Recentemente viralizou um vídeo na internet o jornalista Jacson Damasceno criticando as falas de Sikêra Jr. O que ambos têm em comum? São nordestinos, apresentam programas policiais e já atuaram no Sistema Opinião, que administra alguns canais afiliados do SBT.
A diferença sobre trabalhar no Sistema Opinião é que Jacson foi diretor do Patrulha Policial em Natal, que consagrou Cyro Robson no primeiro lugar de audiência nas primeiras horas da tarde do SBT e Sikêra Jr apresentara o Plantão Alagoas, em Maceió.
Embora os nomes sejam diferentes, os cenários do Patrulha e Plantão eram iguais, inclusive com matérias que debochavam do consumo de drogas de forma recreativa (“Maconheiro tem que morrer”, Sikêra) ou de pessoas LGBT, quando se refere as travestis pelo gênero masculino (Patrulha da Cidade).
Os anos se passaram, Jacson e Sikêra se encontram novamente. Desta vez em lados opostos dos direitos humanos, no qual o potiguar primeiramente finalmente mostrou uma esperança sobre os programas policiais.
O que Jacson Damasceno disse sobre Sikêra Jr
No seu programa na Band Nordeste, Jacson utilizou estas seguintes palavras:
“Deixa eu dar um recado aqui que hoje é dia de combate ao preconceito e discriminação da turma do LGBTQIA+ e eu preciso dar um recado. Primeiro quero dizer que é uma luta de todos nós, todos os seres humanos. Chega de escárnio, de violência, de desamor, de pregar brutalidade, de pregar a diferença, a ignorância, somos todos iguais perante à lei e perante Deus, se você crê em algum Deus”, começou o apresentador da Band.
“Chega de em nome de Deus cometer violência, cometer agressão. O Deus que esses caras conhecem não é o meu Deus, o meu Deus ama, protege, abraça, ama infinitamente. Então, quero deixar um recado pra um colega nosso que trabalha lá no Norte do país, senhor Sikêra Júnior. Não conheço, nunca tive o desprazer de estar com ele, não gosto do trabalho dele. Mas respeito como profissional de imprensa como é”, avisou o comunicador.
Em seguida, o titular do Brasil Urgente Natal relembrou grandes artistas LGBTQIA+.
“Além de dinheiro, o que o senhor construiu nesse tempo todo, desde que você explodiu pra cá com as suas palhaçadas que você faz? O que você trouxe de construtivo para o Brasil? Quem é você comparado a Paulo Gustavo?”, questionou ele. Ensine alguma coisa pro brasileiro, deixe de ensinar besteira, deixe de ganhar dinheiro fazendo besteira”, alfinetou.
Programas policiais e os direitos humanos
Como resultado, a ação de Damasceno recende, milagrosamente, o fato de que é possível falar sobre violência urbana e dar a voz as periferias e minorias sem o tom de chacota. Além disso, mostrou que existe uma linha tênue entre o que é opinião e preconceito.
Além disso, mostra que é possível mostrar as ações policiais sem precisar vangloriar o GTA da vida real ou estimular o medo e o ódio entre as pessoas, no qual alguns defendem que isso pode ser exterminada com uma lei de regularização como no Uruguai e Argentina.
A Lei de Meios uruguaia determinou que, entre 6h e 22h, não poderia haver imagens com conteúdo violento na televisão, o que desestimulou os programas com inclinações policialescas. Desde 2015, porém, apenas três vezes emissoras foram notificadas por infringirem a lei.
Essa ação de Damasceno contra Sikêra pode ser uma porta ou vertente para adicionar o debate sobre o uso dos programas policiais. Enquanto isso estudo aponta 1.136 violações aos Direitos Humanos no Patrulha da Cidade e pode ter mais em outros programas similares.
Em 2020, existe um projeto de Lei que quer proibir a exibição destes programas em horário comercial. Para acessar o link da enquete popular está aqui.
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