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Conheça a pizzaria mais underground da cidade

Dobrando o sinal da Rua Apodi com a Rua Princesa Isabel, facilmente percebe-se um amontoado de pessoas rondando às 21 horas. Porém, o comércio estava fechado e era num sábado. Por que eles estavam ali? A resposta é simples: Porque eles queriam escutar heavy metal e são poucos espaços da cidade são destinados para o…

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Dobrando o sinal da Rua Apodi com a Rua Princesa Isabel, facilmente percebe-se um amontoado de pessoas rondando às 21 horas. Porém, o comércio estava fechado e era num sábado. Por que eles estavam ali? A resposta é simples: Porque eles queriam escutar heavy metal e são poucos espaços da cidade são destinados para o público. Facilmente, você via gente da zona Norte à Sul e da Grande Natal circulando lá no minúsculo espaço.

Quase todos vestidos de preto, com algumas modificações corporais (lê-se piercing, tatuagem e alguns alargadores) bebendo as suas cervejas na rua e escutando heavy metal. Eles estavam tranquilos, felizes e chacoalhando a cabeça ao som de uma banda recifense de metal extremo que estava saindo da Faster Pizza.

Era aniversário de um ano da pizzaria e um diferencial do estabelecimento é receber as bandas underground de Natal. É comum ver shows de punk, hardcore, heavy metal e todas as vertentes que raramente vemos na Arena das Dunas ou Teatro Riachuelo.

Público do Faster Pizza
Público do Faster Pizza

Estava tão lotado e para estacionar o carro tinha duas opções: estacionar no Peter Pan (lava-jato que funciona em 24 horas) ou no final da ladeira onde uns garotos estavam jogando bola na rua e com risco da janela ter uma rachadura em forma de teia de areia. Mas, para escutar música que gosta as pessoas estão dispostas a fazer tudo.

Ao adentrar na casa de número 804, percebe-se que o azulejo do chão são diferentes de um dos outros. De um lado é ilustrado com listras e o outro está pintado de vermelho.

A estrutura da casa, que lembra de muitas casas de avós, não teve muitas reformas, porém a organização a conseguiu deixar bem underground com os grafites e um quadro negro gigante para anotar os pensamentos dos clientes. Se o espaço fosse maior, dava para colocar uma mesa de sinuca bacana. É o único restaurante que funcionava naquele horário no meio da parte residencial da Rua Princesa Isabel.

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Um dos belos grafites existentes no Faster Pizza

– Oi, vocês vão ficar para o show, custa cinco reais – disse o único garçom que fica no local

– Beleza, uma pergunta: Vocês aceitam cartão?

– Sim, nós aceitamos – tira rapidamente uma maquineta de cartão de crédito

– A gente tá comemorando um ano de casa hoje e aí vai ter duas bandas tocando, por isso estamos cobrando a entrada

– Sem problemas

– Daqui a pouco lhe dou o cardápio – correu o garçom para o balcão e entregar umas cervejas para os outros clientes

Os clientes apreciavam a pizza de boas, não precisava comer com garfo e garfa, dava para comer tranquilamente com a mão. Diferente dos outros restaurantes, dava para soltar um papo com as pessoas vizinhas à mesa onde sentado.

– E aí? Quanto tempo? Quer uma dica? Coma pizza vegetariana, ela é muito boa, a melhor da casa- dizia meu amigo Bruno, que havia acabado de encontrar no meio da casa, com uma cerveja na mão e é um frequentador do local, que estava lá bem mais cedo.

– Beleza, a gente vai dar uma olhada no cardápio!

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Sim, o local tem Wi-Fi

Os assuntos perto da mesa onde estava era eclético. Tinha um cara contando que como o pai dele era militar teve que morar em Carnaúbas dos Dantas, Macau, Currais Novos, Natal e uma porrada de cidades do interior do Rio Grande do Norte. Outros estavam criticando o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e uns estavam curtindo a banda.

– Putz, os caras ganham mais de 200 mil reais e querem julgar as coisas do Brasil, isto que é uma palhaçada

– Pode crer, doido

– Enquanto isso os funcionários públicos normais estão se lascando – disse um dos clientes entre umas baforadas de cigarros e outras.

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O garçom, coitado, corria de um lado e do outro para atender os clientes. Peguei a minha pizza direto do balcão, paguei adiantado e uns 20 minutos voltei para pegar a comida.

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O Balcão

As pizzas são baratas e tem todos os tipos de sabores. A minha custou, em média, 25 reais. O catchup que oferecem é ótimo. Enquanto eu soltava um papo com dois rapazes, enquanto pedia guardanapos e molhos para colocar na minha pizza.

Depois de um longo tempo, eu volto para o balcão para tirar algumas fotos. Meu amigo me ver e manda eu tirar a foto da pizza vegetariana.

– Tira a foto e pode colocar no Brechando! Esta pizza está muito boa.

A pizza vegetariana!
A pizza vegetariana!

Não podemos terminar o texto falando de como era o show. A apresentação da banda acontecia no fundo da casa, um espaço minúsculo e escuro, mas que dava para fazer uma boa roda de polga, todos disputando para ver e ouvir a banda. A galera estava até animada, balançando muito a cabeça e tinha vários curiosos assim como eu, que estava fotografando todos os detalhes da pizzaria mais underground da cidade.

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Era uma banda saindo e outra chegando com os seus materiais, tudo isso feito em uma questão de minutos. Alguns chegavam até guardar o material em um quarto que fica perto do balcão. E é isso a descrição da pizzaria Faster, a mais underground da cidade. O álbum de fotos pode ser conferido a seguir:

Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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