Pouca gente fala do suícidio, mas é uma das coisas que mais mata os jovens brasileiros. A maioria julga bastante aqueles que chegaram a esta situação, apontando que “vão ao inferno”, compartilhando fotos dos casos nas redes sociais e dentre outras coisas. Entretanto, são poucas que tentam ter compaixão de uma pessoa que chegou nessa fase.
Quem comete o ato de se matar quando: acredita que não é forte o suficiente para enfrentar um problema e resolvê-lo, passa a prevalecer um forte sentimento de incapacidade ou incapaz de tolerar a dor emocional que a crise está produzindo.
O ato de retirar a própria vida já registra 1% de todas as mortes de crianças e adolescentes do país. Esse valor, há 30 anos, era de 0,2%. Ou seja, em 1986 esse número era 455 e em 2013 saltou para 788. Portanto, houve um aumento de 63,5%.
Então, surge vários questionamentos: Por que as pessoas estão fazendo isso? O que causa? Sabemos que este número é maior que em países da Europa e na Austrália.
Os dados fazem parte da pesquisa Violência Letal: Crianças e Adolescentes do Brasil. Eles foram compilados pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), um organismo de cooperação internacional para pesquisa. Sabia que o Brasil é o 43º país que mais perdem adolescentes dessa seguinte forma?
O mesmo estudo aponta que quase duas crianças e adolescentes de 9 a 18 anos consumaram suicídio por dia no Brasil, em 2013. Em quase todas as idades (excluindo a de 19 anos), as taxas aumentaram entre 2003 e 2013. Em 2003, a taxa de suicídio na faixa de 9 a 19 anos era de 1,9 em 100 mil; em 2013, a média elevou-se para 2,1.
Os números são do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, que registra suicídios a partir dos 9 anos. Foram mais de 21 mil mortes desde o ano de 1980.
Os índices são relativamente baixos quando comparados a outros países, mas vêm crescendo lentamente ao longo do tempo. Nas comparações internacionais com mais 89 países, o Brasil ocupa a 43ª posição no ranking, com taxa de 0,7 suicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade; a 51ª posição entre os adolescentes de 15 a 19 anos, e a 53ª no conjunto de 10 a 19 anos de idade.
Apesar de a gente não ser o México, primeiro lugar do ranking, o Ministério da Saúde está preocupado com os dados e criam diversas medidas de combate ao suicídio. Em 4 a cada 100 mil habitantes entre 15 a 19 anos resolvem por um ponto final. Apesar disso, no Brasil, os maiores casos são de pessoas entre jovens adultos e pessoas de 45 a 49 anos.
Quando se avalia as tentativas de suicídio, porém, há uma inversão, sendo três vezes mais frequente em mulheres que em homens. Os casados têm taxas de suicídio menores que solteiros, divorciados e viúvos. Vale ressaltar que a proteção oferecida pelo casamento em relação ao suicídio é mais importante para os homens do que para as mulheres. O isolamento social ou as relações sociais conflituosas são encontrados frequentemente nos suicidas. Assim, discórdia familiar chega a aumentar em 20 vezes o risco de suicídio.
Nordeste é a região que mais possuí casos de suicídio entre os jovens
De acordo com o estudo da Flasco, o Nordeste registra o maior número de casos, 297. Depois vem o Sudeste (205), Sul (145), Norte (137) e Centro Oeste (94). Dos estados nordestinos, os maiores casos foi no Ceará e o Rio Grande do Norte registrou apenas 8 casos de jovens entre 1 a 19 anos que resolveram suicidar.
No Brasil, os maiores casos são no Mato Grosso do Sul, Amazonas, Amapá, Roraima e Rio Grande do Sul.
O Rio Grande do Norte, além de não apresentar muitos casos, os dados apontam que houve um decréscimo de -28,2%. Em Natal, entretanto, houve um elevado crescimento das taxas, visto que os números duplicaram entre 2003 e 2013.
Quais são as ações no Brasil?
No Brasil, já se tornou um problema de saúde pública com o registro de aproximadamente 9 mil suicídios por ano ou uma morte a cada hora.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) está atenta a este problema de saúde pública e acredita que poderia ser atenuado, se os profissionais que atuam na saúde mental fossem mais bem capacitados e se os serviços de emergência, funcionassem de maneira adequada. Na área de prevenção é necessário desenvolver estratégias de promoção de qualidade de vida, de educação e de proteção e de recuperação da saúde.
Na área de informação são necessárias ações de comunicação e de sensibilização da sociedade de que o suicídio pode ser prevenido.
O Ministério da Saúde, em 2006, criou uma portaria que cria diretrizes nacionais de prevenção. O órgão considera um problema grave de saúde pública. A portaria foi criada devido o aumento entre jovens de 15 a 25 anos. A portaria pode ser lida neste link.
Fatores
São vários fatores que fazem as pessoas a cometerem este ato, como a falta de aceitação da sexualidade, problemas com o próprio gênero, abusos (físicos ou sexuais), uso de drogas, depressão e dentre outras coisas.
Como saber se seu amigo tem essa tendência? Observe o que ele está colocando nas redes sociais, se passou por perdas recentes ou houve alguma mudança em sua personalidade ou comportamento. Estimule o jovem a procurar um tratamento psicológico ou psiquiátrico.
Grupos de prevenção
Desde 1962 existe o Centro de Valorização da Vida, o CVV. O que ser isso? É uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973, existem vários postos no Brasil. Em Natal, o CVV fica no bairro de Cidade Alta.
São aproximadamente 70 Postos e cerca de 2.000 Voluntários que se revezam para o atendimento 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. Esse atendimento é prestado por telefone (141 para todo Brasil ou nos respectivos telefones de cada posto ), e-mail, pessoalmente nos postos e via chat, sendo a primeira entidade do gênero no mundo a prestar atendimento via chat.
O trabalho consiste no diálogo compreensivo e na doação incondicional do calor humano. O Voluntário trabalha no sentido de compreender a pessoa que procura o CVV, dessa forma, valorizando sua vida. É mantida com as contribuições dos próprios Voluntários e também por doações feitas por pessoas e segmentos da sociedade que reconhecem a importância do trabalho.
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