Quando se noticiaram sobre os franceses protestando vestidos um colete amarelo, muitos potiguares rapidamente associaram com o ano de 2012, quando estudantes protestaram contra o aumento da passagem de ônibus em Natal, gerando a famosa “Revolta do Busão“, com a alta rejeição à então prefeita Micarla de Sousa mais ano eleitoral, os vereadores conseguiram revoltar o aumento da passagem de R$ 2,20 para R$ 2,40. No ano seguinte outras cidades brasileiras aderiram ao protesto similar e o que era um simples protesto contra o aumento de passagem virou uma manifestação contra as mudanças políticas, transformando na Jornada de Julho, no qual o maior protesto aconteceu no dia 20 de julho de 2013.
Se você conversar com alguém da esquerda se foi neste protesto do dia acima, aqueles que compareceram vão responder vergonhosamente que sim. Por quê? Gerou consequências até hoje, como o avanço do ultraconservadorismo no Brasil, pois alguns estudiosos alegam que a entrada de manifestantes conservadores e o apoio da imprensa fez com que a ideia do protesto fosse contra o Governo e não apenas a política em favor de empresas de grande porte.
Após o protesto de 2013, houve a divisão entre manifestantes a favor do Governo e contra, culminando nas manifestações que aconteceram após a releição de Dilma Rousseff.
Assim como a Revolta do Busão, os coletes amarelos, espalhados pelo território francês, não tem líderes nacionais e a convocação é toda feita através das redes sociais. O nome recebe este protesto, pois os franceses, devem utilizar este equipamento dentro do carro.
Sim na França parece que o caminho está sendo o mesmo e vamos fazer o comparativo. Após vencer a ultraconservadora francesa Marine LePen, François Macron realizou inúmeras medidas não populares culminando em fazer com que mais de 280 mil pessoas foram às ruas na França para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis, principalmente o diesel, no qual custa R$ 6,46, o valor mais alto nos últimos 18 anos. Uma pessoa morreu atropelada e mais de 200 ficaram feridas. O episódio está sendo chamado de protesto dos “coletes amarelos”, já que manifestantes usaram coletes refletivos amarelos, peça obrigatória nos carros franceses.
Em vários pontos do país, os manifestantes bloquearam vias de passagem para automóveis. Em Paris, se aproximaram do Palácio do Eliseu, a residência oficial do presidente francês, e foram contidos pela polícia com gás lacrimogêneo. Os manifestantes acusam o presidente francês Emmanuel Macron de ter abandonado os mais pobres. Até agora, Macron não se pronunciou sobre os protestos – em alguns deles, houve quem pedisse a renúncia do presidente.
Em um pronunciamento na última quarta-feira, o líder francês assumiu que não “conseguiu reconciliar o povo francês com seus governantes”. Ao mesmo tempo, acusou seus opositores de usarem os protestos para barrar seu programa de reformam.
Macron falou ainda que a alta internacional no preço dos combustíveis é responsável por três quartos do aumento visto na França. Segundo a BBC, há um outro fator que levou ao aumento no preço do diesel francês. Este ano, o governo Macron aumentou os impostos sobre combustíveis fósseis, como parte de uma campanha para promover alternativas mais menos poluentes. A este respeito, Macron declarou que os impostos são necessários para financiar investimentos renováveis no setor de energia.
O protesto dos “coletes amarelos” recebeu enorme apoio. Segundo uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Elabe, 75% dos entrevistados disseram que apoiam os “coletes amarelos”. Outros 70% querem que o governo francês reverta os aumentos nos preços dos combustíveis.
Certamente, os políticos de oposição a Macron tentaram pegar uma carona no movimento. Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita francês, que concorreu contra Macron e foi derrotada no segundo turno, tem encorajado os protestos pelo Twitter.
Para tentar apaziguar os ânimos, o governo francês anunciou uma medida para ajudar as famílias mais pobres a pagarem a conta de energia e custos relacionados ao transporte. O primeiro-ministro Edouard Philippe afirmou que 5,6 milhões de famílias vão receber os subsídios. Atualmente, são 3,6 milhões. Outra medida a ser implementada são créditos fiscais para aqueles que dependem do carro para trabalhar.
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