Natal, vinte e três de dezembro, quinze horas.
Bom, eu já estava cheia de problemas, resolvi as últimas pendências do meu trabalho antes de entrar em recesso. Enquanto o Brechando estava fora do ar e vai ficar com essa instabilidade até sábado (25), uma vez que tive que fazer alterações no servidor do site. Procurei soluções rápidas sobre o que eu não podia fazer.
Assim, eu resolvi procurar pauta enquanto eu estava em off, pelo menos pelo site. Poderia falar e falar da triste aprovação do Plano Diretor de Natal. Além disso, pensei em fazer um artigo sobre como a orla cheia de arranha-céu será prejudicial às dunas. Mas, resolvi falar da festa de natal.
Um natal mais pobre
Andando pela Cidade Alta, maior centro comercial de Natal, eu vi uma cidade pobre. Pobre, no sentido de falta de poder de compra. Os estacionamentos estavam cheios, mas as lojas eram vazias e com pouca gente. Dia estranho, pois 24 de dezembro batera na porta, festa natalina e era todo mundo estaria com a vibe para comprar um presente legal. Mas, não, só via pessoas agoniadas, tristes e procurando o mais barato. Mas, os bancos estavam lotados. Acho que era para pedir empréstimos ou negociar dívidas.
O palco da Prefeitura do Natal, na rua João Pessoa, estava com gatos pingados, enquanto o gabinete comemorava a vitória da especulação imobiliária. Eles vão deixar os pobres cada vez mais sem acesso ao lazer, moradia, cultura e educação, pois os prédios encobrirão Brasília Teimosa, Mãe Luíza, Vila de Ponta Negra e outros aglomerados urbanos que “enfeiam” à cidade. Uma faxina social. Querem mostrar que somente a galera rica que pode morar em frente ao mar, enquanto o povão tem que pagar para ter acesso. Além disso, ainda tem risco de que as casas desse pessoal serem desapropriadas para dar lugar aos condomínios de luxo.
O prefeito segue a linha do que Dominguinhos já cantara:
Quem é rico mora na praia
Mas quem trabalha nem tem onde morar
Quem não chora dorme com fome
Mas quem tem nome joga prata no ar
Ninguém quer mostrar que o pobre é beneficiado por morar na praia, contrariando o que Fagner interpretara antes de ser do lado minion da força. Os prédios vão desabrigar gente que formou lares e migrarão para a periferia. Eu vi isso já neste 23 de dezembro e isso vai piorar cada vez mais nos próximos 10 anos.
É Natal mesmo né?
Ao mesmo tempo a galera estava desanimada. Nem parecia um dia que era antes da véspera de Natal. Quando eu pensava em vinte e três de dezembro eu pensava em lojas superlotadas ou gente andando em aperto em alguns lugares outros não. Por exemplo, encontrar estacionamento ainda continua sendo uma missão de chefão de um videogame, mas ao caminhar me alternara entre lojas com placas de vende-se e outras vazias.
Só estavam cheias apenas que forneciam produtos mais em conta, como cosméticos e roupas. Apenas produtos de consumo não duráveis.
As pessoas só queriam camelôs, mais do que marcas. Isso é estranho, não parece Natal e muito menos o Brasil, as pessoas estão tristes e só ouvia frases, como:
“Está muito caro”
“Só tenho pix”
“Parcela?”
“Tem o mais barato?”
“Nem vai dar para comprar”
Eu não sei como será o ano de 2022, eu espero que o Natal desse ano dê um pouco de esperança para aqueles que estão ainda em dúvida de se vamos dar a volta por cima.
Feliz natal a todos.
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