Quem é Café Filho?
Mas, quem foi Café Filho? O pedreiro, infelizmente, não soube responder, mas apontou para a rotatória que liga a Esplanada Silva Jardim e mostrou uma árvore. “Lá tinha um pedaço de pau-brasil que ele plantou quando era criança, porém a árvore caiu e tiveram que plantar outra”;
Sobre as mudanças na casa, o morador conta que levou uma bronca dos fiscais da Prefeitura do Natal, uma vez que tirou a janela da casa, visto que as casa do bairro são tombadas desde a década de 1930. “Ou a janela ficava ou a casa da idosa seria invadida pelos vagabundos. A fiscalização sempre vem por aqui olhar como está a casa, pois ela não pode ser demolida de jeito nenhum”, contou.
E quem toma conta da casa de Café Filho, que transformou em Vila?
Perguntamos quem era o dono da casa, rapidamente o senhor José Soares disse que o rapaz morava nas Rocas e é proprietário de outras casas nas redondezas. “Ele é quem paga o IPTU daqui. A casa era muito grande para uma família só e resolveu colocar os quartos para alugar, ele é um homem muito bom”.
Após a aflição, a gente achou melhor deixar o José descansar e assistir o seu jogo em paz. Ele estava com a televisão ligada, sempre acompanhado do cachorro Pedro Henrique e mostrando que por trás da história sempre tem várias histórias.
A ex-namorada do Demir, do Trio Ternura, é uma outra moradora da vila, antiga casa de Café Filho
Mesmo não querendo aparecer na matéria, a moradora pediu nossa ajuda para calcular o que faltava na sua conta do banco, visto que ela era analfabeta. A dificuldade dos cálculos era um problema constante em sua vida. “Meu filho (aponta para Ayrton)” anota aqui o quanto eu tenho para falar direitinho ao gerente do banco”, pediu.
“Ai moço, desculpa, eu não estudei”, lamentou.
No entanto, um coração flechado, meio apagado, chamou a nossa atenção e prontamente respondeu. “Isso aconteceu há muito tempo, quando era jovem e namorava o Demir, foi um grande amor da minha vida”.
Prontamente, perguntamos: “O Demir do Trio Ternura?”.
O Trio Ternura era o destaque dos jornais de Natal, principalmente por ser um dos protagonistas de diversas atrocidades no Complexo Penal João Chaves, na zona Norte de Nata. Conhecido pela imprensa, como “Caldeirão do Diabo”.
O grupo era composto por Paulo Nicácio da Silva, conhecido como “Paulo Queixada”, Vlademir Alex Mendes de Oliveira, “Demir”, e Ivanaldo Félix da Silva, o Naldinho do Mereto.
Responde: “Ele mesmo, mas ele era jovem, tão bonito e tinha aquela cara de rebelde, fez este desenho em mim. Topei por estar apaixonada, pode tirar foto apenas dela e não na minha cara. Namorei bem antes do Caldeirão do Diabo, nunca pensei que iria virar essa coisa ruim”.
“Nossa, doeu muito para fazer. A pessoa quando está apaixonada faz tudo, isso foi lá na década de 70”, disse a moradora da vila há mais de 20 anos.
O trio ternura
Queixada lhes conheceu quando foi preso em 1983 após matar um médico e uma enfermeira no estacionamento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), chegando a estuprar a vítima e colocar fogos nos corpos. Então, o conduziram para a então Penitenciária Doutor João Chaves, que era a maior do estado naquela época. Lá, o Queixada conheceu Demir e Naldinho, formando assim o trio que fazia medo na cidade, principalmente as crianças.
A falta de controle da vida dentro da penitenciária João Chaves fez com que os presos, literalmente, matassem uns aos outros.
Já dentro do “Caldeirão do Diabo”, Queixada ganhou o status de líder da cadeira. Além disso, a condição foi ganha com a morte de 13 detentos ao longo dos anos. A liderança dividia-se entre Demir e Naldinho do Mereto, que retirava os olhos das vítimas para que elas não pudessem “reconhecer ele no inferno”. Alguns dizem que o grupo teria até feito pactos demoníacos.
O final dos três foi trágico e aconteceu no ano de 1995. Demir matou a facadas os dois amigos. Pouco tempo depois, o próprio Demir viria a ser assassinado, portanto, dentro da cadeia por um novato chamado Chocolate.
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