Esta ponte próxima da antiga rodoviária e da estação de trem de Natal não está de enfeite e faz parte da história da construção da Praça Augusto Severo, que antigamente tinha um belíssimo jardim botânico, cuja intenção era tirar o pântano causado pelo o rio Potengi. É uma das poucas coisas que mantém a estrutura original da praça.
Esta ponte é favorita para fotos de bandas de heavy metal natalense fazer as suas poses para os seus futuros singles e álbum.
Antes de construir a praça, Natal passava por uma ameaça nos seus problemas comerciais graças aos obstáculos naturais que dificultavam o escoamento de suas mercadorias. Foi o início da urbanização da capital potiguar. Registros de Câmara Cascudo mostram que esta ponte no pântano (feita de bambu) existia há séculos e fazia os natalenses se deslocarem sobre o local, devido aos constantes alagamentos, principalmente durante as marés de janeiro.
A ideia de urbanizar a área já se registrava em 1847, mas somente se concretizou em 1861, quando o presidente da província, Figueiredo Junior, faria a primeira intervenção concreta no espaço, construindo um muro. Também foi feito um aterro entre o terreno e o muro, para preservá-lo da força das águas e permitir mais uma comunicação entre a Cidade Alta e a Ribeira.
Somente em 1904 o Governador Augusto Tavares de Lyra concretizou as reformas idealizadas pelas elites administrativas de Natal. O novo nome do logradouro, antes denominado Praça da República (1901), agora representava um personagem local, Augusto Severo, que já falamos dele neste post.
A Praça Augusto Severo tinha recebido, durante a grande seca do início do século XX, mais de 15 mil retirantes, em uma época que a população de Natal não ultrapassava 12 mil pessoas. Em suma, a população praticamente dobrou. Os “barracões” montados na praça haviam deixado lembranças no mínimo aterradoras: saques, epidemias, mortes, violências, deportações, desespero e fome.
Então, os retirantes foram contratados para ajudar na urbanização do espaço público. O desenho do logradouro foi de autoria do arquiteto Herculano Ramos. O sucesso da construção da praça foi logo constatado pelas inúmeras doações da sociedade natalense, de plantas para ornarem os jardins. Eram palmeiras imperiais, fícus benjamim e oitizeiros.
Os serviços foram imediatamente iniciados. Foi construída um sistema de galerias para escoamento das águas, todas as ruas que contornam a praça pelo norte e pelo poente foram calçadas. Foi instalada ainda, uma belíssima fonte de ferro fundido, de alto valor artístico, que hoje se encontra na Pinacoteca, no bairro de Cidade Alta.
Ainda havendo um canal de cimento e pedra que circulava parte da praça, como uma serpentina, que enchia de acordo com as águas do rio Potengi. Esse canal, era cortado por três pontes rústicas de bambu oriental. Portanto, a ponte que vemos na Ribeira é uma sobrevivente.
Quando a praça virou um jardim botânico, alguns relatos históricos apontam que os casais ficavam lá e faziam eternas juras de amor. A Praça Augusto Severo depois foi reduzida por conta da construção do terminal rodoviário, hoje Museu Djalma Maranhão.
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