Matéria da vila que foi Casa de Café Filho apareceu pela primeira vez na primeira edição da Revista Brechando, novembro de 2018. Foi o dia que eu e Ayrton Alves visitamos a casa na cara e coragem, no qual fomos recepcionados muito bem pelos moradores.
Com sérios sinais de desgaste, a Casa de João Café Filho localizada no bairro da Ribeira há anos se transformou em uma vila. O Brechando resolveu, portanto, entrevistar os moradores.
A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889, onde o Brasil deixou de ser uma monarquia imperialista e virou uma República com um presidente como chefe de Estado. No mesmo ano nasceria um de seus futuros presidentes, o Café Filho, no dia 3 de fevereiro.
Muitos falam de Café Filho como presidente da República, político, sindicalista e jogador de futebol do Alecrim, mas poucos esquecem as suas marcas registradas por Natal. Nas ruas do tradicional bairro da Ribeira foi onde João Fernandes Campos Café Filho cresceu, morou e estudou nas principais escolas da capital potiguar, mesmo tendo morado em Recife e no Rio de Janeiro, a sua vida política foi toda feita no estado de formato de elefante.
Potiguar na presidência
Se tornou presidente da República após o suicídio de Getúlio Vargas, no ano de 1954 e saiu no ano de 1955 por motivos de saúde.
A casa onde passou boa parte de sua vida ainda está de pé no bairro citado, numa rua chamada Quinze de Novembro (coincidência ?), mais precisamente em uma perpendicular na Avenida Duque de Caxias; principal via da região com a Rocas, Santos Reis e Cidade Alta. Uma das curiosidades é que a rua, antigamente, se chamava Rua do Triunfo, segundo a autobiografia do político.
Quase 130 anos depois, a casa branca com um brasão gigante na entrada ainda se mantém, apesar da aparência desgastada e restando apenas uma porta de entrada e uma cerca elétrica.
A casa hoje
Hoje, o atual proprietário, que não pertence aos familiares do ex-presidente morto em 1970 (os netos e bisnetos de Café Filho moram no Rio de Janeiro), transformou a casa em uma vila, abrigando em torno de 10 pessoas.
Embora tenha sofrido deveras modificações, como a retirada de janelas e modificações porta principal, o piso ainda continua sendo do século XVIII, além das portas dos quartos, que virou uma espécie de kitnet para as famílias que pagam o aluguel todo mês, sendo que o banheiro fica no quintal da casa, junto com a lavanderia e mais dois quartos ao fundo, sendo um interditado pela Defesa Civil de Natal após a estrutura do prédio na Duque de Caxias ter caído e derrubado o telhado de um dos quartos.
E como ficou a casa?
O Brechando foi saudado pelo mascote da vila, o Pedro Henrique, um cachorro vira-lata, simpático, com apenas um olho e resgatado pelo pedreiro José Soares, pernambucano que mora na vila há mais de 20 anos, no qual conta como é um pouco morar no local e tenta nos ajudar a mostrar como essa casa histórica é uma vila.
“Gosto de morar na Ribeira, porque aqui é perto de tudo, só preciso subir uma ladeira para resolver todos os meus problemas”, comentou o José, que veio para Natal após ter separado de sua esposa em Recife. “A cachaça atrapalhou o nosso relacionamento e causou as nossas brigas. Preciso falar dos meus erros, pois não sou santo”, lamentou o senhor com quase 60 anos.
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