Já falamos algumas coisas do bairro do Alecrim, que podem ser conferidas a seguir:
- Por que as avenidas do Alecrim são conhecidas pelos números?
- Conhecendo o Alecrim, bairro mais comercial de Natal
Mas nunca falamos sobre o Cemitério do Alecrim. Como nesta quarta-feira (2) celebra-se o feriado de Dia de Finados, vamos falar a história deste prédio histórico que ajudou a crescer o bairro. Sabia que ele surgiu antes da formação do bairro? Foi o primeiro cemitério público de Natal, que na época Natal se resumia territorialmente aos bairros da Ribeira e Cidade Alta. Antigamente, os corpos eram enterrados nas igrejas.
O Cemitério do Alecrim foi inaugurado no ano de 1856. Portanto, ele existe há 160 anos. Sim, este prédio simpático da foto acima do título guarda muita história dos natalenses e da cidade por quase dois séculos.
Nos livros publicados de Câmara Cascudo, também enterrado no Cemitério do Alecrim, juntamente com outros parentes, existem duas versões sobre a origem do nome do bairro Alecrim. A primeira refere-se às pessoas humildes que tinham o habito de enfeitar a frente de suas casas com a planta do alecrim. A segunda diz respeito a uma moradora local que costumava decorar os caixões dos “anjinhos” com galhos da referida planta.
A construção do cemitério, até então sem nome, surgiu após um surto de cólera em 1855, ano em que foi autorizada a obra. Na época, o Alecrim era habitados por agricultores e era tão distante do centro da cidade que um carro fúnebre teve de ser providenciado para o transporte dos corpos.
A primeira reforma do cemitério só aconteceu em 1941, já passou por várias reformas, mas é comum ver os noticiários falando da falta de infraestrutura. Em 2011, a Prefeitura do Natal decretou o prédio como Patrimônio Histórico de Natal, mas nenhuma reforma foi feita até então.
O que o Cemitério do Alecrim tem de tanto diferente? Lá é enterrado desde a pessoa mais pobre até os mais ricos. Ou seja, não tem restrição de credo, cor ou classe social. Lá está sepultado desde o seu parente até o ex-presidente Café Filho.
Leia esta matéria aqui, realizada no Dia de Finados do ano passado.
O espaço é lembrado pela existência daqueles mausoléus gigantes e bem feitos, parecendo uma casa que vai habitar cinco famílias. Os trabalhos artísticos nos túmulos típicos existem várias representações de Jesus, anjos, santos e figuras mitológicas, de autoria de escultores e artesãos locais ou de outros Estados.
Por exemplo, uma estátua do deus grego Hermes está postada no mausoléu de João Câmara e existe várias lendas sobre o monumento.
Outras estátuas que chamam atenção estão no túmulo da família Cicco: Uma de pé, representando a Yvette Simões Cicco, falecida em 1937, aos 25 anos. Era filha única de Januário Cicco, renomado médico que fundou os primeiros hospitais de grande porte em Natal. A outra estátua sentada é a mãe da jovem e esposa de Januário Cicco.
Existe também um bom número de túmulos de porte coletivo vinculados a entidades cooperativas como os da Liga Artístico-Operária Norte Rio Grandense, da Maçonaria do Rio Grande do Norte e da Congregação das Filhas do Amor Divino. O Cemitério do Alecrim guarda muitas histórias, como os túmulos idênticos de três jovens pilotos australianos, abatidos em abril de 1944, que foram resgatados e ali sepultados
Uma das curiosidades do cemitério é ser a úncia área da cidade que tem uma ala dedicadas aos Judeus. Além disso, está enterrado um americano que morara em Natal quando a cidade serviu de base militar durante a Segunda Guerra Mundial.
O historiador Rostand Medeiros contou que até o final da Segunda Guerra Mundial centenas de cemitérios temporários haviam sido criados pelas forças armadas dos Estados Unidos em campos de batalha e locais de apoio ao redor do mundo.
Com o fim da guerra foi organizada uma grande operação para trazer aos Estados Unidos 233.181 americanos mortos, tudo sob a coordenação da American Battle Monuments Commission (ABMC), uma agência do governo americano criada em 1923 e destinada exclusivamente a tratar do repouso eterno dos guerreiros estadunidenses. Grande parte dos cemitérios temporários foi desativada durante a operação de traslado dos corpos para os Estados Unidos, que se estendeu de 1945 a 1951.
Devido à vinda de combatentes feridos de outras frentes de batalha e que expiravam em Natal, ou por ferimentos causados em combates contra submarinos inimigos em nossas costas, a queda de aeronaves, doenças e as mais diversas causas, estiveram enterrados no cemitério do Alecrim durante o período da guerra 146 militares estrangeiros.
Entretanto, ainda existe o túmulo do sargento Thomas Browing, que tinha apenas 22 anos, quando morreu em 1943. A lápide é bem parecida com aquelas vistas nos filmes, de pedra e em forma arredondada. O Rostand publicou um trecho do jornal Diário de Natal que fala do sepultamento de americanos em Natal.
Quem está enterrado ali? O pioneiro no processo de industrialização no Rio Grande do Norte, Juvino Barreto, e do maior religioso popular da cidade, o padre João Maria e o primeiro governador do RN, Pedro Velho. Ainda tem o poeta Henrique Castriciano e sua irmã Auta de Souza.
Aproveite o Dia de Finados e conheça pontos turísticos diferentes.
Deixe um comentário