou qualquer música popular”. Todo mundo gosta de dançar e se divertir, mesmo pisando no pé do outro quando tenta aquele dois pra lá e dois pra cá. Agora posso melhorar a frase:
“Ninguém é mainstream e alternativo quando o assunto é São João”.
O Brechando claro que foi dar uma brechadinha na festa, que tinha fila para tudo. Parecia uma grande calourada da UFRN, sendo que 99% da população estava com camisa xadrez. Desde ir ao banheiro, para jogar lixo, comprar bebida (água ou cerveja de qualidade, que não era Nova Schin, graças a Deus) e pedir a comida para dar aquele combustível na hora de dar continuidade nas atividades.
Chegamos por volta das 23 horas e a festa já tinha começado fazia tempo, mas a fila ainda estava imensa para entrar. Todo mundo quer curtir o São João e a Ribeira. Aquele argumento de um certo ex-roqueiro/forrozeiro que ninguém paga 50 conto para ir num show da Ribeira, está completamente refutada nos dias atuais. Além disso, a tendência é que a música alternativa se misture cada vez mais com diversos elementos, só olhar os festivais atuais. Até o heavy metal já brincou com o pop e a música eletrônica.
A festa estava tão animada, mas tão animada, que a galera que estava no Porto ficou no muro para também brechar e dançar. Parecia que estava em Mossoró.
Você pode não frequentar a universidade, mas sabe que se os universitários federais aprovam, é porque a festa deu certo. Então, outras pessoas da cidade são estimuladas para ir neste mesmo lugar.
Assim foi o que aconteceu com o Arraía Outro Par, no qual a divulgação, boa parte, foi através das redes sociais e o sucesso do boca a boca foi tão grande, que tinha gente desesperada para comprar o ingresso na hora, mesmo que tivesse ir em um banco 24 horas na madruga boladona. Pelo menos, a organização foi inteligente e colocou limites, para evitar a super lotação e problemas futuros.
Sim, o local estava lotado, mas pelo menos ninguém pisava no seu pé ou brigava por causa disso. E todo mundo respeitava na fila (milagres! É o poder do Dusouto!) ! Se seguisse a localização Ribeira, você viria mais de 1000 postagens feitas ao mesmo tempo na festa, algo que é dificílimo de acontecer em uma festa cotidianamente no fim de semana no mesmo bairro.
Assim como o Grafith, o Dusouto consegue arrastar multidões em lugares inusitados e faz todo mundo dançar, mesmo aquele seu amigo que não é pé de valsa. Ainda digo mais: todo mundo sabe cantar as músicas e virou um produto genuinamente natalense. Com certeza, seu amigo de outra cidade já perguntou: “Em Natal tem aquele Dusouto, né? Aquele que canta a música do Outro Par da Sandália Havaiana”. Do mesmo jeito tem aquele que pergunta: “E aquela banda Grafith de Natal? Só toca suingueira, né?”.
Além disso, a festa tinha tudo o que uma festa de São João deveria ter, uma barraca do beijo, comidas típicas, uma tentativa de fazer quadrilha, rei e rainha da festa, brincadeiras típicas e muito rala bucho. Podia dançar sozinho, acompanhado ou em três, todo mundo estava se divertindo e querendo curtir um São João entre amigos e com aqueles que amavam, além da família.
Sem contar que antes havia uma cantora de Angicos, chamada Lívia Souza, que cantou todos aqueles clássicos do forró que a gente já escutou, principalmente no toca-discos dos nossos pais, como “Estrelinha do Céu”, “Asa Branca”, “Vem Pra Mim” e dentre outras, praticamente aquela playlist do Brechando sobre músicas de forró que grudam nas nossas cabeças.
Ainda teve DJs que colocaram funk, música pop e rock em versão forró, fazendo com que o povo dançasse bem muito.
Enfim, forró é Nordeste. Dusouto é Nordeste. Grafith é Nordeste. Agora, o Dusouto precisa criar um álbum com Grafith para zerar a vida.
Veja as fotos do evento a seguir:
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