Alguns jornalistas vão reclamar de que fiz o texto um pouco tarde? Eu defendo que não, pelo simples argumento de que eu precisava do feriado do dia de finados para digerir e tentar pensar em como argumentar. Para começar, eu digo esta frase: Quem vai realmente para a conhecida Praça do Gringo’s não gostou da festa (por isso as críticas nas redes sociais, apesar de alguns usarem discurso de ódio ou frases preconceituosas), pois “os infiltrados estragaram” a noite e a transformaram em uma pipoca do Carnatal.
Quando falo de infiltrados são aqueles que vieram apenas para fazer treta e soltaram comentários maldosos sobre o LGBT e galera das camadas mais pobres dentro do evento do Facebook após a festa. Quando digo que parece o Carnatal não é o público, mas a situação de que é comum na micareta, como lixo, brigas e poluição sonora.
O que pode ser resumir a festa: Alternativos (pessoas que realmente frequentam o lugar que fica na Avenida Praia de Ponta Negra) fizeram êxodo para a praça “Disco Voador”, muita gente e muita loucura. Rende uma tese de doutorado para o curso de Ciências Sociais (fica a dica).
Beleza, isto tinha no ano passado quando a festa deixou de ser organizada por um bar e virou um encontro de pessoas combinadas apenas pelo Facebook. Portanto, o estabelecimento não tem culpa pela bagunça que foi deixada, tanto que a Urbana (órgão responsável pelo lixo realizou um mutirão de limpeza). Veja a foto do pós-festa feita pelo jornalista Moisés de Lima:
O que aconteceu na noite daquele domingo (1) já era previsto pelos entrevistados do documentário “Lá Pro Gringo’s”, que eu publiquei no Brechando e o vídeo pode ser conferido neste link. A Praça do Gringo’s, de nome oficial Praça Ecológica de Ponta Negra, só é chamada assim por conta de um bar que tinha antes na via, que fica por trás do restaurante Camarões.
Vamos fazer um relato de como foi o Halloween do Wesley (organizado pelo bar Wesley’s) e do Gringo’s (nome do antigo bar antes do Wesley’s e foi organizado pela internet por um grupo sem ligação com o estabelecimento comercial). Os dois eventos aconteceram neste final de semana.
Sabendo que a gente já tem uma festa tradicional de Halloween, a Prefeitura do Natal já podia organizar este evento para que fique melhorando não só pelos frequentadores, mas também para os moradores e eles tiveram ou ainda vão ter problemas com as consequências das festas, principalmente a que aconteceu domingo que a praça tinha mais gente que a sua capacidade e a qualquer momento poderia ter uma consequência muito trágica.
Vamos começar a falar do Halloween do Wesley’s, que foi um evento bem mais tranquilo. A festa mesmo acontecia dentro do bar, apesar de que havia muita gente fantasiada ao redor da praça que fica perto. Quase não havia carros de som tocando forró, suingueira ou eletrônica.
Dava para circular, comer uma comida nos Foodtrucks que estavam instalados e acabou bem mais cedo. Dava para estacionar os carros e a praça do Disco Voador estava tranquila, pouca gente, só com os skatistas de costume. Tinha alguns “abençoados” fazendo aquelas necessidades urinárias nas garagens das casas próximas, mas nada do que seria o dia seguinte.
Muitos pensavam: “Aqui está morgado, amanhã vai ficar melhor porque o povão vai fazer a festa”. Acho que papai do céu viu esta frase e disse: “Vamos trollar estes meninos”.
Eram 21 horas quando cheguei na então festa. O combinado era para ir a festa mais cedo por motivos de que a gente queria estacionar o carro em um canto fácil. Quando finalmente chegamos a praça, nós vimos um mar de gente. Mar não, oceano mesmo (risos). Tirei algumas fotos de como estava aquela situação, que estava insuportável e agonizante. Deveria ser uma coisa feliz, pois tinha gente de todas as classes sociais e estilos juntas por um mesmo motivo. Mas, houve uma ruptura de grupos, algo que não estava no script.
Não dava para conversar direito, era pisoteada o tempo todo (tchau, unha do dedo mindinho do pé), ficava caindo sobre as garrafas quebradas no chão e ficava só me divertindo com as fantasias, no qual o povo estava bastante criativo neste ano. Após ter encontrado alguns amigos e conversando por 30 minutos, eu senti que aquela festa estava me deixando triste.
– Nossa nunca vi esse troço tão lotado na minha vida – disse um dos amigos.
– Estou quase indo para outro canto, pois não dá para aproveitar a festa – comentou o outro.
– Às vezes um rolé barato não vale a pena e este é um – apontou mais uma amiga minha.
Eu via pitboys procurando briga para tudo, quase vi uma agressão contra mulher (chamando de puta, inclusive), xingamento com as transgêneros que estavam lá, engarrafamento insuportável para quem estivesse dirigindo na vizinhança, os ambulantes sufocados para tentar vender os seus produtos com seus estabelecimentos quase destruídos (apesar de terem lucrado bastante) e o som totalmente diferente do que ouvia, trios elétricos improvisados mesmo. Nem dava para ver direito as fantasias, no qual algumas chegaram a ser destruídas com a grande quantidade de pessoas.
Resolvi dar uma volta sobre a praça para saber o quanto estava lotando, até eu perceber que tinha bastante gente circulando na Avenida Engenheiro Roberto Freire, via principal do bairro e encontrei um ex-namorado e o irmão dele, tentando arriscar para ir à festa da praça. Então, eu dei um: “Boa sorte, porque vocês vão precisar”.
Os estabelecimentos da Roberto Freire estavam cheios de zumbis, bruxas e vampiros. Podia ver facilmente um tomando sorvetinho tranquilamente.
Voltando para praça. Então, eu só peguei um espetinho para comer com guaraná (a tenda quase foi derrubada por um bêbado, podendo provocar um grande incêndio) e eu e meu namorado resolvemos participar do grande êxodo: sair da festa original para elaboração de uma outra festa, que aconteceu na Praça do Disco Voador. O local estava com pessoas de que realmente frequenta a então Praça do Gringo’s e estava insatisfeita com a invasão de pessoas que nunca pisaram por lá.
– Vamos para praça do Disco Voador, está mais jogo de ficar por lá e conversar besteiras – convidou um dos meus amigos frequentadores ferrenhos da Praça do Gringo’s. O êxodo pode ser conferido neste vídeo:
Era quase uma Eco Praça, sendo que as pessoas estavam fantasiadas para o Halloween, não tinha shows, pessoas praticando slackline ou tecido acrobático. Foi aí que a festa começou para valer, à moda antiga. Para quem não sabe, a Praça do Disco Voador é aquela que fica um quarteirão depois da conhecida Praça do Gringo’s e tem esse nome por conta da caixa d’água ter formato de uma espaçonave.
O êxodo foi grande, só faltou abrir o mar vermelho. Muitas pessoas andando naquelas ruas estreitas que ficavam de uma praça para outra. A diferença dos dois espaços públicos é que a do Disco Voador é usada diurnalmente, onde a galera faz esportes, como skate ou slackline. Porém, ela fez cosplay da Praça do Gringo’s. Assim como os frequentadores, o local estava fantasiado.
– Nossa, aqui está bem melhor – comentou um frequentador.
Comecei a encontrar pessoas que não via há anos e começar a conversar tranquilamente. Vi um ex-namorado que estava com atual e até tentou falar comigo apressado e eu nem dei tanto os cabimentos, fiquei continuando a conversar com os amigos presentes, mostrando a famosa tatuagem, falando da minha vida de formada e, claro, do Brechando. Mostrei minha pseudo-fantasia, no qual coloquei um corset que não havia visto há dois anos.
– Lara, você está Brechando o Halloween? – Perguntaram um dos engraçadinhos que dedico este post.
Este foi o Halloween da Praça do Disco Voador, como denomino esta festa. Alguns chegaram até a dormir no local, conforme esta imagem a seguir:
Foi, portanto, o momento ideal que as pessoas poderiam conversar, desfilar as suas fantasias de forma mais tranquila, namorar, ficar ou beber. Parecia aquele encontro na praça, que é comum em ver no interior.
Se perguntarem se vou no ano que vem? Repensarei…O que aconteceu ontem tem que gerar diversas discussões.
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