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Crônica: E os namoradinhos?

E os namoradinhos

E os namoradinhos? Rapaz, sempre me perguntam isso no Natal, principalmente quando chego perto dos 30 anos. Argumentam que é preocupação com meu relógio biológico, mas sabem que não tenho relacionamento sério há dois anos e sempre querem saber da minha vida. Estou no momento profissional mais bonito, sendo capaz de responder pelos meus atos…

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E os namoradinhos? Rapaz, sempre me perguntam isso no Natal, principalmente quando chego perto dos 30 anos. Argumentam que é preocupação com meu relógio biológico, mas sabem que não tenho relacionamento sério há dois anos e sempre querem saber da minha vida. Estou no momento profissional mais bonito, sendo capaz de responder pelos meus atos e consigo pagar minhas contas. 

Toda vez que me perguntam sobre namoradinhos, eu fico igual o Zeca Pagodinho com o João Dória. Enquanto eu estou escrevendo, escuto o “Remonta” de Liniker, que fala de desamores, hoje vejo que foi uma das melhores escolhas foi afastar de namoros tóxicos.  O amor pode ser leve, as pessoas que dificultam e eu não quero um relacionamento para ficar bonito na ceia de natal. 

Dezembro chegou e o sentimento de fim de ano não é mais de ansiedade pela festa e dos presentes, mas o sentimento de que estou com a saúde mental mais estabilizada do que nos outros anos.

E, o mais importante, estou viva. Apesar de que a vida está me dando plot twists gostosos, mas isso é assunto para outras crônicas.

Agora sei o real problema e tenho conhecido mais o meu corpo para que não possa surtar ou que este seja o mais brando possível. E esta missão até que está sendo possível.  E ainda desejo pessoas que me aceitem ou sabem me ler inteira. Minha personalidade limítrofe é desse jeitinho e é muito libertador reconhecer que posso procurar um caminho melhor tanto para minha mente como também para meu empoderamento de fazer o que quiser, como quiser e independente se eu seja mulher.

Pena que essa amarra ainda está em amigas e colegas, que muitas vezes são submetidas em relacionamentos por conveniência e o amor que não existe, apenas abuso. Além disso, tem que aguentar todas as mães, tias e avós perguntando o tempo todo sobre os namoradinhos, como se tivesse a obrigação de ter um diário oficial para falar que alguém fez licitação com meu coração.

Elas não perguntam se estou feliz, se estou com amigos que me apoiam ou o que música de Maria Bethânia que eu gosto. Parece que as pessoas precisam seguir as mesmas frustrações para se sentirem um pouco melhor. Quero mergulhar no amor novamente, mas desta vez sem muitas cobranças e mais afetos. O cálculo tem que somar. 

Enquanto escrevo este texto, o lado A do disco que escuto acabara, hora de mudar. Assim como é o momento ideal de obter conhecimento pessoal, profissional e mental. Permitir, sem roteiro. 

Hoje, posso responder no Natal a pergunta sobre os namoradinhos sem alguma culpa ou rir disso. Portanto, parentes, perguntem se estou feliz. 

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Desenho do ilustrador Um Samurai

Lara Paiva é jornalista e publicitária formada pela UFRN, com especialização em documentário (UFRN) e gestão de mídias sociais e marketing digital (Estácio/Fatern). Criou o Brechando com o objetivo de matar as suas curiosidade e de outras pessoas acerca do cotidiano em que vive. Atualmente, faz mestrado em Estudos da Mídia, pela UFRN e teve experiência em jornalismo online, assessoria de imprensa e agência de publicidade, no setor de gerenciamento de mídias sociais.

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