Liniker. Parece nome artístico, mas ele ou ela, independente de como queira o tratá-lo, nasceu como Liniker de Barros Ferreira Campos. Os familiares, que são músicos do interior de São Paulo, queriam homenagear o jogador inglês Gary Liniker, artilheiro da Copa do Mundo de 1986, no qual o tio era muito fã. A naturalidade com a música é bem nítida e isto foi visto no show do Mada que aconteceu neste sábado (24). A carreira dele decolou neste ano, mas parecia que as pessoas lhe conheciam por anos. Fazendo com que as pessoas “ficassem mordidas”.
Eu era uma que fiquei mordida e queria fazer uma entrevista com ele nem que seja “apenas para dar um cheiro”. Tudo começou quando eu o descobri no Spotify e escutei seu EP “Cru”. Rapidamente, decorei as três músicas do disco e estava apaixonada. Depois, eu acessei ao You Tube para ver as suas performances. As canções que falam sobre amor de uma forma bem sensual foram atingidas em cheio o meu coração. (desculpa pelo jornalismo Wando, leitores).
O projeto que está conquistando milhares de internautas, publicado em dezembro ano passado veio de Araraquara, se transformou no EP “Cru” e, por fim, o álbum “Remonta”. Ele e sua banda de apoio “Caramelows” estão conquistando o Brasil. Apesar do DNA musical, a música apareceu na sua vida apenas na sua adolescência.
Foi aos 16 anos que começou a compor e construir uma identidade própria. Em 2014, ingressou na Escola Livre de Teatro, em Santo André, e começou a investir em uma nova imagem, andrógina, que mistura turbante, saia, batom e bigode. É um grande defensor do “gênero fluído”, no qual as pessoas não precisam necessariamente se identificar apenas como um homem ou mulher.
“Eu não sei se estou ajudando a influenciar estas pessoas a se vestirem desta forma, só sei que estou sendo o que sempre fui. Mas, as pessoas estão colocando para fora o que elas são de verdade”, afirmou em entrevista ao Brechando. Foi assim que ele foi ao Mada, blusa cropped+saia branca+brinco+gargantilha.
Possui um estilo empoderado, lembrando um pouco Nina Simone com uma voz que pode relembrar um pouco os primeiros discos do Tim Maia, devido a voz rouca e grave. Mas também pode ser limpa e bastante agudo. Ele apresenta o melhor da nova black music brasileira, mas recheada de elementos pop.
“Nós temos muitas coisas que podemos nos fragmentar e de desconstruir”, contou.
Após ouvir os gritos e elogios, durante uma música e outra, ele ficava impressionado com o carinho da plateia, visto que era a primeira vez que pisava em solos natalenses e passaria apenas uma noite. Depois, ele correria para o aeroporto com o destino à Fortaleza.
Durante o show, muitos homens se vestiram de saia, bigode, batom e turbante em homenagem ao cantor. O estudante de comunicação e cantor Raphael Dumaresq elogia o Mada ajudar a trazer vários estilos em um mesmo espaço. “Estou amando muito a edição deste ano, pois está bem eclético. No mesmo dia tem show de rap, indie, rock, soul e você nunca enxerga um mesmo público.”, elogiou.
O cantor ficou bastante feliz com o estilo andrógeno de Raphael e chegaram a posar juntos após o show.
Entretanto, apesar do sucesso, ele ainda conta sobre o preconceito que ainda sofre nas ruas, mesmo “ele sendo famoso”.
“O cotidiano ainda é o mesmo. Quando saio das ruas desse jeito, as pessoas ficam me xingando ou tirando foto para tirar sarro nas redes sociais. Me xingam e fazem piada por conta do meu estilo. Apesar da minha carreira ter despontado um pouco, o tratamento das pessoas não mudou. Isto mostra que não é porque tenho visibilidade que as coisas estão menos difíceis. A luta é cada vez mais forte. Temos que gritar para mostrar que não queremos mais ser tratados dessa forma. Não está fácil para ninguém”, afirmou.
Entretanto, ele finaliza que este é o momento de utilizar as músicas para unir e lutar para que os retrocessos não voltem de uma vez.
“Estamos passando por um momento em que precisamos se autoafirmar. Estamos passando por um período muito difícil, de retrocesso político [referindo-se aos políticos que criticam movimentos sociais, como LGBT e Feminismo]. Porém, quanto mais juntos que a gente estiver e mais unido mais forte será a nossa luta por direitos sejam legítimos. É importante utilizar a arte para mostrar que não estamos sozinhos”.
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