Matusalém é um personagem bíblico do Antigo Testamento, conhecido por ser o que teve mais longevidade de toda a Bíblia, pois teria vivido por 969 anos. Filho de Enoque, pai de Lameque e o avô de Noé, o mesmo que fez a arca que abrigou todos os animais em um dilúvio. No Rio Grande do Norte temos um Matusalém, que não tem 900 anos e sua grafia é com a letra Z. Portanto, se escreve Matuzalém e ele agiu como Davi ao enfrentar um gigante Golias, chamado Federação Internacional de Futebol, conhecida mundialmente pela sigla Fifa e vamos contar a sua história a seguir.
Na Justiça da Suíca ele consegiu garantir o seu direito de continuar sendo jogador, o que a entidade queria negar. O resultado é considerado histórico e um golpe no que o tribunal chamou de ‘caráter abusivo da entidade máxima do futebol’.
Francelino Matuzalém da Silva nasceu em Natal e aos 15 anos deixou a cidade para jogar na base do Vitória. Em 1999, ele partiu para Europa onde jogou em vários clubes europeus, em destaque os italianos Napoli e Parma. Em 2009 jogava no Shaktar Donetsk da Ucrânia, mas rompeu seu contrato com o clube, abandonou o país e foi jogar no Real Zaragoza, na Espanha. No mesmo ano, o clube espanhol e o brasileiro foram condenados a pagar € 12 milhões como pena pela transação ilegal. Em 2010, diante do fato de que o dinheiro não havia sido depositado. A Fifa então estabeleceu mais uma multa e deu um prazo para seu pagamento. Se isso não ocorresse, o brasileiro estaria impedido de voltar aos campos de forma profissional pelo resto de sua vida.
O caso chegou ao Tribunal Arbitral dos Esportes, que deu ganho de causa para a Fifa. Os advogados do jogador decidiram ir além e, num gesto raro, questionaram a decisão na corte comum suíça. Então foi parar no Tribunal Superior, o equivalente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil. Assim, no ano de 2012, corte máxima do país determinou que a Fifa havia sido abusiva em sua punição e revogou a decisão do Tribunal Arbitral dos Esportes, uma decisão ainda mais rara.
Para os juizes, a pena foi “incompatível com a ordem pública”. De acordo com o tribunal, a lei da entidade máxima do futebol foi um “atentado grave contra os direitos da pessoa” e que penalidades por conta da violações de contrato devem ter limites. Pela determinação dos juízes suíços, Matuzalém ficou “livre para arbitrar” em relação ao local onde jogará e que sua “liberdade econômica será ilimitada na medida que as bases de sua existência econômica seja colocada em risco”.
A decisão marcou uma transformação radical nas leis da Fifa e uma derrota para o poder ilimitado de clubes sobre seus jogadores. Em 2018, ele se afastou dos gramados e no ano passado foi reportagem no Globo Esporte daqui (a foto que coloquei nesta postagem foi de lá) , onde contou o seu retorno à capital do Rio Grande do Norte, a entrevista você confere neste link.
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