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Pedro Gonzaga: Brasil racista e terceirizado

Pedro (foto acima) era um garoto de classe média, morava em um bom bairro no Rio de Janeiro e tinha pais presentes. Mas, usou as drogas para suprimir aquele vazio de ser classe média fornece aos jovens brasileiros. Ainda tinha uma saúde mental debilitada, algo que é bastante comum com os jovens que nasceram nos…

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Pedro (foto acima) era um garoto de classe média, morava em um bom bairro no Rio de Janeiro e tinha pais presentes. Mas, usou as drogas para suprimir aquele vazio de ser classe média fornece aos jovens brasileiros. Ainda tinha uma saúde mental debilitada, algo que é bastante comum com os jovens que nasceram nos anos 90 e 2000, mas isso não justifica o que falaremos a seguir. Davi, por sua vez, saiu do norte para ter alguma coisa boa na cidade grande, arranjou um emprego de segurança, cresceu ouvindo os programas sensacionalistas dizer que: “Bandido Bom é Bandido Morto”.

O mesmo votou em Bolsonaro acreditando que o mesmo acabaria com a violência urbana no Brasil, visto que ele vivia em um estado considerado perigoso, no qual mataram até uma vereadora, há um ano, chamada Marielle, por denunciar o casos que era o Rio. Eles não se conheciam, mas o único dia que se cruzaram foi fatal e mostra o retrato do Brasil racista, malandro e beneficiadora daqueles que tem poder. E ainda, contratam serviços terceirizados para se livrar de certas culpas e ainda apoiam a terceirização de atividades principais, também conhecida como atividade-fim.

O encontro dos dois foi fatal. Na noite de quinta-feira (14), Pedro Henrique Gonzaga de 19 anos foi imobilizado num “mata-leão” numa filial do supermercado Extra na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro e morreu horas depois no hospital. No vídeo que viralizou nas redes sociais, Gonzaga aparece completamente imobilizado pelo segurança Davi Ricardo Moreira. O segurança foi preso em flagrante, mas saiu mediante o pagamento de fiança.

Mesmo ouvindo os apelos das testemunhas que estavam no mercado, inclusive dos pais, Davi continuou em cima de Pedro. O Corpo de Bombeiros foi chamado ao estabelecimento e tentou reanimar Pedro. O jovem teve uma parada cardíaca e morreu horas depois no Hospital Municipal Lourenço Jorge.

Segundo o supermercado Extra, os seguranças envolvidos na morte já foram afastados e que Pedro foi imobilizado pelo agente porque cometeu uma “tentativa de furto a arma de um deles” e que “a empresa já abriu um boletim de ocorrência e está contribuindo com as autoridades para o aprofundamento das investigações”.

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O segurança que aparece no vídeo estrangulando Pedro foi preso e indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e foi liberado mediante o pagamento de fiança. O advogado de Davi, afirmou que o jovem chegou no mercado “alterado”, simulou uma convulsão e depois um desmaio. Esta morte mostra que como nossa sociedade é estranha e vem os questionamentos:

  • Se fosse uma pessoa branca tivesse um surto como o de Pedro o tratamento seria o mesmo?
  • Como são os treinamentos desses seguranças?
  • O que fazer quando tiver um surto psicótico ?

Sobre o último questionamento, rapidamente pesquisei em páginas que falam sobre a saúde mental e a resposta foi a seguinte:

O ideal é que a pessoa que apresenta um surto psicótico seja encaminhada imediatamente a um hospital para receber medicação e cuidados adequados. Depois de o surto ser controlado, é importante que o psiquiatra faça um diagnóstico do paciente e determine se a psicose foi um episódio breve ou se está associada a outra doença.

Durante o surto tenha sempre uma postura neutra e jamais confronte a pessoa. Não questione os delírios e alucinações, preferindo ser compreensível. Enquanto espera auxílio médico, afaste a pessoa de objetos perigosos como facas e armas. Caso a pessoa já esteja em tratamento, faça contato com o médico responsável por ela e obtenha instruções imediatas.

Então, mostra que como as empresas de segurança estão despreparadas com pessoas com saúde mental debilitada e os coloca a margem da sociedade, no mesmo patamar que os bandidos. E até o fim, eles vão colocar a culpa no supermercado e o mesmo na empresa de segurança, como se fosse um jogo de vôlei. Enquanto isso, o mercado trocará a sua equipe de segurança, Davi vai responder em liberdade e os familiares de Pedro vão ter mais nós nas suas cabeças do que soluções.

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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