No início deste ano, a Prefeitura do Natal realizou uma reforma na Praça Heitor Calone, que valoriza os esportes urbanos, popularmente se chama de “Praça do Disco Voador”, devido à estrutura de sua caixa d’água parecer um OVNI. Além disso, eles ajudaram a regularizar o local para a prática do esporte radical, como o skate.
Como assim? Eles oficializaram a estrutura como a prática de esportes urbanos na Praça do Disco Voador, além de criar um piso que fosse adequado para andar. Entretanto, isto é uma pequena vitória para aqueles que estão há anos tentando um reconhecimento. Por muito tempo, Natal não tinha uma Skate Park, apenas pistas de manobras específicas em alguns pontos da cidade.
Toda a obra teve o acompanhamento da Associação Potiguar de Skate (APS). Foi orçada em R$ 223,7 mil com recursos da Prefeitura de Natal, a partir de emenda parlamentar da vereadora Júlia Arruda. No entanto, esta foi uma pequena vitória de uma grande luta.
Casal que pratica unido permanece unido
No meio de procurar pessoas que estavam praticando esses esportes na Praça do Disco Voador, eu encontrei o casal Narhuna e Síria. As duas utilizam a Praça do Disco com a finalidade de se exercitar e ainda mais ter um bem-estar durante o período da pandemia.
“Eu comecei a praticar patins nesse ano. Aí eu andei acho que um ou dois meses aqui na Praça do Disco, antes de reformarem. Não queria ir para muito longe por causa da pandemia, eu parei de andar porque estava reformando. Agora que reabriu, depois de vários meses, aí eu voltei a andar”, disse Síria.
Para a Síria, por sua vez, era uma forma de resgatar algumas atividades que ela fazia em sua cidade de origem.
“Eu andava de patins em Manaus (cidade-natal de Síria) desde os 12 anos de idade, assim como Skate. Estava trancada dentro de casa e resolvi comprar um patins, assim comecei a usar”, relatou a Narhuna.
Luta da prática de esportes urbanos na Praça do Disco Voador começou há mais de 30 anos
Não é de agora que a Praça do Disco é usada para a prática de esportes urbanos, uma vez que os moradores do conjunto Ponta Negra e de outros lugares vinham praticar por conta do grande espaço da área de lazer. No entanto, o reconhecimento teve que vir aos passos de formiga.
O patinador Leonardo Silva, desde que se mudou para Ponta Negra, há três décadas, acompanhou a luta de seus colegas para que tivesse equipamentos ideais para que pudesse praticar.
“Comecei a praticar patins aos cinco anos, quando morava no Rio de Janeiro. Posteriormente, eu me mudei para Natal por motivos profissionais e estava procurando um local para treinar as manobras”, relembrou.
Então, ele e outras pessoas que tinham a mesma necessidade se uniram. O primeiro passo foi colocar por conta própria um corrimão na praça, um dos primeiros espaços para demarcar o Disco como local de treino.
“Colocamos um cano reto aqui, que tinha aproximadamente oito metros. A gente ficou praticando para chegar no final de semana e mandar na rua”, argumentou.
Ainda não tá 100% a pista para a prática de esportes na Praça do Disco Voador
De acordo com Leonardo, o espaço, por enquanto, ainda não está perfeito, visto que faltam algumas estruturas. “Aqui é uma área local para prática de esportes urbanos, destinado para quem pratica skate, patins e BMX, complementa”, afirmou, comprovando que todos são bem-vindos.
Além disso, algumas pistas para skate ainda não foram construídas para ser considerado um Skate Park. “Existem outros lugares que têm essas pistas, como na zona Norte e algumas cidades do interior do RN”, explicou.
A galera do Skate também se uniu
Se você pensa que somente os patinadores que colocaram a mão na massa para que pudesse regularizasse os esportes radicais na Praça do Disco, você está enganado. Frequentemente, os patinadores e os skatistas se uniram para que tivesse um espaço e exigiam que o poder público pudesse fazer.
Com a falta de atenção da Prefeitura do Natal, no entanto, os próprios usuários da praça resolveram montar os seus obstáculos. Como falado anteriormente, os patinadores fizeram seu cano. Já os skatistas montaram as suas próprias rampas.
O skatista Ricardo Paulista está há mais de 30 anos nas manobras radicais e foi testemunha ocular de tudo que rolou para que o espaço tivesse o reconhecimento devido. “Quando a gente começou a usar, o local estava cheio de problemas, tinha muito assalto e muitos viciados em crack ficavam no local. Fazendo com que as pessoas se afastarem”, relatou.
Antes, os skatistas começaram a frequentar o espaço na quadra da praça. Após os patinadores colocarem um cano, eles se uniram para que a prática de esportes urbanos fosse reconhecida na área. “Então, por conta própria a gente começou a construir as nossas próprias rampas. Após a reforma, algumas ficaram (aponta para cada uma enquanto entrevistava). Uma delas é a Bandida, a primeira, que surgiu após os moradores construírem por conta própria”.
No entanto, outras surgiram, no qual batizaram de novata. “A gente tinha que ir todo dia na obra para poder fiscalizar e mostrar o que deveria fazer para que fosse adequado para a prática do esporte”, relatou.
Para Ricardo, a reforma da praça do Disco, portanto, é um reconhecimento, embora ainda tenham um caminho para que tanto o patins quanto o skate tenham o reconhecimento que devia.
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