Alex Oliveira trabalha como fotógrafo e aos 24 anos sua vida passou por altas descobertas, tanto na mente quanto no corpo. O jovem nunca percebeu nada diferente na sua infância e brincava tudo o que tinha, uma infância que deveria ser natural para todo mundo. Mas, aos 19 anos, percebeu que aquela garota que ele pensava que era, na verdade por dentro era um homem trans.
“Tenho certeza que mesmo que eu sentisse que algo estava rolando comigo continuaria tendo uma infância feliz, já que minha família sempre me apoiou, tive bastante privilégio nesse sentido”, comentou.
Por falar em sua juventude, Oliveira conta que a sua família nunca impôs que ele fosse uma mulher feminina, além de queriam que o filho se sentisse a vontade de fazer as suas coisas, sem forçação de barra.
Diferente das histórias clichês, Alex conta que a sua descoberta foi feita de forma súbita, uma vez que pensara que só tinha as mulheres trans e muito menos pessoas não binárias.
“Descobri por uma pessoa próxima que conhecia um rapaz trans. Então, eu achei interessante e quis saber mais sobre. Curti algumas páginas no Facebook para me educar sobre o assunto e ser o mais inclusivo possível e não desrespeitar ninguém. Isso sempre foi algo muito importante para mim”, comentou.
Anúncio do Google ajudou nesta descoberta
Enquanto o fotógrafo estudava sobre o assunto, um anúncio espalhado no Google foi responsável em dar aquele estalo de “eita, sou trans”.
“Um dia apareceu uma propaganda do Google pra mim, sobre uma academia voltada para o público transmasculino. Eu assisti, achei legal e resolvi dar uma olhada nas pessoas que apareciam na propaganda. Assisti todos os vídeos de todos no YouTube, e comecei a sentir uma certa semelhança no que eles falavam e como eu me sentia”, comentou.
Alex fala que a sua descoberta não veio de histórias normalmente contadas pela mídia, de rejeitar os arquétipos de coisa de menina ou algo do gênero. “Foi um click: sou homem, só não sabia disso ainda. Queria que todo mundo me enxergasse dessa forma também, queria me apresentar dessa forma. Não tive muitas dúvidas, resolvi abraçar isso e construir o homem que eu queria e quero ser”, afirmou.
Agora, o próximo passo foi ver os vídeos de transições dos homens trans para saber como foi a experiência dele e saber as mais diferentes vivências. “Me ajudou muito mesmo, vejo varias pessoas que mesmo sendo trans ainda tem uma visão bem cisnormativa do que é ser trans. Procurei varias historias, vários corpos, várias vivências diferentes e isso me ajudou e perceber que eu não precisava seguir um roteiro já pré definido pela sociedade pra ser trans”.
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Assim, o Alex se tornou um homem do jeito dele, ignorando aquele estereótipo de ser macho, igual às propagandas de desodorante. O seu objetivo é ser homem do jeito que ele quer ser, embora sofra preconceito por conta disso.
Não existe coisa de menina e de menino
“Apesar de ser homem, não me considero “masculino” em quase nenhum momento e por mim tudo bem, sabe? Eu acredito muito que transicionar é se libertar das amarras que a sociedade tenta colocar na gente, então por que me prender mais ainda?”.
Apesar de ter 24 anos, o Alex há cinco anos começou a sua jornada de homem trans, a famosa transição. Para ele, esta meia década está sendo um momento de bastante intensidade e auto-descoberta, desde saber se era aquilo mesmo que queria fazer até começar as primeiras mudanças.
O rapaz comentou que o apoio da família foi essencial para o andamento das atividades. “Eu contei primeiro para minha mãe, uns dois meses depois que descobri, ela me apoiou, mas tinha muito medo do que poderia acontecer, isso foi em 2015. Só cheguei a contar pro meu pai em 2017, mais bem resolvido comigo mesmo, querendo começar a tomar hormônio. Entre esses dois momentos eu fiz terapia e isso me ajudou muito a superar meu medo de me assumir pras pessoas”, comemorou.
“Ainda me considero muito privilegiado, foram 5 anos para poder viver plenamente quem sou junto da minha família, mas valeu cada segundo de espera”, complementou.
Com o apoio da família, era hora de tomar hormônio, que segundo ele todo processo é difícil, uma vez que necessita a comprovação de acompanhamento psicológico por um certo período, fazer vários exames e acompanhamento. “Não é a toa que grande parte da população trans que usa hormônios faz isso por conta própria, mesmo com todos os riscos”.
Carreira de fotógrafo
Alex fotografa desde publicações para restaurante, assim como cobertura de festas, como essa daqui:
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Junto com Alex trans veio o Alex fotógrafo, pois na mesma época começou a estudar fotografia como processo de autoconhecimento e largou o curso de história que fazia na UFRN.
“Fiz muitos autorretratos durante essa época, mesmo que doesse bastante me ver às vezes, mas esse exercício me fez ver melhor quem sou independente de aparências, de trejeitos..”. Um dos autorretratos de Alex está disponível a seguir:
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Depois de largar história, começou a cursar a faculdade de fotografia. ” Eu amo fotografar gente, sou apaixonado demais por pessoas, conhecer a história delas
E todo retrato que faço tem um pouquinho de mim”, comemorou.
Namoro e a cirurgia de masectomia
Alex também está namorando e muito feliz com esse relacionamento, onde se conheceram por uma amiga em comum dos dois, sem precisar do Tinder. A amizade rapidamente virou um namoro e hoje trabalham em equipe. Os dois tentam apoiar os seus objetivos e incentivar a construção de seus próprios sonhos.
Agora, a sua meta é fazer a masectomia, a retirada das mamas para se livrar de uma vez de seu passado feminino. “Então, eu tentei algumas vezes pelo meu plano e negaram. É obrigação do plano fazer qualquer procedimento de adequação de gênero em pessoas trans como parte do processo de transição”, reclamou.
Cansado de brigar com o plano de saúde, Alex Oliveira decidiu fazer vakinha e é feita em uma forma de rima. “A meta é conseguir 8 mil, mas a cirurgia custa em média 12 mil. A rifa deu um certo resultado no começo, mas como tudo na internet depois de um tempo começou a flopar. O prazo da rifa é até dezembro, então temos um tempinho para aumentar as vendas em quem sabe chegar um mais próximo do objetivo”,
O que representa a retirada dos seios para Alex, o mesmo prontamente responde:” Poder sair sem precisar me apertar, poder ir à praia, tomar banho de piscina, fazer exercício físico tranquilo, tudo isso é o que me move a passar por todo esse perrengue para conseguir a mastectomia”.
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