Foto: Rose Dantas/G1
A Mata do Pilão, localizada na região no Litoral Sul do estado, foi incendiada na semana passada. O Corpo de Bombeiros demorou quatro dias para controlar o fogo. Esta mata é inserida na reserva ambiental da Área de Proteção Ambiental (APA) Piquiri-Una, na região Leste do Rio Grande do Norte e faz parte da rota do ecoturismo e da prática de esportes radicais. A reserva tem áreas de Mata Atlântica e Caatinga, principais ecossistemas do estado, e inclui mais de 40 mil hectares em cinco municípios potiguares: Goianinha, Canguaretama, Espírito Santo, Pedro Velho e Várzea.
Estimava que 400 hectares dos 40 mil foram comprometidos pelo incêndio. A região tem quatro nascentes de água que abastecem rios e a população da de cidades vizinhas.
Recentemente, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e o Instituto do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (IDEMA) divulgou que 30 hectares de Mata Atlântica na região da Área de Preservação Ambiental (APA) foi destruído completamente. Quer dizer, 7,5% do que foi destruído pertencia ao bioma.
Portanto, 370 hectares pertence a Caatinga. Mas, não pense que isso é uma vitória, pois a destruição desse ecossistema pode transformar o sertão nordestino em um deserto.
Neste ano, a Embrapa mostra que 300 mil quilômetros da quadrados da caatinga já virou deserto, sendo que 200 mil é só na região Nordeste. E a desertificação deve avançar quase 3 mil Km² por ano se nada for feito. Em 2013, o Ministério do Meio Ambiente apontou que os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Pernambuco aponta um avanço na desertificação.
A APA incendiada possui em sua estrutura 328 e 246 espécies de animais e plantas locais, respectivamente. Nenhuma delas, aponta o relatório, foram afetadas de modo a gerar riscos de extinção. O estrago das chamas determinado no relatório é bem menor do que a equipe técnica do Governo do Estado esperava, quando o fogo ainda queimava na mata, num local mais próximo ao município de Espírito Santo, cidade onde fica a maior parte da mata.
Apesar do resultado ser menos ruim para a Mata Atlântica, pelo menos é que os órgãos estatais apontam, a destruição da boa parte da reserva pode fazer com que a Mata Atlântica no estado potiguar diminua cada vez mais. Em 2006, há 10 anos, a Mata Atlântica no Rio Grande do Norte representava apenas 6% do ecossistema do estado, veja este mapa a seguir:
Na região da Mata Atlântica é onde residem cerca de 70% da população brasileira, o que é refletido no alto grau de desmatamento que sofreu o bioma. Isto pode afetar o modo que nós natalenses vivemos.
Apesar de legalmente protegida, a perda e fragmentação dos hábitats, caça e extração predatória de produtos florestais, tal como a conversão de áreas de floresta em campos cultivados não diminuíram.
Atualmente existem cerca de 10% da mata nativa em todo o Brasil. A maior parte dos remanescentes de mata constituem-se de pequenos fragmentos (cerca de 83% com menos de 50ha), isolados entre si. No Rio Grande do Norte, os maiores fragmentos estão na Mata Estrela, em Baía Formosa, e Parque das Dunas, na capital potiguar.
Há 10 anos, a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte representava uma área total de 3.298 Km² e está localizado no litoral leste do Estado, ocupando total ou parcialmente 27 municípios, abrangendo os ecossistemas de mata, restinga e manguezal.
Nesse período, órgãos públicos pretendiam fazer um corredor ecológico partindo da Mata da Estrela, no município de Baía Formosa, e seguindo pelas restingas arbustivo-arbóreas do litoral até o município de Natal. Outro corredor pode ser formado a partir de Extremoz até o município de Touros, também protegendo e recuperando o ecossistema de restinga. Porém, este plano nunca saiu do papel.
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