Natal, 21 de setembro de 2020, mais uma casa antiga da cidade foi totalmente destruída. A vítima desta vez foi a casa modernista de Petrópolis, que ficava na rua Joaquim Fagundes, em frente a Praça das Flores. O imóvel em questão, por muito tempo, pertencia a Enoch e Nadir Gomes, personalidades da capital potiguar.
Enoch era conhecido por ser ex-deputado e delegado que reprimiu os manifestantes da Intentona Comunista. Nadir, no entanto, era por sua admiração pela arte e ser uma excelente anfitriã.
Não queríamos apenas noticiar a demolição da casa, mas também mostrar um pouco de sua história. Além disso, achamos 10 curiosidades sobre a casa modernista de Petrópolis.
Vamos divulgar os fatos, portanto, agora:
1) A Casa foi construída no ano de 1953
Inicialmente uma residência, a casa com arquitetura modernista fica no finalzinho da Hermes da Fonseca, começando a Rua Joaquim Manoel, em frente a Praça das Flores. Período que coincidiu com o final da Segunda Guerra Mundial e as pessoas começaram a migrar de vez para Petrópolis e Tirol. Deixando, assim, os bairros de Ribeira e Cidade Alta.
As casas daquela região começaram a ter estilo modernista, que era a sensação das casas dos anos 50 e 60 na cidade do Natal. Exemplo disso é o Hotel Reis Magos.
2) O arquiteto da casa era de São Paulo
A única coisa que se sabe sobre o projeto da casa era que foi feito por um arquiteto paulista, mas não foi encontrado o seu registro. Mas, pesquisando no Google descobri a partir de uma matéria do Estado de S. Paulo que as casas modernistas em São Paulo surgiram a partir de 1927 e 1928 por Greogori Warchavchik, que era ucraniano.
3) Internamente, a casa era cheia de mosaicos de azulejo
Um dos destaques é na entrada da parte superior da casa que além de sua rampa circular na parte externa, também havia um painel de cerâmica. Sabia que ele foi feito pela própria dona da casa? Sim, a obra se chama “O Jangadeiro” e foi feita juntamente com Aguinaldo Muniz.
4) A dona da casa se chamava Nadir Garcia
De acordo com o historiador Anderson Tavares de Lyra, Nadir nasceu em 16 de setembro de 1917, na cidade de Macaíba, era filha de João Meira e Amélia Názia de Mesquita. João Meira, por sinal, foi prefeito de Macaíba.
Casou em 16 de junho de 1936 com Enoch de Amorim Garcia, com quem teve Roosevelt, Franklin, Wallace, Ana e Enoch. O ninho da família foi todo construído no casarão de Petrópolis.
A seguir, uma foto do historiador com Nadir e o filho dela, Franklin, de autoria de Wagner Rodrigues. Confira:
Enoch Amorim Garcia, por sua vez, era agro-pecuarista foi eleito deputado federal pela UDN em 1950. Antes, atuou como mensageiro dos Correios e Telégrafos de Natal. Em 1931 chegou a radiotelegrafista em Recife, onde lá se formou em Direito, em 1932.
Enoch também atuou como delegado, onde ganhou fama após a repressão dos manifestantes em favor da Intentona Comunista.
Antes de se mudar ao casarão, eles moravam em um sítio em Macaíba.
5) A dona Nadir ficou na casa até o fim de sua vida
Muita gente se muda quando os filhos se casam e vão viver a sua vida. Dona Nadir ficou na sua residência até o seu último dia, quando morreu no ano de 2008, após passar por alguns problemas de saúde.
Enoch, seu marido, havia falecido dois anos anteriores.
6) A casa já estava toda alterada
Após a morte de Nadir Garcia, a casa virou um ponto comercial, onde toda a sua entrada já havia sido modificada e se transformando em vários pontos comerciais. A última vez tinha se transformado em uma casa de recepções.
7) Em 1998, Suely de Andrade registrou a parte interna da casa
Há 22 anos, a pesquisadora Suely de Andrade para estudos sobre o modernismo em Natal registrou como era internamente a residência. Além disso, conseguiu comprovar que a casa era realmente modernista.
Dentre as características de modernismo estavam: janela “em fita” (janelas mais compridas), telhado borboleta (com formato de V) e pilotis (que é quando tem uma área toda aberta só sustentada por uns pilares).
Além disso, havia uma garagem que mostrara sinais claros de modernismo, visto que era algo impensável na Natal dos anos 50. Assim, como outros cômodos, a garagem também foi revestida por cerâmica.
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8) A casa recebia bastante visitas das personalidades do RN
Como o dono da casa tinha cargos importantes na política potiguar, era comum receber bastante visitas na residência, desde empresários até os políticos considerados de alto calibre. Os seus filhos ainda têm contato com a high society natalense.
9) Casa também era conhecido pelo verde
Além das cores berrantes e do estilo modernista, a casa também havia muito verde, onde plantas das mais variadas espécies ajudavam no ornamento da casa. Era normal você subir a rampa e ter no caminho plantas como se fossem guiar na parte superior.
10) Casa deixou de existir em 2020
No auge da pandemia, onde tudo estava silêncio e achando que iria ser invisível, a casa faleceu. Demolida. Quando falo achando invisível é porque eles tentaram destruir na surdina, mas as pessoas flagram a demolição e espalhou nas redes sociais.
Veja o último suspiro a seguir:
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