Quem nunca ouviu falar do SPGD? Se não ouviu, este é um dos grupos de samba que está se destacando, inclusive no meio alternativo, por ser formado por apenas mulheres, composto por Pipa Dantas (voz/violão/escaleta), Paula Laurentino (voz), Lorena Azevedo (Cavaco), Yasmin Pires (pandeiro), Priscilla Azevendo (Tamborim/Chocalho), Mariana Praxedes (tantan/Surdo) e Amanada Medeiros (Tantan/Surdo/Panderola). A intenção é mostrar a força da mulher e tentar se infiltrar em um ambiente sonoro dominado por homens. Assim como a fama, elas se conheceram através da internet, quando Mariana manifestou numa rede social a vontade de ter uma banda de pagode formada só por mulheres e pouco tempo depois as 7 integrantes se juntaram, no qual boa parte se conheceu no primeiro ensaio.
Algumas pessoas chamam o grupo de Sapagode, mas na verdade a forma “certa” é SPGD (falando letrinha por letrinha). O motivo? Apesar delas não ficarem chateadas de chamarem pelo nome, em nota, no Twitter, elas disseram que não assumem o trocadilho em público por incongruências relacionadas às profissões e familiares de algumas integrantes. Mas, a origem do nome veio da junção das palavras Samba e Pagode, como elas assumiram a sigla, surgiram vários significados, como “Samba Para Garotas Danadas”, “Samba Pra Geral Dançar”, “Sapagode”, entre outras.
A maior parte da banda tem uma afinidade musical desde a infância ou adolescência e o contato com o samba/pagode acaba sendo uma coisa natural pelo fato de serem brasileiras. Além disso, para as meninas, a representatividade feminina é importante em todos os segmentos da sociedade, porque quebra estereótipos de gênero e prova que a mulher pode, sim, ocupar qualquer espaço.
“Amanda, Yasmin e Mariana já tinham o contato com a percussão desde pequenas, incentivadas pela família, Paula e Priscilla curtiam muito o pagode durante a infância e adolescência também influenciadas por familiares, embora não tivessem levado tanto o gosto pelo ritmo na vida adulta, assim como Lorena, que precisava ouvir pagode para estudar cavaquinho, mas não tinha como seu estilo de música favorito. Mas hoje o interesse pelo ritmo e também por conhecer músicas novas que possam integrar o repertório é mútuo”, disseram as meninas em entrevista ao Brechando.
Mas, existe a diferença entre Samba e Pagode? Amanda Medeiros responde facilmente para gente: “O samba é um gênero musical e a palavra pagode era o nome dado festas populares animada com música, bebida e comida. Após a década de 70 começaram a associar o nome pagode aos sambas feitos por grupos musicais e o nome começou a ser utilizado como sinônimo de samba.”.
A repercussão do trabalho já rendeu repercussão na internet e aparecer em entrevistas na imprensa local. Inclusive no grupo LDRV, maior comunidade brasileira no Facebook, com mais de 400 mil membros. “A postagem partiu de uma pessoa de Recife que a gente nem conhece. Então isso significa que a gente está atingindo cada vez mais pessoas e conquistando um espacinho aqui e ali através da internet. Isso é massa. A gente tem recebido bastante feedback de públicos diferentes, mas sentimos que há no público LGBTQ uma troca emocional. Somos uma banda livre de preconceitos acerca de cor, gênero, sexualidade, que tem uma parcela de representatividade nessa sigla, além de representar a resistência feminina. A gente super acolhe e quer visibilidade e representação pra todo mundo”.
Porém, elas esperam que esta repercussão ajudem a ter visibilidade e abrir shows de artistas importantes. “Desde abertura de shows de bandas potiguares (quem sabe nacionais!) e parcerias também, chama “nóis”!”. Veja um trecho de uma das apresentações delas no Ateliê:
“Percebemos que as pessoas vão ao nosso show pra curtir o som que estamos fazendo e sentimos uma energia muito boa do público, o que é muito importante pra gente. Afinal de contas além de gostar do que fazemos, queremos agradar as pessoas que vão nos assistir”, contaram as meninas, que estão com menos de seis meses de apresentação e uma das músicas mais pedidas são os famosos pagodes dos anos 90, como Raça Negra, Exaltasamba, Molejo e dentre outros. E elas também amam esse momento de adoração aos anos 90.
“É nostálgico para nós tocar Molejo e Raça Negra e até pouco tempo, não era fácil encontrar em Natal um local para curtir o pagode. Mesmo com o surgimentos de muitos grupos de samba na cidade, muitos não incluem em seu repertório o chamado “pagode comercial”, que surgiu nos anos 90 e até hoje agrada muita gente. As pessoas gostam e pedem músicas dessa época”.
No entanto, elas também gostam de outros tipos de sons. “Por sermos 7, temos gostos musicais bastante variados, o que torna a banda bastante eclética, com estilos que vão do MPB à eletrônica. Nosso repertório acaba se espelhando nisso, indo do pagode anos 90 ao samba, do funk ao feminejo. Mas a maioria gosta, além de pagode, samba e MPB, de rock, indie rock e eletro”, finalizaram.
Veja mais um pouco de SPGD a seguir:
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