A imagem de Fábio Pinheiro traz um bonito edifício que está abandonado. O casarão número 232 localizado na Rua Doutor Barata, na Ribeira, é bastante fotografado e cheio de dúvidas. O pavimento, apesar de seu precário estado de conservação, mostra traços de que ajudou a construir uma grande história da Ribeira. A fachada tem risco de cair a qualquer momento.
A fachada ainda resguarda grande parte de sua feição original, embora pareça existirem dois prédios, um sobre o outro, visto que o pavimento térreo apresenta-se bastante diferente do superior. Uma das portas do térreo foi fechada com alvenaria de tijolos e as outras estão pichadas.
O edifício de dois pavimentos foi erguido no ano de 1916, construído e projetado pelo proprietário, de origem pernambucana, o senhor Serquiz Elia.
De acordo com a dissertação de mestrado de Ciências Sociais de Gilmar Siqueira da Costa, o estilo arquitetônico é eclético. A parte central da platibanda são ligeiramente curvilíneas e elevadas, possuindo adornos parecidos com pináculos de antigas igrejas. No andar superior há duas janelas nas extremidades, na fachada, e três janelas rasgadas, com as bandeirolas compondo um arco estilizado, desaguando num balcão ornamentado por balaústres. O balcão imprime ainda mais uma nobreza ao conjunto harmônico da obra.
No pavimento térreo, as bandeiras das portas são separadas destas e fechadas com um gradil aparelhado. Na fachada posterior, existe também uma varanda que se desenrola em toda extensão do prédio.
“A Samaritana”, escrito em alto relevo na entrada do prédio, era o nome de uma loja de tecidos que funcionou até a Segunda Guerra Mundial. Depois, o local se transformou em Lojas Paulistas. Com o declínio do comércio na Ribeira e a expansão dos bairros de Petrópolis e Tirol, o local virou um pensionato para pessoas simples.
Atualmente, o prédio só existe a fachada. As paredes internas não existem mais e reza a lenda que a destruição de boa parte do prédio foi resultado de um incêndio criminoso por conta de uma briga entre o proprietário do prédio e um inquilino.
Em 1981, o edifício, após permanecer fechado por vários anos, devido a um incêndio, foi alugado ao senhor Arruda Sales (conhecido pela personagem Danuza D’Sales), passando por uma intervenção para adaptá-lo a um espaço denominado de “Café Frenezi” local, dotado de palco e camarim, onde seriam realizados shows e apresentações.
Nesta reforma, segundo Gilmar Siqueira, algumas medidas foram tomadas, tais como: substituição das portas de rolo por outras de madeira, a mudança do reboco das paredes internas do térreo, colocação de tinta nos assoalhos do piso e a reposição das telhas do tipo capa canal, longas e artesanais (originais), substituídas por telhas de material de demolição. O empreendimento, porém, não durou muito tempo. Fechou em 1983.
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