O Coco de Zambê foi uma tradição inserida no universo dos engenhos de cana de açúcar e localidades pesqueiras, trazidos através de africanos escravizados e criando um sincretismo com culturas brasileiras. A maioria dos engenhos de açúcar existentes no Rio Grande do Norte ficam na região onde atualmente ficam os municípios de Tibau do Sul e Baía Formosa.
Estudiosos como Câmara Cascudo e Mário de Andrade estudaram esta dança no século XX.
Se trata uma dança de canto improvisado ou previamente ensaiado, ritmados por instrumentos denominados “zambê” e “chamá”, tambores de pau furado cobertos com couro de animais.
Para esta dança acontecer, forma-se uma roda onde os tocadores ocupam uma posição central, e nela somente homens podem participar, entoando cantos enquanto os brincantes se revezam na entrada da roda, executando passos que lembram capoeira, afoxé e frevo, numa agilidade de movimentos e performances frenéticas. Um de cada vez, se dirige ao “chefe” fazendo reverência ao tambor, que possui um papel fundamental, e logo em seguida dirigem a outro dançarino com cumprimento de umbigada, convidando-o a entrar a roda.
Ocorre geralmente no mês de São João, mas também serve como comemoração a grandes colheitas e pescas, sendo uma forma de diversão após longas jornadas de trabalho.
O zambê aparece de forma intensa nas narrativas relacionadas ao passado e ao presente de Sibaúma, comunidade quilombola localizada no litoral sul do estado, próximo da Barra de Cunhaú, tornando-se um elemento indicativo de pertencimento étnico, ligado a ancestralidade negra local. O grupo é reconhecido como remanescente de quilombo , e passa pelo processo de regularização territorial.
O coco de zambê é apresentado como uma espécie de atestado de ancestralidade do grupo; além disso, depois de um longo período de abandono, a dança passa a ser revitalizada e instrumentalizada por uma parte do grupo paralelamente às reivindicações pelo reconhecimento quilombola.
Confira o vídeo a seguir:
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