O Clube Poliglota nasceu em Paris, França, como uma tentativa de reunir pessoas para praticar diversos idiomas. Anos mais tarde, chegaria ao Brasil, primeiramente em Fortaleza. Hoje, a maior parte das capitais e grandes cidades brasileiras possui um Clube Poliglota: alguns ainda em fase inicial, outros contando com participantes assíduos em encontros semanais. Os clubes de Fortaleza e Rio de Janeiro são os maiores do Brasil.
As pessoas passam horas conversando em línguas as mais variadas, de inglês a árabe. Nos clubes poliglotas mais ativos, as reuniões acontecem em mais de um lugar no mesmo dia: no de Fortaleza, por exemplo, primeiro as pessoas interagem à vontade em um shopping da cidade e depois muitos seguem para um bar.
O Clube Poliglota Natal está em uma fase intermediária. Já reúne uma quantidade razoável de pessoas por reunião, possui um grupo ativo no whatsapp e possui reuniões fixas e abertas.
Sábado é o encontro principal, mas qualquer membro está livre para propor uma atividade extra, seja ir a um festival com a turma poliglota ou pegar uma trilha no Parque das Dunas, principal parque de Natal. Não possui tantos membros como os maiores clubes brasileiros, mas deu um salto no número de participantes, sobretudo se considerarmos que iniciou suas atividades em novembro de 2016, isto é, por volta de cinco meses atrás.
O encontro semanal já foi no Midway Mall, um dos principais shoppings natalenses. Hoje, ocorre nas mesinhas em frente às Lojas Americanas do Natal Shopping.
Tem-se falantes de inglês, francês, espanhol, italiano e esperanto na maioria dos encontros. Para quem não sabe, o Esperanto é um idioma criado pelo médico judeu Ludwik Lejzer Zamenhof, publicou a versão inicial do idioma em 1887 com a intenção de criar uma língua de mais fácil aprendizagem e que servisse como língua franca internacional para toda a população mundial (e não, como muitos supõem, para substituir todas as línguas existentes). Hoje é a língua artificial mais falada do mundo, empregado em viagens, correspondência, intercâmbio cultural, convenções, literatura, ensino de línguas, televisão e transmissões de rádio. Alguns sistemas estatais de educação oferecem cursos opcionais de esperanto, e há evidências de que auxilia na aprendizagem dos demais idiomas.
Como faz para integrar ao Clube? Primeiramente não é preciso fazer inscrição de qualquer natureza, basta chegar e conversar, das 17h às 20h. A dica é procurar as mesas com bandeiras de países sobre elas, caso não conheça ninguém que participe. Nem é necessário ser fluente em uma língua estrangeira. Nesses encontros, há desde pessoas que falam seis idiomas até aqueles que estão aprendendo a sua segunda língua. O clima é bem amigável e divertido: não se faz pressão para que se fale perfeitamente os idiomas. O aprendizado constante é a norma.
Os mais novos clubes poliglotas do RN são os de Touros, Mossoró e Macaíba. Os grupos de whatsapp deles estão crescendo, todos com potencialidade para desenvolverem-se, tal como aconteceu com o de Natal.
Os clubes possibilitam uma interação sadia entre pessoas, proporcionando não apenas a melhoria dos idiomas estudados, mas também o desenvolvimento das habilidades sociais dos mesmos.
Minha experiência no Clube Poliglota
Comecei a frequentar as atividades do Clube Poliglota Natal no final de janeiro deste ano. Desde então, fui a sete encontros, seis deles sendo a reunião principal, todo sábado, uma delas uma nova que desenvolvemos, um domingo por mês, no Parque das Dunas.
Já percebo muitos dados positivos: desde que entrei, meu inglês ficou muito melhor; estava enferrujado devido à falta de conversação. Decidi, também, voltar a aprender Esperanto, língua que havia estudado por um mês há algum tempo, mas que abandonara por falta de motivação.
Agora tenho muita vontade de estudar Esperanto, já que todo sábado tenho pelo menos uma pessoa com quem praticar. Outro fruto positivo é que minhas habilidades comunicativas no geral melhoraram. Para meu espanto, não só as línguas estrangeiras se desenvolveram, mas minha capacidade de expressão também. Conversar com pessoas novas todo sábado fez com que iniciar uma conversa com um estranho se tornasse muito mais fácil e natural.
Além de tudo isso, tem o fato de fazer bons amigos e aprender coisas novas. Às vezes noto que na universidade existe uma competição pouco saudável de cobrança de títulos e resultados. Mas no Clube Poliglota não acontece isso: as pessoas se parabenizam pelo esforço que fizeram, desde as que falam muitas línguas às que estão aprendendo uma segunda.
Penso que a expansão dos clubes poliglotas pelo Brasil é um fenômeno positivo para o povo brasileiro, que resultará em pessoas mais abertas ao diferente e mais comunicativas.
* Leandro Macêdo é publicitário e está cursando Gestão de Políticas Públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ele é integrante do Clube Poliglota e topou prontamente em falar de sua experiência ao Brechando.
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