Tangará é uma cidade que fica no meio do elefante (nome carinhoso que dá para o estado do Rio Grande do Norte por causa do formato do animal) e é muito perto de Natal, cerca de 1 hora e quase 100 quilômetros. Apesar de ficar no interior, ela fica entre a capital e Santa Cruz, uma das maiores cidades. Além disso, ela faz parte do caminho para quem vai para outras cidades turísticas, como Passa e Fica, Caicó, Currais Novos e dentre outras. Sempre visitei a cidade por ser neta de uma tangaraense e ter alguns primos que moram na região. Então, eu cresci ouvindo várias histórias, nos quais algumas coloco a seguir:
1) O nome vem de um pássaro
No início do século XX, no entroncamento das estradas de rodagem que ligavam a capital do Rio Grande do Norte, Natal, às cidades de Santa Cruz e São José do Campestre; próximo a um afluente do Rio Trairi, teve início um pequeno povoado denominado ‘Estação de Riacho’, integrante do Município de Santa Cruz. Aqui está uma foto com um recado dos meus trisavós no verso da imagem, assinando que estava em um povoado de Riacho.
Anos depois, por iniciativa do major Teodorico Bezerra, agropecuarista e político influente na região, o nome do povoado foi mudado para Tangará, nome de um pássaro que costuma andar aos saltos, por isso, sendo chamado pássaro pulador. É esta ave da foto:
2) A cidade completa 60 anos em 2018
No dia 26 de novembro de 1953, pela Lei nº. 931, o povoado foi alçado a condição de distrito, o que lhe deu relativa autonomia política. Somente em 31 de dezembro de 1958, pela Lei nº. 2.336, Tangará foi desmembrado de Santa Cruz e elevado à categoria de município do Rio Grande do Norte. Na identidade da minha avó Auréa, por exemplo, diz que a cidade natal dela é Santa Cruz.
3) Era rica em plantação de algodão
Como falado anteriormente, a cidade surgiu nas margens da estrada que ligava à Santa Cruz. Nas décadas seguintes, migraram para o povoado alguns moradores como Antônio Lula, João Ataíde de Melo, Sebastião Barreto e outros: que vieram a fazer a história político-social do lugar e a contribuir com as primeiras iniciativas na produção de alimentos semi-industrializados, como panificação e laticínios. Entretanto, um maior desenvolvimento econômico e social só viria a ocorrer com a implantação de duas usinas de descaroçamento e beneficiamento do algodão, ambas da iniciativa privada, em meados do século XX.
4) Foi cenário de um documentário do Globo Repórter
Teodorico Bezerra foi umpolítico bastante influente no sertão. Era proprietário de quatro fazendas no agreste do estado, sendo a maior delas a Fazenda Irapuru, latifúndio de 14 mil hectares. Além de suas fazendas chegou a possuir três fábricas de óleo, uma refinaria de óleo e duas usinas de beneficiamento de algodão. Ficou conhecido ainda como hoteleiro. Comprou vários hotéis, como o Internacional, Avenida, Palace Hotel e o Hotel dos Leões que funcionava onde fica o escritório da Ecocil na Ribeira. Arrendou também entre 1939 e 1987, o Grande Hotel, onde hoje é o Fórum Estadual. Em tempos áureos do algodão, chegou a empregar 4 mil funcionários na sua Fazenda Irapuru. Eleito Deputado Estadual em 1947, pelo Partido Social Democrático, estendeu seu poder a boa parte do território potiguar.
Foi dono também da Rádio Trairi e do Jornal do Comércio de Natal Em 1978, foi tema do documentário “Theodorico, o Imperador do Sertão”, dirigido por Eduardo Coutinho e apresentado no programa Globo Repórter, da TV Globo. O documentário completo pode ser visto no You Tube:
5) Lá tem o famoso pastel!
Quem passa por Tangará sabe da importância do pastel. Diferente daqueles feitos pelos japoneses, ele é sequinho e leve, mesmo sendo frito na hora e a massa é totalmente caseira, além de trazer como recheio vários produtos nordestinos, tem carne de sol, queijo manteiga, queijo de coalho, frango e dentre outros. Começou na antiga Padaria Veneza, criada em 1997 em uma casa onde por muito tempo meu bisavô Miguel Inácio residia, e depois vários pontos da cidade começou a fazer. O produto virou quase uma caracterísitica da cidade. Pensou em Tangará, automaticamente pensou em Pastel.
Foto acima do título: Daltro Emereciano.
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