Nascido na terra do Roberto Carlos, Cachoeiro de Itapemirim, Sérgio Sampaio não teve a mesma sorte que o considerado na imprensa o Rei. Apesar disso, ele é reconhecido pela galera alternativa por ter ajudado a inovar a música brasileira, principalmente a MPB, no qual ficou conhecido como o “Maldito”. No anos de 70, Sampaio viveu o seu auge, pois em 1972 durante o Festival da Canção conseguiu colocar o Brasil para cantar “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, que até hoje é lembrada nos carnavais da vida, mas pouco lembra do capixaba que cantou e escreveu a canção.
Nascido em 1947, ele é filho de Raul Gonçalves Sampaio, maestro de banda e compositor, e de Maria de Lourdes Moraes, professora primária, Sérgio Sampaio recebeu do pai as primeiras influências musicais, tendo curtido na adolescência grande paixão pelo repertório seresteiro de Orlando Silva, Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves. Em 1967, enamorado da ebulição cultural do Rio de Janeiro, foi para lá em busca de um lugar no céu estrelado da MPB. Atuou por dois anos como locutor de rádio nas AMs cariocas, enquanto desenvolvia também o seu trabalho musical. Em fins de 1970, foi descoberto acidentalmente pelo produtor Raul Seixas, quando acompanhava ao violão um aspirante a cantor, num teste na gravadora CBS.
Foi lá que surgiu o polêmico disco “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez”, que contou com a participação de Raul, Sérgio e o roqueiro Edy Star e Míriam Batucada. Era uma verdadeira sessão de escracho, com paródias e pastiches musicais temperadas com um humor corrosivo, esse trabalho trazia algumas parcerias de Sérgio e Raul, como o xote elétrico “Quero ir” e o acid rock “Doutor Pacheco”. Esse disco causou um grande alvoroço, que fez Seixas ser demitido da gravadora. Depois do disco, veio Festival Internacional da Canção, falado anteriormente, e depois veio o seu primeiro LP, que levou o título de seu maior sucesso. Embora trazendo sambas de apelo popular (“Cala a Boca, Zebedeu”, de autoria de seu pai, e “Odete”) e incursões personalíssimas pela música pop (“Leros e Leros e Boleros”, “Eu Sou Aquele Que Disse”), o disco teve uma vendagem modesta, além de ser recebido pela crítica com desapontamento notável.
No início de 1974 saiu o compacto “Meu Pobre Blues / Foi Ela”. A primeira, uma dúbia elegia ao conterrâneo Roberto Carlos, de letra desconcertante, alcançou boa repercussão. Foi sua despedida da Phillips. Ele só retornaria à cena musical em 1975, já na gravadora Continental, lançando o compacto “Velho Bandido / O Teto da Minha Casa”, com boa aceitação popular e críticas muito favoráveis. Ainda em 1975, a irônica marchinha “Cantor de Rádio”, onde o artista alfinetava a indústria musical, foi incluída no LP “Convocação Geral nº 2”, da Som Livre.
Em 1976, Sérgio lançou seu segundo LP, “Tem Que Acontecer”, considerado por muitos seu melhor trabalho. No ano seguinte, lançou um compacto com a música “Ninguém Vive Por Mim”, que apresenta um pop altamente suingado, foi bem executada nas rádios, apesar da letra cáustica, novamente enfocando a difícil relação do compositor com a indústria do disco. Foi o derradeiro trabalho de Sampaio por uma gravadora oficial. Dali em diante, já arrolado entre os “malditos” da MPB, ele seria um artista independente, sem gravadora e sem música no rádio, vivendo apenas de shows eventuais para um séquito fiel de admiradores em todo o país.
Em 1981, Erasmo Carlos gravou em seu LP “Mulher” a canção “Feminino Coração de Deus”, composta por Sérgio especialmente para ele. No ano seguinte, Sampaio lançou o disco independente “Sinceramente”, patrocinado pela sua esposa. Como o título sugeria, um trabalho de grande desnudamento pessoal do compositor, que acabou não só com sua carreira, mas também com a saúde.
Durante os anos 80, o artista viveu praticamente no limbo profissional, com escassos shows em bares a minguados cachês. Em seus longos retiros em sua cidade natal, porém, ele compunha sempre e cada vez melhor. Suas melodias se tornaram mais elaboradas, ao mesmo tempo conservando seu despojamento tão característico. Passou a criar harmonias com maior esmero e sua poesia atingiu o perfeito balanço entre lirismo, humor, perspicácia e concisão.
Completamente afastado da mídia, após a separação volta para a casa paterna e em seguida para o Rio. A carreira só experimenta um recomeço quando se muda, no começo da década de 1990 para a Bahia, quando velhos sucessos são novamente lançados por Elba Ramalho, Luiz Melodia, Roupa Nova e outros. Em 1994 acerta com a gravadora Baratos Afins o lançamento de um disco com músicas inéditas, mas por consequência da vida desregrada, falece de pancreatite antes de concretizar o projeto.
Homenagem potiguar
23 anos após a sua morte, um compositor e cantor potiguar, Yrahn Barreto, resolveu homenagear Sampaio com uma apresentação chamada Semana do Sampaio. “Nada mais justo do que homenagear esse grande artistas com um tributo”, disse Barreto em seu release, que também citou a adoração por Sampaio vinda de outros artistas brasileiros, como Zizi Possi, Maria Bethania, Luiz Melodia e dentre outros.
Nesta quinta-feira, no dia 13 de abril, a partir das 19h no Teatro de Cultura Popular (TCP), Yrahn Barreto e banda, junto a convidados de peso irão homenagear o “velho bandido”. O ingresso custa 10 reais a meia.
A banda de Barreto conta com Carol Benigno na sanfona, Darlan Marley na Bateria e Paulo Milton no Contrabaixo. O show também contará com a participação do cantor e compositor Antônio Ronaldo, as poetas Civone Medeiros, Ana Mendes, Sônia Santos e Plínio Sanderson.
QUANDO? 13 DE ABRIL
ONDE? TEATRO DE CULTURA POPULAR (TCP)
QUANTO? 1˚ LOTE (20 R$ INTEIRA) (10 R$ MEIA)
PRODUÇÃO: Jamilly Mendonça.
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