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Choque de Cultura e a crítica para aqueles que sabem sobre tudo

Achou que não iria falar sobre Choque de Cultura? Achou errado, otário! Quando a gente pensa em gente que é aficcionada em cinema, pensamos nestes seguintes estereótipos: • Gente rica • Vai toda semana para o cinema • Filme de comédia nacional não presta • Baixa torrent quando aquele filme não está em cartaz no…

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Achou que não iria falar sobre Choque de Cultura? Achou errado, otário!

Quando a gente pensa em gente que é aficcionada em cinema, pensamos nestes seguintes estereótipos:
• Gente rica
• Vai toda semana para o cinema
• Filme de comédia nacional não presta
• Baixa torrent quando aquele filme não está em cartaz no cinema da cidade
• Sabe sobre a paleta de cores
• Sabe o que é todas as funções da produção de filme
• São pessoas delicadas
• Rejeitam os filmes considerados “modinhas”
• Tem vergonha de assumir o amor pela cultura trash
• Profundo conhecedor de história

Mais uma série do You Tube que está tirando sarro com todos esses estereótipos e viralizou na internet entre dezembro e janeiro. Toda hora você vê um gif sobre o episódio ou se identifica com um dos personagens produzidos pela TV Quase em parceria com o Omelete. Estou falando do “Choque de Cultura”, mesmo.

via GIPHY

Eles ridicularizam o que os cults mais amam, como por exemplo, cinema nacional e documentário. O sarcasmo, deboche e adição de situações absurdas são os pontos altos, sem contar alguns bordões, resgatando aqueles programas de humor das antigas. Lembra um pouco do Hermes e Renato, no início dos anos 2000, na finada MTV Brasil, no qual defendia o humor politicamente incorreto.

Assim como o Hermes e Renato, o Choque de Cultura traz como foco o roteiro sem frescura e criando várias situações escrachadas para enfatizar as suas críticas sobre a sociedade brasileira. Assim o espectador fica pensando: “Caramba, como não pensei nisso antes ?”. A boa atuação também ajuda bastante para que a proposta do script se transforme em realidade.

O grupo reúne quatro brutos motoristas de transporte alternativo para comentar sobre os filmes do momento, que são totalmente contrários ao cinema de vanguarda e exaltam “Rocky Balboa” e “Velozes e Furiosos”, deixando qualquer cinéfilo enlouquecido. Utilizando os diálogos absurdos (Quem acha “Rambo” uma obra incrível da sétima arte ? Cultura é Bruno de Luca no Slackline ?) fazem com que os vídeos sejam engraçados e rapidamente o público se identifica com alguns dos motoristas ou aquele amigo que sabe tudo sobre cinema.

A crítica mais direta com os palestrantes de cinema é através do motorista Maurílio, que tem opinião sobre tudo (por isso é conhecido como Palestrinha), pois trabalha como motorista que transporta atores e o que o faz pensar ser um especialista da sétima arte, no qual rapidamente é interrompido pelos seus colegas quando quer fazer uma crítica mais séria. Para os outros três personagens, o filme é apenas diversão. Se é divertido, é bom. Se não é, ele é ruim.

Como diz o Rogerinho do Ingá: “Se quiser pensar, vai jogar RPG”.

“Que edição de som, Maurílio? Não existe isso. Ouve o que você está falando”

“Você está inventando palavra!”

via GIPHY

Com certeza você tem vontade de fazer isso com aquele seu amigo estilo Maurílio:

Você conhece algum amigo seu cinéfilo que ama cinema nacional? Você deve ter ouvido dos amigos cinéfilos que o verdadeiro e excelente filme nacional são os dramas e documentários, menos aqueles considerados comédias feitas pelos atores globais, defendido ferozmente pelo quarteto da van.

Além disso, eles trazem uma crítica a social moderna, a partir das características de cada motorista. O Renan utiliza o filho (um guerreirinho que só sofre) para justificar o seu comportamento atravessado ou o porquê fez errado no trânsito e Julinho da Van utiliza a violência como o certo para conquistar os seus objetos e inversão de valores, através do jeitinho brasileiro, que utiliza Tinder para fazer amizade e conquistar o trampo e o Linked In para pegá-las (Sim, na teoria deveria ser o contrário).

Sem contar que além do cinema é uma crítica aos brasileiros que querem opinar sobre as situações cotidianas e utilizando argumentos de senso comum, aqueles escutados por um amigo ou visto apenas na televisão e outras mídias. A intenção é falar que o brasileiro quer opinar sobre determinados assuntos, sem ter estudado ou adquirido conhecimento de causa, como se tratasse a política para sempre como uma diversão ou torcida de futebol.

E é isso! Assista o vídeo e tire as suas próprias conclusões!

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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