Lendo os releases no meu e-mail (mandem mais, a gente fica feliz!), eu descobri uma curiosidade. As Ilhas de São Pedro e São Paulo ficam no estado de Pernambuco, 520 km perto de Fernando de Noronha, e ficou conhecida por ser um dos locais de pesquisa do Charles Darwin a bordo no “HMS Beagle”. É o único conjunto de ilhas oceânicas brasileiras acima da linha do Equador atualmente a área está cada vez menos inóspita e tem se tornado estratégica para o país nos aspectos político, econômico e científico, além de ter proporcionado um alargamento no limite da fronteira brasileira. Animais como viuvinhas, atobás, atuns, cavalas, e peixes-voadores pertenciam a fauna local. É o ponto do Brasil mais próximo do continente africano, a uma distância aproximada de 1.820 km de Guiné Bissau.
Apesar de pertencer ao estado do RN, a primeira Estação Científica do arquipélago, construída em 1998, é habitada por cientistas do Rio Grande do Norte, onde desenvolvem pesquisas nas de Psicologia, Geologia, Geofísica, Genética, Zoologia, Oceanografia e Limnologia, sendo a maioria estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os estudos já renderam 39 artigos científicos em revistas indexadas nacionais e internacionais, 12 estudos publicados em anais de congresso, seis orientações de dissertações de mestrado e três de doutorado, publicação de um capítulo de livro técnico-científico e um documentário cinematográfico.
Uma das pesquisas desenvolvidas é a do docente Thomas Ferreira da Costa Campos, do Departamento de Geologia (DG), que tem analisado São Pedro e São Paulo há 17 anos, observando a formação do arquipélago com base em estudos tectônicos e geoquímicos. Seus estudos renderam uma publicação na revista científica internacional Nature Geo-science, na qual ele explica o motivo de o Arquipélago possuir características geológicas únicas no mundo. Para termos uma ideia, a Terra é dividida em três camadas principais: a crosta, o manto e o núcleo, sendo esta a parte mais interna. As ilhas são rochas que vieram do manto terrestre e “furaram” a crosta oceânica.
Outra pesquisa é desenvolvida pelo professor Aderson Farias do Nascimento, do Departamento de Geofísica (GEOFÍS). Ele iniciou em meados de 2008, a partir de um convite da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), a instalação de uma estação sismográfica, no intuito de entender porque os terremotos acontecem na área. Conforme o cientista, São Pedro e São Paulo pode trazer explicações sobre como o território se moveu entre aos continentes americano e africano, envolvendo questões da formação das nações.
O Arquipélago de São Pedro e São Paulo situa-se na área da falha transformante de São Paulo, uma das maiores do Oceano Atlântico. Uma falha transformante, ao lado das placas convergentes e placas divergentes, são os três tipos de contatos entre placas tectônicas. Contudo, mantém diferença para os outros dois por não haver produção nem consumo de placas, tampouco ocorrência de movimentação do magma no interior da Terra. Neste caso, a falha penetra inteiramente a crosta oceânica e atinge a superfície do manto.
Das principais descobertas, Aderson Nascimento cita a identificação da sismicidade do local, a qual ele considera rica em razão da proximidade com o foco, e o regime de ondas que é dominado pelo Hemisfério Norte. Desse trabalho, também houve a instalação de um GPS (sistema de posicionamento global) de alta precisão que mede a deformação do conjunto de ilhas.
Formado por um conjunto de ilhas rochosas, o arquipélago tem clima quente e úmido, ausência de praias e de vegetação de médio e grande porte, relativa violência do mar em seu entorno, grande possibilidade de abalos sísmicos e biodiversidade rica. Levando em consideração essas características, o local é um ponto crítico de navegação, o que ocasionou alguns naufrágios. O primeiro e mais famoso deu origem ao seu descobrimento, quando em 1511 a nau portuguesa São Pedro se dirigia às Índias e se chocou com os rochedos do Arquipélago. Em seguida, a caravela São Paulo foi socorrer a tripulação e daí surge o nome “São Pedro e São Paulo”.
O Brasil detém o domínio territorial ancorado nos preceitos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), tratado multilateral celebrado em 1982, que define e codifica conceitos herdados do direito internacional e referentes a assuntos marítimos, como mar territorial, zona econômica exclusiva e plataforma continental.
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