Falamos de Fabião das Queimadas, o homem que fez a rabeca ficar famosa. Mas, nas ruas de natalense teve outro rabequeiro, o André. Faz 11 anos que ele partiu da vida terrena, mas a sua história é comentada até hoje pelos natalenses e que gostam de compartilhar a história. Com a finalidade de deixá-lo eternizado, vamos contar a sua história ou o que, pelo menos, a gente sabe sobre o artista.
Lembro dele na minha infância
Andando pelo centro de Natal. Seja para comprar material escolar ou roupa na Riachuelo no pré-Midway. Ele estava lá. A rabeca tem um som mais agudo e triste que o violino, mas mantinha o som característico do nordeste. Ele tinha um olhar vesgo, no entanto era assim que ele se expressava. “Ele vive aqui”, dizia as pessoas.
Pesquisando no Google sobre o nome “André da Rabeca + Natal/RN”, eu achei alguns artigos no Papo Cultura e no Substantivo Plural. Ambos contam um pouco de sua história. Uma das poucas coisas que sabemos, ele era natural da cidade de Santo Antônio do Salto da Onça. Além disso, dizia que tinha três filhos, no povoado de Mendes, em São José de Mipibu, onde o rabequeiro trabalhou na roça quando jovem.
No início dos anos 80, após uma briga com o pai, pegou a estrada para a capital e foi tocar rabeca nas ruas.
Suas canções
Não se sabe quando começou a tocar o instrumento. Em seu repertório tocava cirandas ou clássicos da música popular nordestina. Conseguia algum trocado, despejado em um boné velho. O dinheiro às vezes pagava o almoço do outro dia. Só às vezes. Era assim também no outro ponto fixo, na Cidade Alta, nas imediações da Princesa Isabel. Lá, o rabequeiro sentava no meio-fio da calçada e tocava para os passantes que só passavam.
No You Tube, tem o registro dele tocando a rabeca em 1996. Dê o play a seguir:
Em 2003, ele foi um dos personagens da série de documentário “Face das Ruas”, de Civone Medeiros, no qual ele contou um pouquinho de sua trajetória. Confira a seguir:
André da Rabeca terminou a vida em Mãe Luíza
Assim como Blackout e Marcelus Bob, André morava em Mãe Luíza, onde ele descansava quando anoitecia. Alternava entre a Sorveteria Tropical de Petrópolis e as ruas da Princesa Isabel, próximo onde hoje é o Delícias do Mate.
As últimas notas de sua história como rabequeiro foram dadas em dezembro de 2009. A tuberculose se manifestou mais uma vez e seu estado de saúde piorou rápido. Como todo desvalido, fez sua peregrinação pelos postos e hospitais públicos: Posto de Saúde de Mãe Luíza (bairro onde morava), Hospital dos Pescadores (Rocas) e Walfredo Gurgel.
André morreu aos 67 anos, deixando Dona Nazaré, sua esposa, e cinco filhos. Destes, só Ivanilson, o mais novo e único nascido em Natal, morava com ele. Os três filhos homens estiveram no sepultamento no cemitério do Bom Pastor, no domingo, 17.
Deixe um comentário