A transposição do rio São Francisco tem como objetivo inicial de fornecer água para cidades do sertão nordestino. Entretanto, algumas mudanças ambientais já estão acontecendo, uma vez rios antes temporários, cujas águas secam durante os períodos de estiagem, devem passar a ser perenes.
Entretanto, as mudanças também causa problemas, principalmente com os peixes. O pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Márcio Joaquim Silva, desenvolveu um artigo cientifico apontando as mudanças no rio São Francisco. Além do doutorado na UFRN, ele leciona na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Seu artigo apareceu em revista científica
O artigo de Márcio está na revista científica Neotropical Ichthyology. Intitulado Freshwater fish richness baseline from the São Francisco Interbasin Water Transfer Project in the Brazilian Semiarid. Em tradução livre, todavia, significa “Linha de base da riqueza de peixes de água doce do projeto de transposição de águas do São Francisco no Semiárido brasileiro”.
O artigo tem o apoio de outros professores. No documento, houve comparações entre São Francisco e rios que receberão estas águas, sendo dois potiguares, o Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu e Paraíba-do-Norte.
De acordo com os resultados, os pesquisadores registraram um total de 121 espécies nas cinco bacias hidrográficas avaliadas, no entanto, somente 36 tem em todos os rios como objeto de estudo.
Peixes ameaçados em extinção
Além disso, constatou que o recebimento das águas do São Francisco e, por conseguinte, a alteração dos rios ainda causam a extinção de, no mínimo, cinco espécies. Assim, os riscos a que se expõem as espécies nativas, naturalmente acostumadas aos períodos de estiagem e consequente seca, podem não existir mais.
Como resultado, as mudanças tendem a ser mais prejudiciais à população aquática dos rios receptores dessas águas, podendo, inclusive, levar ao desaparecimento de certas espécies. Ainda mais, o pesquisador constatou que rios que tiveram transposição na África também passaram por situação similar.
Como evitar a extinção destes peixes
Para o licenciamento da obra, previa a instalação de estruturas para que os animais não fujam de seu rio de origem. No entanto, há relatos de presença de espécies que antes não ocorriam em determinadas localidades. Assim, comprova o mau funcionamento ou a ineficácia das atuais medidas de proteção. Diante desses cenários, Márcio Silva aponta possíveis soluções para a minimizar os efeitos dessas mudanças ocasionadas pela transposição das águas.
Uma destas soluções seria a implantação de mais camadas de proteção e instalação de barreiras antes de todas as estações de bombeamento, sejam tomadas.
No meio da pesquisa, também descobriu nova espécie de peixe potiguar
A pesquisa também descobriu as espécies de peixes que ocorrem na Caatinga e identificou quais lugares que podem está em perigo de virar deserto. Além disso, descobriu novas espécies de peixes. Um deles é o Hypostomus sertanejo, na bacia do rio Jaguaribe, no Cearpa, e Parotocinclus seridoensis, na bacia do rio Piranhas-Açu no Rio Grande do Norte.
Sim, o nome seridoensis no peixinho não foi por acaso, visto que as margens do rio Piranhas-Açu começa na região do Seridó, no qual uma das cidades mais famosas é Caicó.
Pesquisa faz parte de estudo sobre a Caatinga
Além da UFRN, a pesquisa contou com o apoio de mais seis universidades e faz parte de uma pesquisa ambiental sobre a Caatinga do Nordeste.
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