Coração acelerado, estômago corroendo…Pensava que era crise de estresse…Era a crise de ansiedade. Que nem Rivotril daria um jeito, balancei a cama toda e tive pesadelo. Mas, isso não rolou somente agora. Primeiramente, aconteceu às 09 da manhã, quando vi um monte de ambulante vendendo bandeira do Brasil.
“Era fogo de palha”, diziam nos grupos do WhatsApp. No caminho, alguns prédios da zona Sul hasteavam mais e mais bandeiras do Brasil e o lado conservador do brasileiro voltando à tona, assim como a história do “Ordem e Progresso”, inspirado no positivismo de Augusto Comte.
Saudades de quando reclamava que brasileiro só colocava a bandeira no carro apenas para comemorar a vitória de uma partida de futebol e não que retornaremos o regime de 1964. O mesmo regime que matou pessoas por serem contra o que eles pensavam, gastaram milhões de reais com obras inacabadas (“Oi, Transamazônica”), encobriu crimes de políticos do partido do Arena (“Caso Araceli”) e matou aqueles que ajudaram a proteger os manifestantes que sequer participavam de grupos políticos (Leia sobre a Chacina do Araguaia). Além disso, utilizou o futebol como cortina de fumaça para o AI-5 e criou todas as barreiras para que a oposição fosse minoria.
“Mas, eles eram terroristas e dariam um golpe comunista”. Não importa e mesmo se tivesse rolado um “golpe comunista”, a gente tinha que ser primeiramente dependente da URSS, algo que não rolaria. Naquela época, os Estados Unidos se juntou com grandes empresários e financiou ditaduras da América Latina para garantir território, caso ocorresse uma Terceira Guerra Mundial. Ou seja, nunca foi por ideologia.
Repito e digo: Nunca houve comunismo no Brasil! Jamais! Nem temos histórico sociocultural que mostre que isso chegou perto.
Outra, sabe por que a Intentona Comunista não deu certo? Porque empresários não tinham algum interesse de seguir o plano de Carlos Prestes. Além disso, o país flertava com o Eixo.
Sem contar que o país estava aderindo à moda do Integralismo, desenvolvido por Plinio Salgado e é inspirado no fascismo de Mussolini.
O Brasil só adentrou na Segunda Guerra para ajudar os norte-americanos e no pós-guerra, toda coisa que os EUA fosse fazer no país era recebido com louvor aqui.
Voltando a Ditadura Militar. Sobre o assassinato dos militantes, a pena de morte não era legal naquela época e usaram a máquina pública para interesses particulares, deixando muitos familiares sem enterrar entes queridos.
Tentei manter o profissionalismo, fiz material sobre a independência e comemorar a importância de que o país não era mais colônia de Portugal, apesar de todo revés. Com certeza não aguentaríamos viver por décadas em um regime como o de Salazar.
Ao mesmo tempo, as notícias eram assustadoras. A noite ficou pior, quando vi as primeiras notícias e o medo real de um golpe estaria rolando, principalmente nos grupos que utilizo com outros profissionais da comunicação para falar.
Desliguei as redes sociais. Fiquei profundamente triste vendo jornalistas contrariando a história, defendendo o fim do comunismo no Brasil (oi?), uma ditadura (fechou os mais diversos jornais, deixou muita gente desempregada e matou gente brilhante como Vladimir Herzog) e a volta do voto impresso.
Além disso, defende um Governo que em nenhum momento quis ajudar a proteger sua população do coronavirus, propôs uma agenda liberal sem algum planejamento, não conhece gestão pública, privatizou sem planejamento com argumentos falhos, excluiu a ciência e, o pior, tem um pesadelo de achar que tudo que é para o bem-estar é comunista.
Você não precisa concordar com os políticos de oposição, mas como uma comunicadora é questão de caráter ficar indignada com o dia de hoje. Demoramos 21 anos para poder votar em quem quiser, protestar sobre os nossos direitos, criar uma identificação como povo e, por fim, ter o direito poder escrever este editorial, com argumentos e sem nenhum achismo.
Hoje é um dia que os nossos símbolos foram destruídos, vimos pessoas que pensam no próprio umbigo e estão morrendo de medo de pobre crescer na vida, afinal nada mais que assustador para a classe média alta e rica que uma pessoa que veio de baixo compartilhe os mesmos espaços, sem precisar assaltar ou cometer qualquer crime. Desde o shopping até avião.
Precisamos parar de dizer que a gente tem que viver em caixinhas, que para crescer tem que merecer. Chega! Isso é a fórmula de ainda permanecer em uma inércia constante.
Esta é a quarta vez que estamos perto de um regime ditatorial por possível ameaça comunista. Precisamos parar de cair na mesma ladainha!
Por fim termino dizendo, a corrupção não deveria ser apenas o único filtro para impedir os políticos de serem eleitos, existem outros crimes, como tráfico de drogas, violência doméstica, incentivo ao ódio, racismo, feminicídio, financiamento de gangues, formação de quadrilha, obstrução de justiça e entre outros.
Digo mais a gente deveria saber se a pessoa está preocupada se aquele político está fazendo além do mínimo, saber a função de cada cargo e realmente conhece como funciona o país dentro de suas leis.
Fiquem de olho nos deputados que serão eleitos, pois eles que vão decidir as leis que o presidente vai sancionar. Eles que realmente mandam no país desde sempre e toda articulação política vem através do plenário!
Não ao golpe! Fora, Bolsonaro!
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