Muitas vezes pegamos pensando sobre a ideia de apagar memórias traumatizante em nossas mentes, igual ao filme “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”. Mas sabia que isso é realmente possível? Um estudo potiguar mostra que é possível apagar a memória, trazendo efeitos irreversíveis.
Alguns, por exemplo, declaram que já sonharam, mas não lembravam do assunto ou que apagaram o que sonharam. Mas, você sabia que isso é possível mesmo? Um estudo de neurociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pode explicar muito bem.
O que o Instituto do Cérebro afirma
O Laboratório de Pesquisa da Memória do Instituto do Cérebro (ICe-UFRN), dirigido pelo Dr. Martín Cammarota, neste ano, publicou um artigo na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O título é “A dopamina controla se novas informações declarativas atualizam memórias reativadas através da reconsolidação”, que pode ser lido por completo aqui, embora esteja em inglês.
As alunas de Martín Cammarota, as doutoras Maria Carolina Gonzalez, Janine Rossato, Andressa Radiske e Lia Bevilaqua, estudam desde 2018 o campo da neurobiologia da memória.
A equipe concluiu que dependendo da informação prévia disponível e do estado de ativação dos receptores para dopamina numa região cerebral chamada hipocampo, as novas memórias se formam seguindo um de dois processos distintos, utilizando ratos como cobaias.
Como funciona esse processo baseado no estudo potiguar sobre o conceito de apagar a memória
Se os animais não possuem informação prévia relevante ao que está sendo aprendido, então as novas memórias se formam mediante um mecanismo que requer a participação de uma proteína chamada CaMKII e acabam sendo armazenadas como lembranças independentes e sem ligação direta com memórias preexistentes.
Pelo contrário, se os ratos adquiriram previamente informação relacionada com o que estão aprendendo, então as novas memórias em questão se formam mediante um processo. Além disso, requer uma outra proteína, chamada PKMzeta, e terminam sendo acopladas às memórias anteriores, formando uma espécie de rede de conhecimentos interligados e interdependentes.
O que concluíram sobre o estudo potiguar sobre apagar memória?
O que faz com que as memórias sigam um caminho ou outro é a interação dos receptores D1/D5 para dopamina do hipocampo. Além disso, eles, por sua vez, estão envolvidos nos processos cerebrais que mediam a detecção de novidade.
Quando aprendemos coisas novas, quase sempre ativamos também memórias que já possuímos. Como resultado, podemos identificar que algo é inédito, temos que acessar nosso próprio repertório de memórias.
Esta bola foi cantada no filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”
O filme de Jim Carrey de 2004 mostra que o protagonista resolve apagar as memórias sobre sua namorada depois que descobre que ela fez o mesmo com as memórias acerca dele. Porém, sem desejar, também elimina da mente todas as vivências atravessadas pelo relacionamento.
Os experimentos demonstram que, dependendo do mecanismo que o cérebro tenha utilizado para formá-la, pode ser impossível apagar uma memória sem afetar outras inadvertidamente, assim como acontece com o personagem de Jim Carrey.
Esse processo de apagar a memória se chama, portanto, de reconsolidação, uma vez que liga e associa as memórias, convertendo-as em interdependentes. Se esquece uma, também esquece da outra, querendo ou sem querer, e sem importar se você consegue ou não lembrar consciente ou inconscientemente delas.
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