Nevaldo Rocha faleceu neste ano em Natal, aos 91 anos de idade. Ele ficou conhecido por criar a Guararapes, a Richuelo e o shopping Midway. Mas, você sabia que Nevaldo era acionista da Tribuna do Norte? Pouca gente sabe deste assunto, mas isso não era segredo e já foi relatado no jornal, no qual reproduziremos essa história a seguir.
Tudo começou na década de 70, quando Aluízio Alves teve seu mandato de governador cassado e Agnelo Alves, seu irmão, perdeu seu cargo como prefeito, visto que os dois eram opositores do Regime Militar. Além disso, o editor-chefe Cassiano Arruda Câmara foi preso. O jornal da família, a Tribuna do Norte, estava numa crise econômica horrível e estava na iminência de fechar, sem contar as perseguições políticas e outras polêmicas na época. Por isso, Nevaldo resolveu investir no jornal.
De acordo com o jornalista Wooden Madruga, que era editor substituto, encontrou Nevaldo numa festa em comemoração ao começo da obra da fábrica Guararapes que hoje é o Midway. Lá, o empresário perguntou ao Wooden como estava a Tribuna e percebendo o interesse de Rocha sobre o assunto, comentou sobre o papo que teve com Rocha ao José Gobat Alves, irmão de Aluízio e diretor financeiro do jornal.
Então, começaram as negociações e o contrato social foi assinado em outubro de 1975. O resultado desta negociação foi estampada na capa da Tribuna do Norte com uma foto de Aluízio, José Gobat e Agnelo Alves junto com Nevaldo Rocha e Eider Furtado, advogado que intermediou as negociações.
Existe uma carta que Aluízio Alves escreveu para Nevaldo agradecendo a ação:
Nevaldo Rocha ra o homem mais rico do Rio Grande do Norte
Nevaldo Rocha era considerado o homem mais rico do RN, segundo a revista Forbes. Ele era o proprietário da fábrica de roupas Guararapes, da loja Riachuelo e do shopping Midway. Sem contar do Teatro Riachuelo, que tem uma unidade em Natal e outra no Rio de Janeiro.
Nevaldo nasceu em Caraúbas e após abandonar os estudos, ele se mudou para Natal. Começou, lá, a trabalhar em uma famosa relojoaria da cidade. Naquela época, a cidade era considerada um ponto estratégico para a aviação norte-americana. Em pouco tempo, destacou-se como vendedor e acabou, no fim das contas, comprando a loja do seu antigo patrão. No final da década de 1940, em sociedade com o irmão, Newton Rocha, Nevaldo abriu sua primeira loja de roupas, que recebeu o nome de A Capital. O empreendimento foi instalado na cidade por ele escolhida como ponto de partida para uma carreira de sucesso: Natal.
Depois de quatro anos de investimentos na empresa, os irmãos decidiram construir uma confecção em Recife. Abriram, também, mais quatro pontos de venda para distribuir e comercializar as peças da confecção própria. E tudo isso foi feito em uma época em que os investimentos na indústria têxtil no país ainda eram extremamente tímidos. Foi assim que surgiu a fábrica Guararapes.
Anos depois a fábrica mudou para Natal e foram construídas novas fábricas em Fortaleza e Mossoró.
Na década de 70, eles compraram uma loja chamada Riachuelo, que vendia apenas tecidos e se tornou uma das maiores lojas de departamento do país. A loja representa 75% do faturamento do grupo. Depois, os negócios da família expandiu para outros setores da economia, garantindo bons rendimentos com seus cartões de crédito, com sua transportadora, seus shoppings centers e suas lojas próprias.
Sobre a Tribuna do Norte
A Tribuna do Norte é o jornal mais antigo do Rio Grande do Norte, fundado em março de 1950 por Aluízio Alves e fica no bairro da Ribeira. Aluízio era advogado com Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Maceió com especialização em Serviço Social. Mas, sempre teve um pé no jornalismo. Após a faculdade, ele trabalhou nos jornais A Razão e A República, ambos em Natal.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949, onde trabalhou como redator-chefe da Tribuna da Imprensa, que pertencia a Carlos Lacerda. De volta ao seu estado natal no ano seguinte, ele queria criar um jornal parecido com que ele trabalhou no Rio. Assim, nasceu a Tribuna do Norte.
Atualmente, os herdeiros de Nevaldo, junto Flávio Azevedo (engenheiro e proprietário da Dois A) e a família Alves são proprietário da Tribuna do Norte.
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