Uns chamam de buggy, outros de bugue e até mesmo bugre, mas ele é um queridinho dos natalenses. Os turistas adoram fazer um passeio e descer nas dunas das praias do Litoral Norte potiguar “com emoção” e quanto mais rápido, melhor fica. Quando este transporte virou mania no Nordeste?
Um bugue não possui portas ou cobertura, que permite a locomoção, geralmente com fins recreativos, sobre dunas, areia, grama, barro e qualquer tipo de terreno de difícil locomoção.
No Brasil, os primeiros bugues chegaram graças aos residentes dos Estados Unidos, que traziam a carroceria dos modelos de Bruce Meyers e o montavam na mecânica do Fusca. O primeiro modelo a ser fabricado no Brasil foi o Glaspac, que era uma cópia do Meyers Manx II. A Glaspac foi criada por Donald Pacey, em 1962, e produzia peças de fibra de vidro para caminhões.
Logo após o surgimento do Glaspac, foi a vez do Kadron, buggy com design brasileiro, criado pelo designer Anísio Campos, o mesmo que criou o Puma. O Kadron foi produzido na fábrica da Puma Veículos, em São Paulo, e assim como Meyers, sofreu muito com a cópia não autorizada.
A partir destes modelos pioneiros, centenas de fabricantes surgiram nas décadas de 70 e 80, que aproveitaram o momento de crescimento do mercado e a inexistência de alternativas importadas. No inicio, a construção de um buggy era artesanal e muitos montavam em casa a partir da compra de kits.
O chassi do Fusca era recortado para colocar a carroceria, utilizando-se muitas peças do carro doador, inclusive tanque de combustível, instrumentos, parte elétrica, suspensão, motor e caixa.
Somente a partir de 2008, com a resoluções 291/292 do Denatran, esta prática foi proibida para particulares.Ou seja, somente fábricas autorizadas podem produzir estes carrinhos.
Hoje a legislação é muito rígida e poucos fabricantes que atendem às exigências legais de emissões e segurança, como a BRM de São Paulo, a Selvagem do Rio Grande do Norte e o Cauype do Ceará. Falando na empresa Selvagem, localizada no município de Parnamirim, vamos contar a sua história.
Tudo começou com Marcos José Oliveira das Neves em 1973. Um belo dia, um amigo perguntou se ele seria capaz de fazer um carro que pudesse andar nos “morros de areia”. Apesar de belas, as dunas não são muito convidativas para passeios a pé. Marcos montou, então, um carro de alumínio e chapa de ferro para o amigo. O carro começou a chamar atenção por onde passava.
Quando as pessoas descobriram para que servia, começaram as encomendas. Quatro de início. Não dava para ser mais; o carro era feito a mão. Depois de fazer um curso sobre a fibra de vidro em São Paulo, Marcos passou a produzir o “imortal” Selvagem.
Três anos depois, graças a um contrato com a Volkswagen, passou a montar carros zero quilômetro, ainda com motor de fusca e depois de Kombi.
Praticamente todo é feito à mão na própria empresa. Capotaria, metalurgia, pintura, laminação da fibra, tudo é feito dentro da própria fábrica, o que eleva o grau de qualidade do produto final. Isto também reflete-se no preço. É o buggy mais caro do Brasil. E o mais desejado, também.
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