Esta foto de Magnus Nacimento, publicada no ano passado para o jornal Tribuna do Norte, mostra um casarão centenário que fica na Rua Chile. A residência de rosa e branco, com número 63, morou um poeta potiguar que não é muito lembrado e seu primeiro livro foi lançado dois anos após a sua morte, intitulado de “Terra Natal” (1914). Foi enterrado como indigente no Rio de Janeiro.
Era nesta rua que ele morou, montou seu circo e trabalhou por muito tempo. Atuou como poeta, jornalista, auxiliar de comércio, funcionário público e professor, apesar da baixa escolaridade.
Ferreira Itajubá era o nome de Manoel Virgílio Ferreira, nascido no dia 21 de agosto. Não se sabe se Ferreira veio ao mundo em 1875, 1876 ou 1877. Muito menos se nasceu em Natal ou na cidade de Touros, onde fica a origem de seus familiares.
Aprendeu as primeiras letras, com o professor Tertuliano Pinheiro e com Joaquim Lourival Soares da Câmara. Ficou órfão de pai aos seis anos, vitimizado pela varíola. Sua mãe foi quem lhe criou. Então, Itajubá teve que entrar na labuta bem jovem. Aos 12 anos, ele foi trabalhar numa loja na Rua Chile. Quatro anos mais tarde se mudou para Macau após receber uma outra proposta de emprego.
Assim como seu pai, ele também ficou doente de varíola e teve que voltar novamente para a capital potiguar, tendo que retornar ao antigo emprego, no qual recebeu o direito de estudar. Entretanto, o patrão morreu e resolveu montar um circo no quintal de sua casa, onde fazia todos os personagens.
Em 1896, ele criou o jornal literário “O Echo”. Em seguida, ele fundou a revista “A Manhã”. Entretanto, ele escreveu para todos os periódicos daquela época, como “A República” e “O Diário de Natal”.
Sua poesia era ligada ao Romantismo, mas com influência do Parnasianismo e do Simbolismo.
Com a antiga residência Itajubá “ainda viva”, a intenção é usá-la para fazer um memorial em sua homenagem. A proposta já foi aprovada em um edital municipal e o orçamento é de R$ 280 mil, envolve parceiros nacionais e inclui a restauração do imóvel.
A casa já foi uma agência de publicidade e também funcionou como o camarim do Centro Cultural Dosol, que fica do lado da residência.