Nesta semana, um vídeo circulou na internet sobre o caso de uma briga de casal envolvendo uma traição, onde muitos tiraram sarro e outros fizeram mensagens de apoio. Na minha parte, resolvi fazer uma carta aberta para falar sobre o que acho do assunto. Confira:
Cara Fabíola,
Nós não nos conhecemos. Moro no Rio Grande do Norte e você em Minas Gerais. A única coisa que temos em comum é aquele vídeo que lhe mostra sendo pega traindo o marido com o “melhor amigo dele”. Muitos que compartilharam este vídeo para mim acharam aquela situação engraçada, porém não achei e confesso que não consegui assisti-lo todo.
Sobre a traição, acredito que um relacionamento é baseado em diálogo, negociação (como vocês desejam que funcionem este tipo de relação/casamento/namoro/noivado) e amor (diferente de paixão). Caso desses três não aconteçam é melhor partir para outra antes que coisas piores aconteçam.
Infelizmente, nesta parte não poderei te defender, pois acredito que você poderia ter sido mais franca, ser menos fraca nos que os outros vão dizer e lhe chamarem de doida (ex: largar uma relação estável por conta de uma pessoa apaixonada, pois você tem todo o direito de sair de um relacionamento) ou ser menos egoísta, visto que uma traição atinge não só os envolvidos no triângulo amoroso por toda família.
Uma das coisas que mais crítico na roda de amigos são aqueles casamentos que são baseados nas aparências, nos quais os outros não se gostam mais ou apresentam diversos problemas. Enquanto nas redes sociais, eles são lindos e maravilhosos. Sim, a traição não acontece apenas com beijos e penetração, pode ser muito mais além. Algo que fura a confiança das pessoas e outras coisas. Sem contar que nem você e o rapaz que foram traídos não foram nada legais com o teu marido.
Entretanto, a traição pode ser contornada, conversada e resolvida. Os dois podem se perdoar e continuar a vida à dois juntos. Vocês podem se divorciar ou voltar junto. Isso não é crime nas leis dos homens. Sobre a lei divina, aquela proposta na religião, não sou eu, nem o pastor, nem o padre ou qualquer fiel que julgará.
O foco desta carta é falar da parte mais deplorável do vídeo. A humilhação. Sim, você foi humilhada pelo país inteiro, escrachada, não teve algum direito de defesa e o seu então marido a agrediu, ignorou que os dois tinham filhos, pais, tios e outros parentes. Se fosse o contrário, a suposta amante do marido também seria humilhada da mesma forma e iria ter outros xingamentos.
Você está mais famosa, recebe vários memes tirando sarro de sua pessoa e o Brasil inteiro descobriu que é adúltera. O teu amante não lhe defendeu algum momento, você quer uma relação assim, no qual nas piores situações te deixa de lado?
Você foi xingada, humilhada, filmada, agredida e o rapaz não recebeu nenhum arranhão, só o carro quebrado. Então, se você foi corno, larga o relacionamento, pois quem tem vergonha não faz vergonha. Agora, você não sai de casa, sua reputação acabou e que não se sabe quando voltará a ser conhecida por outras qualidades. Ninguém sabe quem é a Fabíola mãe, trabalho ou filha. Só sabem que ela traiu o marido e que merece ser humilhada.
Não acredito que deveremos humilhar os outros pelos seus erros, por pior que sejam.
Será que voltamos ao período da “Letra Escalarte” (livro que li na adolescência)? No qual na época da inquisição a mulher recebia uma roupa escrita adúltera e tinha que andar nas ruas com este traje para sempre. Agora, você precisa ser livre e procurar um relacionamento que te respeita e você seja livre escolher quem queira. Sobre a humilhação, você todo direito de pedir processo por danos morais, porque isso é um crime virtual.
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