O Coronavírus ou Covid-19 está assustando as pessoas do mundo todo pela sua rápida infecção. No Brasil os casos estão multiplicando e mortes já foram confirmadas. No entanto, outros países também estão passando pelo mesmo problema, um exemplo é Portugal, nosso antigo colonizador. Recentemente, o jornalista potiguar Anderson Legal chegou apresentar sintomas similares à doença viral e teve que fazer o teste do Covid-19 em terras portuguesas. Atualmente, ele vive em Faro onde trabalha no Aeroporto e ainda tem um programa de Música brasileira numa rádio portuguesa, chamada Tropicalize. Legal mandou um depoimento para o Brechando contando como foi essa experiência assustadora e ao mesmo tempo peculiar.
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Confira o depoimento do jornalista a seguir:
Há cerca de cinco dias eu venho sentindo sintomas estranhos. Tosse seca, coriza, olhos ardendo, espirros esporádicos, dores musculares e uma dor de cabeça fortíssima. Tomei dipirona algumas vezes e continuei na minha rotina de trabalho no Aeroporto Internacional de Faro, Algarve, sul de Portugal, expressivo destino turístico europeu. Mesmo com a recomendação de quarentena pelos órgãos mundiais de saúde, até o presente momento aqui em Portugal, os aeroportos cancelam vôos pontuais, mas em sua essência funcionam “normalmente”.
A cidade está parada, as pessoas estão em suas casas, os serviços estão suspensos… E eu me sentindo na contramão do mundo. Diariamente, estou aui, me deslocando de transporte público, às vezes inserido em aglomerados, para jornadas de atendimento direto ao público, lido com dezenas de pessoas por dia oriundas de diversos países afetados pelo Covid-19. As dores e os desconfortos não cessavam, só aumentavam. Passei noites sem conseguir dormir, tossindo muito ou com fortes dores na cabeça. Dores estranhas como nunca senti. Causei preocupação a minha mãe e aos amigos mais próximos.
Hoje cedo acordei com um desconforto ainda maior. Evitei ao máximo ir ao hospital, mas hoje não consegui segurar o desconforto. Pensava: “Será que estou contaminado com o Covid-19 ou isso é só uma forte gripe, ou qualquer outra coisa?!”. Hora de ir ao Hospital e saber mais detalhes.
Bem… Chegando lá, sem saber se seria atendido, pois havia muitos pacientes e o meu Título de Residência português ainda não saiu. Porém, fui recepcionado por profissionais atenciosos e uma equipe comprometida em combater esse inimigo invisível que está alterando nossas vidas de maneira significativa. Passei por uma rápida triagem, logo uma russa de alma sensível, Dra. Anna Bashkirova, disse com fluência em português em alto e bom som: “Isola ele! Eu vou fazer a coleta…”.
Fui encaminhado para um container e lá permaneci por cerca de uma hora sendo monitorado por câmeras. A foto do local pode ser vista a seguir:
“A doutora está a vir, campeão”, me comunicou um membro da equipe.
A essa altura eu já havia chorado, estava com os olhos marejados.
A Dra Anna entra com uma armadura de quem invade um ‘recinto radioativo’, devidamente uniformizada para guerra. Só conseguia ouvir sua doce voz e aqueles olhos azuis. Colheu amostras da minha saliva, da minha secreção nasal, frequência cardíaca, temperatura corporal, etc. Todos procedimentos realizados minuciosamente, com precisão cirúrgica! Ao término, fui orientado a sair do container. Minutos depos, a médica me traz uma boa notícia e diz: “Você está bem, Anderson! O reagente deu negativo. Você deve estar com sinusite. De qualquer forma será realizado a análise laboratorial, ligo pra você em 4 dias”.
Me receitou e me aconselhou ir pra casa, dessa vez para cumprir a risca a quarentena! Chegando em casa ainda com a cabeça doendo mas com uma enorme sensação de alívio, tomei os remédios e resolvi pesquisar sobre a Dra Russa na internet. A encontro no Facebook, envio um convite de amizade, cinco minutos depois ela me aceita; em sua imagem de capa tem a seguinte frase: “O paciente não é só o paciente. Ele é o amor de alguém”. Essa foi minha primeira experiência com a saúde pública aqui em Portugal em quase dois anos vivendo aqui. Tive um dia bem tenso e intenso.
Assim sigo minha quarentena… Protejam-se e zelem pelos mais vulneráveis.
O jornalista comentou ao Brechando que o aeroporto ainda está funcionando e milhares de pessoas estão no saguão do terminal aéreo esperando voltar para as suas casas. A foto de como está o aeroporto pode ser vista a seguir:
O Aeroporto Internacional de Faro é o terceiro maior aeroporto em termos de tráfego em Portugal logo a seguir ao Aeroporto Humberto Delgado (situado em Lisboa) e ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro (situado no Porto) . A maior parte do tráfego é doméstico e europeu.
Coronavírus em Portugal
De acordo com a RTP, canal público do país, Portugal está em estado de emergência com a Covid-19 e tem confirmados, até ao momento, 1020 casos de infeção e seis mortes no país. O surto já atingiu, a nível global, mais de 245 mil pessoas, das quais cerca de 88 mil recuperaram. Outras dez mil morreram. Neste momento, o Governo de Portugal declarou 14 dias de quarentena obrigatória. O novo Coronavírus já provocou mais de mil mortos na Espanha, país vizinho, e há o registo de mais de 20 mil pessoas infetadas. As autoridades de Saúde garantem que ainda não foi atingido o pico de contágio nas terras ibéricas e portuguesas.
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