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Pixos homofóbicos contra Fátima são espalhados em Natal e a origem do termo “sapatão”

Fátima Sapatão

Recentemente, vimos um pixo de “Fora, Sapatão”, referência à Fátima Bezerra, esse termo veio deslegitimar não só as lésbicas, como feminino . Saiba mais no Brechando

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Pixos espalhados contra a governadora Fátima Bezerra e o presidente Lula estão espalhados por aí. E daí, é notícia? Não deveria, afinal ainda vivemos em uma democracia. No entanto, o problema é no pixo está “Fora Sapatão” sob uma placa de obra da Prefeitura do Natal. É um termo jocoso para se referir à uma mulher lésbica, no qual Fátima abertamente se declarou.

Por que interessa chamar Fátima de sapatão? E por que incomoda tanto a oposição uma mulher lésbica governar o poder? Está no mesmo patamar quando chamavam as políticas mulheres, como Micarla de Sousa ou Rosalba Ciarlini, que fecharam seu governo com altos índices de rejeição, sob a alcunha de “rapariga”, “puta” ou criticavam a sua aparência, ao invés de falar os verdadeiros erros da sua gestão.

Mais uma vez xingando as mulheres, os seus corpos e relacionamentos antes de mostrar o lado profissional.

Se quiser pedir “Fora, Fátima”, peça. Mas, pelas coisas que realmente possam ser criticadas e não pelo seu fato de aceitar dela por ser lésbica. Então, veio a curiosidade de saber de onde veio a origem do termo “sapatão”

O termo que Fátima levou no pixo,”sapatão”, veio para criticar o feminismo

Está relacionado ao “Maria Sapatão”. Em reportagem feita pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), foi ainda no século XX que se criou o termo “Maria Sapatão”. Apelido então dado para algumas lésbicas que preferiam calçados masculinos no lugar dos delicados sapatos femininos.

Além disso, a página Sapatista também alegou esta história, principalmente no movimento feminista, uma vez as feministas eram a “destruição da moral e dos bons costumes da sociedade”.

Evidentemente, exisitam mulheres lésbicas dentro desse movimento, mas elas também sofriam discriminação e invisibilidade em relação a feministas heterossexuais.

disse o site Sapatista

Com o passar dos anos, o termo foi se popularizando enquanto um xingamento pejorativo para mulheres masculinizadas, estereotipando o jeito de andar, caminhar, vestir e se comportar das experiências lésbicas. Ou seja, não era apenas um xingamento por não gostar de homens, mas também continuar querendo afirmar que havia apenas a existência de corpos binários (o homem e a mulher).

Neste mesmo site, o Sapatista, a doutorando Hariagi Nunes, propõe a transformação do termo “sapatão” de xingamento como uma ideia de identificação política, visto que é uma forma de falar que mulheres ditas “masculinizadas” têm o direito de se expressar desta forma e de demonstrar romanticamente com outras mulheres, assim como outras que se identificam com gênero feminino e mantêm este tipo de relacionamento.

Em suma,  sapatão é uma categoria aberta à manada queer, como escreve Preciado, onde sapas, bixas, translesbixas, boycetas, caminhoneiras etc. podem existir sem estarem condicionades à categoria mulher, vivenciando lesbianidades em múltiplas corporalidades além do binarismo de gênero e do olhar clínico das ciências biomédicas.

Disse Hariagi

Portanto, xingar qualquer pessoa de “sapatão” não transforma o debate da gestão do governo estadual, mas traz questionamentos sobre gênero, mulher e a nomenclatura Lésbica. Além de falar as vivências lesbianas de corporalidades cis, negras, indígenas, brancas, periféricas, de classe média, campesinas, trans, gordas etc.

Ambas constituem experiências de sujeitos que vivem lesbianidades a partir de diferentes corporalidades.

Fátima tinha falado sobre ser uma mulher lésbica em 2020

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se declarou homossexual durante a entrevista que concedeu ao programa Conversa com Bial, da Globo, conforme foi amplamente divulgado. Contudo, o ex-deputado federal Jean Wyllys, na mesma época, ressaltou que Fátima Bezerra figura como a primeira chefe de um Executivo estadual assumidamente lésbica.

Nesse sentido, após o assunto disseminar achando que Jean “forçou a saída do armário”, Fátima veio a público, por meio do Twitter. Ela destacou que em sua vida nunca existiram armários. Por causa disso, Fátima criou o seguinte tweet:

Na minha vida pública ou privada nunca existiram armários. Sempre demarquei minhas posições através da minha atuação política, sem jamais me omitir na luta contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia e qualquer outro tipo de opressão e de violência, escreveu Fátima.

Disse a Governadora

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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