A tarde desta segunda-feira (12) foi marcada, para os fãs dos quadrinhos, com muita tristeza, uma vez que o Stan Lee, criador do universo do selo Marvel faleceu aos 95 anos (ele não criou a Marvel, mas o conceito que fez o selo a ficar famosa quando foi editor-chefe).
Nasceu em Nova Iorque no ano de 1922, no mesmo período começavam os estudos na Alemanha no qual formaria sobre a Escola de Frankfurt e os estudos da Indústria Cultural, no qual estudavam elementos como o rádio e quadrinhos na ajuda na formação de uma população. Sim, indiretamente (ou diretamente ?), Lee utilizou os quadrinhos para fazer não só críticas sociais, mas também mostrar que por meio da diversão de comprar HQs e filmes podem ajudar as pessoas a abrir a sua mente.
Se for assim, Adorno e Horkheimer concordariam que a sociedade pode ser movida e moldada através dos Meios de Comunicação..
Foram nos quadrinhos que foi discutido sobre bullying, conceitos de famílias diferentes (Vai dizer que Peter Park, Tia May e Tio Ben estão inclusos na família tradicional norte-americana ?), sobre o que é ser diferente e as diferenças entre ser o correto e justo (Alô, “Guerra Civil”).
Após a mudança do nome da editora, primeiro para Atlas Comics, e depois para Marvel Comics, Lee revolucionou o mercado de quadrinhos ao modernizar o gênero de heróis com criações para um público mais velho, como o lançamento de “Quarteto Fantástico”. Com dramas familiares e heroísmos que utilizavam elementos de ficção científica, as histórias ajudaram na fama de personagens mais complexos e realistas da Marvel em relação à sua principal concorrente, a DC.
O que diferenciava? Seus heróis tinham um temperamento ruim, ficavam melancólicos, cometiam erros humanos normais. Preocupavam-se em pagar suas contas e impressionar suas namoradas, e às vezes ficavam até doentes fisicamente. Os super-heróis de Lee capturaram a imaginação dos adolescentes e jovens adultos, e as vendas aumentaram drasticamente. Tem gente que se identifica com a autoestima do Tony Stark, a rebeldia do Wolverine, ser malandro como Deadpool ou ser temperamental como o Hulk.
A identificação social foi o que moveu a Marvel crescer, no qual mesmo mostrando a realidade de forma pesada, dizia-se que no final tudo terminaria bem.
Além disso, ele também tinha uma grande consciência de classe, no qual ele apoiava os lugares dos outros e também tentava, na medida do possível, desenvolver um lugar de fala, através de seus heróis, sempre utilizando metáforas. Em 1963, com a cabeça no movimento por direitos civis de negros no Estados Unidos, liderado por Martin Luther King, lançou os X-Men, uma equipe de mutantes que eram marginalizados e hostilizados pelos humanos.
Nos últimos anos, Lee tornou-se um ícone e a cara pública da Marvel Comics. Fez aparições em convenções de histórias em quadrinhos pelos EUA, palestrando e participando em discussões. Mudou-se para a Califórnia em 1981 para desenvolver as propriedades de televisão e filme da Marvel, além de ficar conhecido por fazer inúmeras aparições nos filmes dos seus heróis. Sem contar que os quadrinhos da Marvel estimularam outras pessoas a criarem os seus próprios trabalhos, estimular o crescimento na profissão do quadrinista e vários artistas já declararam a influência da obra de Lee em seus trabalhos.
O legado dele na Marvel vai continuar, principalmente defendendo as causas das minorias, no qual alguns quadrinhos já mostraram um Homem-Aranha Negro, Beijo entre pessoas do mesmo gênero, o machismo, relacionamento abusivo (assistam Jéssica Jones) e dentre outros assuntos que estão no nosso cotidiano e a gente quer insistir em esconder a poeira para de baixo do tapete.
A morte de Stan Lee não é o fim dos quadrinhos, mas a continuação de um legado social que a arte dos HQs continuam oferecendo.
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